quinta-feira, 28 de agosto de 2025

The Economist: o que o Brasil pode ensinar

A poucos dias do julgamento de Jair Bolsonaro e sua corriola golpista, eis que uma das mais prestigiadas revistas do primeiro mundo traz em sua última edição valiosa matéria de capa sobre a política brasileira e o que, em editorial, considera uma verdadeira lição de democracia que o país dá aos Estados Unidos.
Não é pouco. A The Economist, ao lado de ser, como dissemos, uma publicação importante e extremamente lida (algo em torno de dois milhões entre Europa e Estados Unidos) sob nenhum aspecto pode ser classificada como progressista, pelo menos no sentido político-ideológico. Antes pelo contrário, sua linha editorial sempre esteve alinhada com o liberalismo clássico, favorável ao livre-comércio e aos mecanismos de globalização tradicionais. Destina-se, por isso mesmo, a um público altamente qualificado do ponto de vista intelectual e econômico, executivos influentes e elite financeira dos grandes centros do capitalismo contemporâneo.
Essas informações, faço questão de deixar evidenciado, têm por objetivo afastar a tortuosa ideia de que a extrema direita brasileira esteja sendo objeto de perseguição, a exemplo do que afirma o presidente norte-americano Donald Trump na intenção de justificar o tarifaço aplicado contra exportadores brasileiros.
Já no seu editorial, intitulado "Brasil dá aos Estados Unidos lição de maturidade democrática", a revista diz que o processo de investigação levado a efeito contra o ex-presidente, na contramão do que professa "a esquerda americana" (sic), revela maturidade democrática.
"Os Estados Unidos estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários --- com Donald Trump, esta semana, mexendo com o Federal Reserve (Fed) e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia, diz a revista.
Mais: The Economist rotula Jair Bolsonaro de "Trump dos trópicos", e considera que o ex-presidente e seus aliados deverão ser condenados. Numa percepção que reflete a consistência de sua opinião, acrescenta que o plano contra a democracia brasileira "fracassou por incompetência" e "não por intenção".
Para a prestigiada revista londrina, parte numericamente dominante dos brasileiros, inclusive partidos de cartilhas divergentes, à esquerda e à direita, está convencida de que Bolsonaro significou um grande mal para o país. E conclui asseverando que o Brasil representa "um caso de teste de como os países se recuperam de uma febre populista".
No momento em que o deputado Eduardo Bolsonaro, atormentado pela proximidade do julgamento de seu pai, ameaça expandir suas ideias delirantes para o continente europeu, numa ação que diz ser "o golpe definitivo" contra Alexandre Moraes, a publicação de matéria sobre a conclusão do processo contra Jair Bolsonaro e seus apaniguados, pela The Economist, materializa a opinião internacional acerca do que vem ocorrendo no Brasil hoje.
Não é pouco, reitero. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Pra não dizer que não falei de política*

