terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A obra de arte e seus detratores

Qualquer pessoa minimamente interessada em Arte haverá de saber: se a princípio a escultura monolítica, nascida da técnica do entalhe, prescindia de uma relação rigorosa com o elemento 'espaço', pelo menos na perspectiva do local escolhido para a sua implantação, a exemplo do que se pode observar em estilos de época como o Renascimento ou mesmo o Barroco, a partir do século XX esta tradição foi rompida e o espaço tornou-se elemento indispensável para a concepção, composição e localização da escultura moderna.

Pelos anos 1960, como a fornecer provas incontestes do que se afirma aqui, manifestos minimalistas empenharam-se em evidenciar a importância dessas relações externas da escultura com o espaço físico. A discussão ganhou prestígio acadêmico e artistas do mundo inteiro produziram obras em que a preocupação com o espaço ombreou-se aos demais elementos estéticos ligados a essa produção escultórica, numa conquista que ressignificou a linguagem e serviu para embelezar ambientes, praças, avenidas, cidades... através dos tempos.

Não é o que ocorre, no entanto, mesmo em instituições às quais é natural que caiba zelar pela preservação da obra de arte e dispensar cuidados com a adequada exploração de suas potencialidades.

Pelo menos quando esta instituição é a Universidade Federal do Ceará de alguns anos até aqui. É o que ocorre, infelizmente, com a obra "Quadrados", de Sérvulo Esmeraldo, produzida em 1987, a pedido da própria Universidade, para compor o conjunto visual de acesso ao campus pela Av. Humberto Monte.

Realizada em aço, "Quadrados", como o próprio nome sugere, é composta de inúmeros quadrados vazados, sugestivamente sobrepostos, ensejando uma visão de profundidade e articulação rítmica dos seus elementos constitutivos de modo a resultar numa ilusória e fascinante sensação de movimento para quem chega ao campus da UFC. Esse movimento é mesmo a alma sensorial da obra, sua força estética, sem a qual perde o seu vigor, sua exatidão geométrica e sua poesia cinemática.

Parcialmente coberta por um abrigo, num ponto de ônibus existente na praça Prisco Bezerra, quando da execução de um projeto de requalificação levado a efeito por meio de um convênio entre a Prefeitura e a Universidade, a obra de Sérvulo Esmeraldo perdeu com isso a sua vitalidade cinética particular, reduzindo-se a incompletos enquadramentos visuais intercalados que nada dizem aos que trafegam a sua frente.

O problema, que acima de tudo espelha o descaso para com o patrimônio artístico da cidade, bem ao gosto do que é mesmo uma marca do Brasil político contemporâneo, em que a cultura e a Arte não passam de um tipo de estorvo a ser sistematicamente desqualificado por aqueles que governam, vem sendo objeto de protestos até aqui inobservados. Há algum tempo, quando da gestão do ex-Reitor Jesualdo Farias, o professor e intelectual Auto Filho envidou reiterados esforços a fim de encontrar uma alternativa de ação para o que considera um crime contra a arte de um grande artista cearense. Na esteira disso, a viúva do artista, Dodora Guimarães, tem recorrido a diferentes instâncias em favor da retirada do abrigo de ônibus a fim de que a escultura "Quadrados" volte a respirar em toda a sua pujança.

É inadmissível, revoltante mesmo, que uma obra de arte assinada por um artista cearense reconhecido além-fronteiras, venha sendo relegada a descaso e grosseira omissão de cariz reacionário por parte do atual Reitor.

       

 

 

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Congratulações à Folha

Há quarenta anos leio a Folha de S. Paulo. No começo, assinante do jornal, recebia-o com enorme atraso, aos pacotes chegados pelo correio com dez, doze edições. Interessavam-me, mesmo assim, as colunas, artigos de opinião e, com poucas exceções, os editoriais, deliciando-me com a qualidade do texto sob cuja "impessoalidade" podia-se perceber a mão segura de Otávio Frias, o pai, e sua aguda leitura da realidade política do país, algum tempo depois substituída pela elegância de estilo e acuidade de visão de mundo do filho de mesmo nome, outro marco divisor de águas do jornalismo brasileiro.

Aos domingos, durante muitos e muitos anos, para além de realizar uma leitura corrida, como é costume na perspectiva das publicações diárias, mergulhava eu num tipo de 'close reading' dos ensaios do Mais, caderno de cultura que ressignificava o repertório dos estudiosos e amantes da literatura, do cinema, das artes plásticas e do teatro nacionais e do mundo.

Deste, num tempo em que éramos condicionados a recortar e guardar tudo o que nos interessasse nos matutinos, montando pequenos arquivos que cresciam com o passar dos dias, para a alegria das traças e do mofo, selecionava eu, com a atenção cirúrgica no manuseio da tesoura, aquilo a que pudesse recorrer para enriquecer a minha formação intelectual-humanística.