"A ignorância está na origem das superstições e de todos os outros males da humanidade". Disse-nos Epicuro (341-270 a.C.).
Por WhatsApp, recebo de leitor uma mensagem curiosa: "Leio com profundo interesse seus textos. São bem escritos e exploram temas que despertam a vontade de lê-los com prazer e atenção". Mensagem elegante e elogiosa, como se vê, não fosse o MAS que causa desconforto a qualquer escritor: "... gostaria de saber por que deixou as questões políticas de lado? É mais cômodo?"  A mensagem subliminar é clara: "O que está por trás de sua omissão?" (palavras minhas). Necessário esclarecer ou não, faço-o imbuído dos melhores propósitos, sobretudo em respeito ao referido leitor. Vamos lá.
Ao optar por dar ênfase à questão cultural, proporcionando aos leitores minha humilde contribuição no sentido de despertar e/ou fomentar o interesse pelas artes em suas diferentes linguagens --- cinema, teatro, música e, em especial, a literatura ---, não estou incorrendo em qualquer tipo de omissão, uma vez que são evidentes as minhas posições políticas e ideológicas, mesmo quando me dedico a falar daquilo que, aos olhos de muitos, parece não ter um interesse "prático" ou exercer o que, na falta de melhor expressão, poderia definir aqui como "função social". A Arte, por exemplo.
Querido leitor. Desarmado e inconscientemente omisso (indiferente, digo melhor!), é aquele que ignora a importância da cultura, que desconhece o passado da civilização em que vive, que não tem uma postura crítica do presente, que não vê que a Arte, não sendo o único instrumento de politização das pessoas, é por certo o mais eficiente, pois que seu poder didático é que justifica, para ficar num exemplo, o que fez Paulo Freire em Angicos, associando a seu método de alfabetização elementos da cultura popular nordestina, o teatro, a dança, os folguedos populares e suas manifestações estéticas.
É a falta de cultura de grande parte da população, a que se soma o oportunismo de setores perversos de nossa elite econômica e social, que quase levou o país ao desastre, e que ainda ameaça de forma preocupante a sua soberania, os valores do Estado Democrático de Direito, as liberdades essenciais de nosso povo.
É a falta de cultura que faz com que tantos brasileiros não pensem com sua própria cabeça, que se submetam ao fanatismo religioso mais delirante, que elejam falsos messias e políticos que se vendem como salvadores da Pátria, "mitos" de barro, ancorados em mentiras e desfaçatez.
Brecht estava certo: "Infeliz de um povo que precisa de heróis". É olhar para o passado e ver o que fez Hitler, na Alemanha; o que fez Stalin, na Rússia; o que fez Mussolini, na Itália; o que, nos dias de hoje, faz Trump nos Estados Unidos --- e quer fazer no mundo.
É a falta de cultura, de escolas, de acesso facilitado ao teatro, ao cinema, aos espetáculos artísticos em grande escala, a inexistência de bibliotecas e do hábito de ler, o que leva multidões às praças para pedir a volta da ditadura, e pessoas a bater continências para pneus e entrar em transe diante de Malafaia e outros "malas", filhotes ignaros do fascismo mal disfarçado e mais asqueroso.
Querido leitor. Não existe meio mais eficaz, para que um povo descubra a sua real identidade, que valorizar a cultura, o patrimônio intelectual e artístico de seu país e do mundo, agora muito mais, quando as fronteiras se diluem e a globalização, com as mais desencontradas implicações, é viagem sem volta.
Por isso mesmo, concluo, é que tenho tentado destinar a ex-alunos, professores, e a todos os interessados por cultura, minhas crônicas semanais, despertando-lhes a curiosidade e o desejo de conhecer melhor o que dizem os filmes, os livros, os espetáculos do teatro e da música, a vivenciar a experiência e a emoção estética, a contemplar o belo que "haverá de salvar o mundo".
De uma vez por todas, entenda, a cultura é a mais poderosa e a mais eficaz das armas políticas.
 *O título ecoa composição clássica de Geraldo Vandré.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Pequenos milagres do amor

Amor me move: só por ele eu falo. Dante (1265-1321), Divina Comédia.

Em sua bela autobiografia Viver para contar, Gabriel García Márquez traz em epígrafe uma afirmação bastante curiosa: "A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la."
Prestes a começar um livro de memórias, vacilei, entre empolgado e inseguro. Achava um desafio tentar resgatar da mente já embotada acontecimentos tão distantes, agora que estamos em 2025.
O livro do escritor colombiano, assim, foi decisivo para que eu tivesse o atrevimento de produzir essas minhas memórias. Sem estrutura definida, sem o rigor assente em alguns clássicos do gênero. Não, não. Que saíssem essas recordações em absoluta afinação com a etimologia da palavra, isso me bastava. Do latim re + cordari: trazer de volta ao coração. E que o leitor, se houvesse, percebesse que o livro foi se compondo ao sabor das lembranças acidentais, da pequena chama que se acende na mente e no coração, quando, por exemplo, somos 'tocados' pelo perfume de alguém, pela música que por alguma razão marcou nossa vida, ou por depararmos, sem explicação, com fotos de uma viagem, de um lugar ou de alguém que, um dia, amamos mais do que nos fora dado amar.
Assumo que sou um saudosista, e que tenho uma tendência irrefreável para valorizar o passado, não de forma piegas, fechando os olhos para o caminho que se estende à frente, lamentando o que podia ter feito e não fiz. Nunca. Mas gosto de lembrar passagens, momentos de minha vida, lugares em que estive neste mundo vasto, como quis Drummond, sozinho ou na companhia de pessoas que enriqueceram minha história com a força de suas presenças.
Gosto do gênero. Memórias, biografias, autobiografias, diários. Leio sempre, de Jorge Amado a Rosa Montero, de Joel Silveira a Simone de Beauvoir. Agora, por último, li algumas autobiografias interessantíssimas: As curvas do tempo, de Oscar Niemeyer; O teatro e eu, de Sérgio Brito; Memórias de um intelectual comunista, de Leandro Konder; o extraordinário Meu último suspiro, de Luiz Buñuel, A soma dos dias, de Isabel Allende, e, ainda quentinho, em nova edição, De menino a homem, de Gilberto Freyre.
Acho uma experiência curiosa essa de voltar um pouco no tempo, de revisitar o passado.
Talvez por isso Ouro Preto, e algumas outras cidades do circuito histórico de Minas, estejam entre as viagens inesquecíveis. Entre 1979 e hoje, fui diversas vezes às cidades históricas mineiras, de cujas viagens, era minha intenção, resultaria um trabalho sobre o barroco brasileiro, tomando por base o acervo de Minas Gerais. O tempo passou e pouco escrevi sobre isso, um ou outro artigo, um ensaio numa especialização na PUC, e só. Em meio aos registros, pequenas anotações em agendas e papeis esparsos, dos quais tiro muitas das referências de que se compõem minhas recordações, deparo, a cair de entre as páginas de um livro, com um esboço do que seria um artigo sobre Os profetas de Congonhas do Campo.
Coisa do talvez ou do quem sabe, um sinal sonoro leva-me a abrir o display do celular em que me chega uma mensagem do Saulo, meu filho, a cujo texto se soma uma foto. No adro da Igreja de São Francisco, em Ouro Preto, sentados à mesma mureta em que fotografei seu pai muitos anos atrás, aparecem, lindos e amados, meus netos Saulo Filho e Luiza.
Coincidências que dispensam explicação. Pequenos milagres do Amor.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Livro de uma vida toda

"Ora, se deu que chegou/(isso faz muito tempo)/no banguê do meu avô/uma negra bonitinha/chamada negra Fulô". JORGE DE LIMA.

Prêmio após prêmio, a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz vai se consolidando nos meios acadêmicos brasileiros (e fora deles, destaque-se) como um dos nomes mais importantes do pensamento contemporâneo. Membro da Academia Brasileira de Letras e autora de livros já reconhecidos clássicos e indispensáveis para a compreensão do que se poderia considerar o caráter nacional brasileiro, a autora de "As barbas do imperador" é contemplada agora com o Jabuti Acadêmico, categoria História e Arqueologia, pela publicação de "Imagens da branquitude, a presença da ausência" (Companhia das Letras, 2025).
Considerado pela própria autora como fundamental no conjunto de sua vasta e incontornável obra, "livro de uma vida toda e virada cognitiva", como afirmou a este colunista, o livro premiado excede aos limites estabelecidos em padrões convencionais da pesquisa no campo da investigação do sistema de privilégios materiais e simbólicos que permeia a formação de uma sociedade marcada por imensas contradições. É que Lilia Schwarcz, em nova chave, aprofunda o que em livros anteriores, em artigos e conferências ministradas nos últimos anos, pode-se definir como análise e interpretação de parte expressiva do acervo iconográfico brasileiro (imagens, gravuras, fotos e outras representações visuais) através do qual se construíram, no que toca à questão racial, nossa história e nosso imaginário. 
É fato, sob este aspecto, que, à Lilia Schwarcz, desde os primeiros livros, os significados ocultos, o significante "invisível" de nossa produção iconográfica, sempre despertaram um grande interesse, a exemplo do que se pode perceber, por outros ângulos e métodos de análise, no seminal "O sol do Brasil" (Companhia das Letras, 2008), livro no qual se debruça sobre a figura de Nicolas-Antoine Taunay e outros artistas franceses no Rio de Janeiro no início do Oitocentos.
Nesse livro, cabe ressaltar, verdadeiro exemplo de como se deve escrever a história da cultura, nas palavras de Alberto da Costa e Silva, a presença dos escravos em meio a paisagem da cidade e nos registros iconográficos constituiria um capítulo à parte, como a declarar o inegociável compromisso da historiadora no debate sobre a questão racial no Brasil a partir de então.
Reportando-se à importância desse livro notável, acrescento, Alberto da Costa e Silva ("Meu pai intelectual", afirma Lilia Schwarcz), em texto de apresentação, "O sol do Brasil" configura um tipo de ensaio de iconologia que nos remete Erwin Panofsky  e seu clássico absoluto "Significação nas Artes Visuais". 
O certo é que "Imagens da branquitude, a presença da ausência", se ecoa vozes estéticas presentes em livros anteriores de Lilia Schwarcz, o faz por outro viés, com outra pegada e senso de análise inequivocamente mais apurado do ponto de vista metodológico. Não que o livro, vale evidenciar, mesmo por esta perspectiva, fuja àquilo que é uma das marcas mais pessoais da autora: o cuidado no tratamento da linguagem, o uso atento do léxico e, mais que qualquer outra coisa, a habilidade na escolha de estratégias narrativas, a elegância com que Lilia Schwarcz trata a palavra a fim de escrever história como quem escreve poesia, em que pese a função da linguagem com que tece sua narrativa a um só tempo referencial e sedutora. 
Para não falar, por óbvio, do embasamento teórico que dá sustentação a esse livro tão valioso. Sob este aspecto, aqui e além, com maior ou menor intensidade, pode-se respirar perfumes de teorias diversas, de Panofsky, já referido, a Barthes; de Didi-Huberman a Susanne Langer ou mesmo Mikel Dufrenne.
Mas há que se pontuar: é o olhar pessoal de Lilia Schwarcz que sobressai, leve e solto, num exercício acadêmico diferenciado, como a romper as barreiras que separam o pensamento científico da atitude estética. 
Por essas e tantas outras razões, "Imagens da branquitude, a presença da ausência", é livro fundamental para quem se dedique ao exame de nossa formação, de como se construíram os laços de conveniência e de cumplicidade inconfessável, de como se reproduziram, sub-repticiamente, os valores das classes dominantes, de como foram assegurados seus privilégios, e, como particular atenção, de como se deu o processo de legitimação do preconceito racial, de gênero e outras formas de discriminação a partir da produção imagética.
Um livro indispensável, insisto. 