E veio o CD, o pequeno disco capaz de arrebanhar num só volume, com texto integral, edições de cinco anos, possibilitando-me ir e vir através do tempo, num simples toque de mouse, para tudo o que ocorria de relevante ou não na história recente do Brasil e do mundo inteiro. Centenas de recortes, milhares talvez, tiveram, assim, aos poucos, o destino humilhante: 'a lata' do lixo, livrando-me das recorrentes reclamações da mulher  ---  "Isso só acumula poeira!", era a assertiva a que fui submetido anos a fio.

Hoje, ainda na cama, munido do iPad, religiosamente, leio a Folha de S. Paulo mal abrem-se os primeiros raios do sol. Não é raro que me irritem um e outro editorial, um artigo, uma opinião ou mesmo, o que foi sempre uma de suas marcas, a sub-reptícia e inevitável necessidade do mais lido e mais importante jornal brasileiro, como ocorre a qualquer outro, por razões financeiras, de equilibrar-se sobre o delicado fio que separa o joio do trigo, o bem intencionado do inconfessável, o ético do que escorre de mal-cheiroso por entre os dedos da natureza jornalística.

Nesta sexta-feira 19, quando sento à frente do computador para escrever a minha coluna semanal do "A Praça", replicada no blog e no Segunda Opinião, outro não deveria ser o leitmotiv do texto: 100 anos da Folha de S. Paulo.

Como é próprio na vida de um jornal, mesmo em se tratando dos maiores, é claro que sua linha editorial corre um tantinho ao sabor das águas partidárias, que seu compromisso com o público muitas vezes se esconde sob o manto da conveniência que nunca se quer revelada para o leitor, a que chama, no editorial da edição de hoje, Sua Excelência, o leitor.

O incontrastável, aquilo para o que não se pode fechar os olhos a bem da justiça e do dever de gratidão, no entanto, é que o aniversariante eleva e elevou sempre, aos píncaros do que existe de essencial em termos jornalísticos, a sua missão de bem servir ao país, de proporcionar ao leitor, como nenhum outro entre nós, o contato diário com a pluralidade do pensamento e das ideias. E a consciência de que, como é norte de uma sociedade democrática e livre (tão posta em risco nesses últimos anos), outros veem o mundo diferentemente de nós.

Não é outra a razão, sabe-se, por que a imprensa brasileira vem sendo perseguida de forma tão determinada pelo atual presidente da República e seus apaniguados de elite, os militares. Em meio a este obscurantismo e ao retrocesso crescente, mais que nunca se deve aplaudir a Folha no transcurso do seu centenário.

É que o me propus fazer!

 

 

    

 

 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Cena Brasileira

De gostar tanto, voltei ao Cena Brasileira, belíssimo livro de Osvaldo Araújo. Evidencio que se trata de um trabalho de personalidade, com a marca estilística de um escritor que transita com notável intimidade pelo delicado território que separa a crônica do conto.

Mas, diferentemente do que ocorre sempre que se tenta equilibrar entre a fugacidade do primeiro e a permanência do segundo, de cuja indefinição é comum o empobrecimento estético da matéria textual, Araújo revela no trato da linguagem e na arrumação do discurso uma habilidade que resulta elegante e leve, sem incorrer no uso de artifícios formais que deem a ver qualquer esforço. Antes pelo contrário, seu texto é a um só tempo refinado e sedutor, tem o gostoso do pitoresco e do irrisório e a profundidade da percepção da realidade humana, política e social do país. Por isso, apoiando-se no cotidiano, no que poderia existir de simplesmente circunstancial e episódico, na linha do que fazem os nossos melhores cronistas, Osvaldo Araújo fornece-nos com o seu livro mais recente, já muito interessante a partir do título, Cena Brasileira, um exemplo claro e feliz de como transitar da ambiguidade, da subjetividade e da ausência do transcendente, próprios da crônica, para o conteúdo em alguma medida dramático do bom conto, retirando do anonimato, por um flash que seja, a personagem em torno da qual se desenvolve a sua narrativa. Exemplo notável disso, coisa preciosa mesmo, enquanto literatura, é a Cena 2 do livro, intitulada 'O Pobre'.

O primeiro parágrafo do conto é digno de nota, quer pela leveza da forma, a harmonia do léxico e o depurado do gosto, que sinto-me provocado a citá-lo, embora longo: "Acordo pelas cinco, tomo uma xícara de café com pão e manteiga, vou prender os cachorros e botar para eles comida nova e água fresca. Depois passo pelo galinheiro e faço a mesma coisa pra vinte franguinhos e dois galos, aproveito e recolho os ovos. Dia sim, dia não, cuido da piscina, varro e lavo a varanda da casa, escolho um pedaço de terreiro que tem de ciscar, alguma estaca da cerca pra aprumar e olho com atenção pra tudo que é lado em busca do que há pra fazer depois  --- prefiro ver eu mesmo, antes de o patrão notar e me cobrar  --- nas coisas de água, de energia, da casa, das plantas, do patrão, tudo é comigo. É terra para uns 25 hectares, mas tudo que importa se concentra em menos de três hectares  --- casa, piscina, jardim, canil, galinheiro, caixa d'água, varanda, garagem e outras coisinhas".