 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Para a liberdade e luta*

"Me enterrem com os trotskistas/na cova comum/onde jazem aqueles/que o poder não corrompeu".
A Flip 2025, na linha das homenagens estranhas à tradição canônica desde as últimas edições, tem como figura de proa em sua programação, inaugurada no fim de semana, o poeta Paulo Leminski. A escolha não poderia ser melhor, pois o poeta curitibano é dos poucos escritores brasileiros (Vinicius de Moraes, o melhor exemplo) a transitar com absoluta tranquilidade entre polos distintos do fazer poético, indo do mais inconteste rigor formal à poesia dita popular, para não reiterar a classificação de expoente da "geração mimeógrafo" com que costuma ser identificado.
Mas não se pense que terá sido cômodo para o poeta equilibrar-se entre tendências tão antagônicas, e, por isso mesmo, desprezadas até algum tempo atrás por setores da chamada grande crítica literária no País. Houve um certo preconceito reinante na historiografia e na crítica da literatura brasileira em relação a esses desafiadores dos padrões estabelecidos, dentre os quais, além de Leminski, estariam a merecer o reconhecimento definitivo, fora da bolha mais afeita às transgressões de estilo, nomes como Ana Cristina Cesar (também ela homenageada na Flip do ano passado), Cacaso, Waly Salomão, Torquato Neto e Francisco Alvim.
Se é verdade que, hoje, esses autores ganharam notoriedade, e os dois últimos citados há pouco conquistaram o merecido prestígio, não se pode negar que esse processo se deu num contexto de dramáticas discussões. A evidenciar o que aqui vai dito, lembremos que um dos nomes dados à referida geração, como a revelar o juízo de que se lançou mão durante muito tempo, é o de "poesia marginal", isto é, que se coloca à margem, que foge aos padrões estabelecidos, sem esquecer que a adjetivação é, não raro, destinada a seres delinquentes, aos que cometem crime.
Desvios de rota à parte, é mesmo de deixar exultantes os amantes da melhor literatura brasileira a escolha de Paulo Leminski como homenageado na mais importante feira internacional de literatura no País. Diria mesmo: rompendo as fronteiras definitivas dos julgamentos apressados ou intelectualmente estreitos, o fato dará maior alcance à poesia do principal nome da geração de 70, aquela que, muito mais que os modernistas de 22, descobriu o caminho para chegar ao impensável: o equilíbrio entre o apuro formal de elite e o mais genuíno coloquialismo --- sem artifícios, sem perder de vista a rigidez na construção poemática de feitio clássico, nem a verdadeira razão de ser da Arte como instrumento de comunicação e de alternativa de ação contra os males de um modelo econômico essencialmente perverso.
Demos voz ao poeta: "Acaso é este encontro/entre o tempo e o espaço/mais do que um sonho que eu conto/ou mais um poema que eu faço?".
Num momento em que o mundo se depara com novas formas de autoritarismo, curvando-se às ameaças de um imperador pós-moderno travestido de presidente da maior e mais delinquente das potências ocidentais, a homenagem a Paulo Leminski na Feria Literária Internacional de Paraty 2025 traz a lume, sub-repticiamente, o lado torto dos tempos atuais, e nos faz lembrar que o monstro redivivo é, porque sempre foi, uma ameaça de que jamais estivemos livres em termos econômicos, sociais e políticos.
"De repente/vendi meus filhos/a uma família americana/eles têm carro/eles têm grana/eles têm casa//a grana é bacana/só assim eles podem voltar/e pegar um sol em Copacabana", diz Leminski em "Verdura", exemplarmente bem interpretada por Caetano Veloso no disco "Outras Palavras".
Grandes poetas são grandes visionários, e sua arte é capaz de enxergar o que os olhos pequenos não veem. Ocorrem-me, porque oportunos, os versos de Drummond em "Visão 1944", estando o mundo sob os escombros da Segunda Guerra: "Meus olhos são pequenos para ver/o mundo que se esvai em sujo e sangue/outro mundo que brota/qual nelumbo/ --- mas veem, pasmam, baixam deslumbrados".
Leminski, como vimos, já reportara à rendição imposta à economia e aos interesses satânicos do império norte-americano. É abrir os olhos e ver.
 *Título de um poema de Leminski, do livro "Polanaises".