Está retratado o espaço, delimitado o tempo, traçado o perfil psicológico da personagem, um caseiro de sítio. Vê-se, em que pese a simplicidade da linguagem, o homem de bem, atento à sua missão, à responsabilidade do ofício de que retira seu sustento e dos seus.

Com o desenvolvimento da narrativa, o leitor vai ombreando-se à personagem, cuja realidade se transforma nos anos de governo popular que se estendeu de 2003 até por volta de 2016. Tudo isso, no entanto, sem que qualquer referência seja feita ao calendário e ao partido sob o qual foi dada ao pobre homem a oportunidade de formar os filhos, a mais velha "doutora de Pedagogia, tem emprego digno e salário mais que o triplo do meu", os outros três cursando escola profissionalizante em tempo integral.

Na contramão do que seria esperado, e tão usual em histórias do gênero, o patrão foge ao estereótipo da luta de classes, é sensível ao que existe de justo e de humano nas conquistas do caseiro: "A corrente foi quebrada, falou o patrão  --- meu filhos e os filhos deles não serão como meus irmãos e meus pais, nem como eu".

Mas o caseiro, como os demais frequentadores da igreja do lugar, é pressionado pelo pastor a "fechar os olhos para os benefícios que o povo teve, calar a boca e continuar votando neles", mudando de governo: "Foi aí que eu pensei na história da corrente", é como termina o conto, num arremate que é mesmo o que existe nele de essencial, de mais significativo do ponto de vista do conteúdo: a postura crítica de um homem do povo diante da realidade.

Assim  --- com os méritos estruturais que se repetem em cada uma das 26 cenas constantes do livro ---,  do ângulo dramático, pode-se dizer que o texto traz as características do conto, é unívoco, pautado pela unidade de tempo e de espaço, com poucas personagens (o ponto de vista é o do caseiro), e quase nenhuma descrição ou narração, a cena desliza do banal, do corriqueiro, de onde extrai a essência do que transcende os limites do cotidiano, para conduzir-nos a uma reflexão vertical da vida de um povo, da realidade de um país.

Um livro interessantíssimo este Cena Brasileira, de Osvaldo Araújo!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Obrigado, Carol!

Fim de tarde do domingo, vem-me a mensagem da filha Carolina: --- "Pai, veja na Netflix o filme Malcolm & Marie! Acho que vai gostar!" Como pedido de filha é ordem, ato-contínuo ligo a tevê como que para cumprir uma obrigação. E que coisa maravilhosa foi assistir ao filme com roteiro e direção de Sam Levinson e os atores John David Washington e Zendaya nos papeis de Malcolm e Marie, as duas únicas personagens do longa com 106 min de duração e rodado em preto e branco de tirar o fôlego.

Levinson, para quem não lembra, é o diretor/roteirista de Euphoria, a premiada série da HBO que, em 2019, obteve extraordinário sucesso mundo afora. O roteiro, embasado em diálogo inteligente e ágil, é simples (embora profundo): Um cineasta e a namorada chegam em casa após a festa de lançamento de um filme dele. Tudo normal, não se desencadeasse entre os dois uma discussão que se estende por quase toda a madrugada (e rigorosamente todo o filme), algo que lembra o melhor Michelangelo Antonioni da trilogia da incomunicabilidade.

Aliás, para além daquilo que o roteiro deixa claro com o desenrolar da história, o conflito psicológico de um casal em meio às expectativas existenciais próprias da  modernidade, prováveis influências formais de Antonioni se fazem perceber no requinte visual do filme. As imagens, como no mestre italiano, são exploradas com um senso estético notável, e Levinson usa e abusa dos enquadramentos geometricamente idealizados: linhas, retas ou curvas, quadrados e retângulos compõem a perspectiva visual de cada cena, cuja beleza extrapola o mero formalismo para inserir-se com sutileza e expressividade conteudística nas constantes oscilações dramáticas da história. Explica-se, assim, para o espectador mais atento, a feliz escolha do ambiente: a casa de Malcolm e Marie, quando enquadrada em plano aberto, aparece isolada em meio ao matagal e suas paredes são em sua maioria de vidro, o que permite profundidade de campo e planos-sequências estilizados bem ao gosto de Sam Levinson. Para não falar, por último, dos "planos mortos", que fazem recordar a sequência final de O Eclipse (1962), o último título da trilogia da incomunicabilidade.

Esteticismo à parte, o certo é que Levinson conseguiu, com economia de meios e tempo (o filme foi rodado durante alguns dias do ano passado), realizar um filme profundo, cujo esteio temático vem a calhar num momento em que a necessidade de reclusão faz aflorar os mais íntimos dilemas da vida a dois.

Ex-usuária de drogas, Marie carrega consigo o peso do estigma: inconformada com o fato de ser elemento inspirador do filme de Malcolm, para cuja personagem central foi reprovada em teste de elenco. Sua frustração, de que se originam outras manifestações do conflito, trabalha como gatilho que faz disparar falas tensas, febris, mas construídas numa linguagem competente e não raro poética. A forma como a discussão evolui, aqui e além interrompida por uma declaração de amor que beira o psiquiátrico, confere ao filme uma densidade dramática que a um só tempo surpreende e encanta, mesmo quando o filme desliza para segundos de silêncio que parecem não ter fim. É aí que a beleza da imagem explode num contraste de luz e sombra que revela a formação clássica do diretor, como a nos trazer de volta um certo Ingmar Bergman da primeira fase.

Malcolm e Marie, portanto, é um filme que excede em suas qualidades de forma e conteúdo, por mais que algumas particularidades do roteiro pareçam pouco espontâneas, a exemplo de uma recorrente reflexão sobre cinema, filme sobre filme, num tipo de metalinguagem algumas vezes forçosa e desnecessária, mesmo quando o conflito envolve um cineasta como uma de suas personagens centrais.

Em seus momentos mais felizes, enquanto arte, todavia, Malcolm e Marie é filme de encher os olhos: a cena em que o casal interrompe a briga e se entrega a uma relação sexual que não chega ao clímax, por exemplo, é trabalhada com um rigor estético sublime: a composição do quadro, a angulação da câmera, fugindo intencionalmente a certos preceitos da gramática fílmica  --- como evitar o estranhamento para o espectador ---, resultam exitosas e em alguma medida originais, se ainda se pode falar de originalidade em termos cinematográficos.

Conclusivamente, Malcolm & Marie, como obra de arte de boa qualidade, não se propõe deixar uma mensagem, mas se formular uma questão. A esta altura, peço desculpas ao leitor, é natural que mais uma vez me ocorra lembrar de Michelangelo Antonioni: --- "Como podem os homens e mulheres modernos, enquanto seres complexos com necessidades e conflitos, viver juntos?" 

A esse propósito, pena que não deva eu incorrer num spoiler citando a bela sequência final do filme.

Obrigado Carol!  

 

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O Fim Melancólico

Uma canetada do Procurador Geral da República, Augusto Aras, no bojo dos compromissos firmados às escondidas com Jair Bolsonaro, a fim de poupar o presidente e seus filhos de investigações futuras, põe definitivamente por terra a mais explosiva operação contra a corrupção no país.

Marcada por contradições, em que pese algum legado positivo, e sob muitos aspectos completamente desmoralizada desde os vazamentos de conversas de procuradores com o ex-juiz Sergio Moro, a fim de desconstruir o PT e afastar Lula da eleição de 2018, a operação deixa um histórico em nada dignificante para seus integrantes: investigações seletivas, interferência direta do juiz em procedimentos processuais dos procuradores, sua nomeação para o Ministério da Justiça, 'provas' construídas a partir da própria inexistência de provas e a desavergonhada contratação de Sergio Moro como consultor de empresas por ele mesmo julgadas etc., além de direta responsabilidade pelo desmonte de importantes empresas brasileiras, com repercussão significativa na crise econômica do país, por exemplo.

Afeito à análise da narrativa, seja ela qual for, valho-me de um conceito da teoria literária para fazer aqui a afirmação peremptória: do ponto de vista do 'enredo', a coisa está sendo construída como manda o figurino.

Variações de sentido à parte, diga-se em tempo, enredo é o que se deve entender como "arranjo" de uma história. Fez-se isso à perfeição: primeiro o golpe, depois a prisão de Lula, limpando-se o terreno para a eleição de Bolsonaro e, como desfecho, a solução de uma intriga para blindá-lo e a sua família a fim de garantir-lhe a reeleição.

Histórias fazem parte da vida dos homens. E.M. Foster, renomado romancista e teórico inglês, dizia ser ela, na perspectiva de quem a escreve ou de quem a recebe, uma necessidade atávica, transmitida de uma para outra geração, desde o Homem de Neanderthal, "força de vida e de morte, conforme sua capacidade de manter acordados ou fazer adormecer os membros de um grupo, desde a noite dos primeiros dias..."

Quanto ao povo brasileiro, em vez de acordá-lo, a História só lhes tem feito dormir um sono profundo, como se "deitado eternamente em berço esplêndido!"