sexta-feira, 23 de setembro de 2022

O triste ocaso de Ciro Gomes

Assistindo às declarações de Ciro Gomes desde o início do horário eleitoral gratuito, a que se soma o que pude perceber na inconstante trajetória do candidato a presidente pelo PDT (e por ele sempre alardeada como prova de sucesso), dois livros me têm vindo à mente com significativa frequência. Vamos ao primeiro deles.

Aristóteles diz, em Ética a Nicômaco: "Qualquer um pode zangar-se --- isso é fácil! Mas zangar-se com a pessoa certa, pelo motivo certo e da maneira certa --- não é fácil!"

No livro, como seu próprio título sugere, o filósofo grego analisa o agir humano e constata que todo conhecimento e todas as ações do homem têm por objetivo algum bem. Nisso reside o que se costuma chamar de 'felicidade' e que diferencia o homem de todos os outros animais. Desse modo, ser feliz é estar em sintonia com aquilo que promove o bem-estar, seu e dos outros, o que entende por 'virtude'.

Essa qualidade consiste em evitar extremos, evitar excessos. Por isso a razão nos impõe equilíbrio, senso de medida, e disso nasce a compreensão de tudo o que é bom e justo. E a justiça é, para ele, a maior de todas as virtudes. Passemos ao segundo.

Publicado em fins dos anos 1990, Inteligência Emocional --- a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, do psicólogo, PhD pela Universidade de Harvard, Daniel Goleman, pôs em xeque o que era considerado 'inteligência' nas visões tradicionais daquilo que leva o homem a ter sucesso em diversos campos: no mundo empresarial, nas diferentes profissões, nas relações afetivas, na vida pública etc.

Sem perder de vista o rigor científico, Goleman examina com clareza as grandes descobertas neurológicas e as associa à sua vasta experiência como psicólogo para traçar um perfil consistente do que se deve compreender por 'inteligência emocional' --- aquela a que, conclusivamente, deve-se atribuir a verdadeira razão do sucesso pessoal do homem. Voltemos a Ciro Gomes.

Em que pese detentor de um currículo político notável, tendo ocupado posições importantes na sua trajetória de homem público (foi deputado estadual, federal, prefeito, governador, ministro), o candidato a presidente pelo PDT reúne o que a tradição acadêmica e o senso comum consideram atributos necessários para galgar, nos limites do país, o posto mais alto da vida pública: o de presidente da República. O que explica, então, o fato de que talvez nunca obtenha o sucesso que persegue há pelo menos vinte anos?

Aqui, pois, é que, separados por séculos, Aristóteles e Goleman se encontram, dão-se as mãos e, professorais e convincentes, esclarecem a questão: a incapacidade de lidar com as próprias emoções (e a natureza do caráter, acrescento eu) pode destruir vidas, acabar com carreiras promissoras, levar a tristes ocasos enormes talentos e reconhecidas vocações.

Na reta de chegada para o primeiro turno das eleições (a dois de outubro), o desajuste emocional, a zanga insana, a valentia que dá a ver o covarde, o ressentimento indomável, o ciúme doentio, a inveja shakespeariana, o ego desmedido, a ciclotimia mórbida (boderline?) ou outro qualquer distúrbio de personalidade, levam para o abismo a figura política de Ciro Ferreira Gomes, assemelhando-o, da forma mais vil e mais humilhante, a ninguém menos que o inqualificável Jair Bolsonaro.

Infeliz e desvirtuoso, como em Aristóteles, desprovido de inteligência emocional, como em Daniel Goleman, o candidato do PDT cava a sua própria sepultura, espezinha o que restava de sua imagem, e vê, como um Iago amargurado, cristalizar-se a vitória de Lula, a quem agride despudoradamente. Cospe à direita e à esquerda, como um bicho peçonhento, desmerecendo o que foi sucesso em sua trajetória.

Triste ocaso o de Ciro Ferreira Gomes.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Godard nunca morrerá

Até hoje não tenho claras as razões pelas quais um cineasta reconhecidamente rebuscado, por vezes rotulado de chato e incompreensível, quanto Jean-Luc Godard, teria sido exibido numa cidade do interior do Ceará em plena década de setenta. Já nem lembro se isso me ocorreu no Cine Alvorada ou no modernoso, para a época, Cine Coliseu, cujos projetores de ponta e sistema de som ensurdecedor, deixavam o menino que fui entre assustado e tomado de encanto. O fato é que recordo com clareza o estranhamento que me dominou ao deparar com aqueles cortes bruscos e desconexos que passavam para os espectadores como se fossem defeitos de montagem.

O impressionante, para o cinéfilo iniciante e sem leitura de textos especializados, no entanto, é que o filme me desconcertara de um jeito positivo, despertando-me a curiosidade sobre o seu diretor, que só a custo passaria a conhecer através de referências no jornal "O Povo", em artigos assinados por Luís Geraldo de Miranda Leão, de quem, quis o destino, para o meu gáudio, muitos anos depois, tornar-me-ia (arre!) amigo de encontros recorrentes para discutir cinema, e a quem, de público, afirmo dever muito do que aprendi sobre a sétima arte.

O filme, por óbvio a essa altura da crônica, era "Acossado" (1960), estreia do gênio cuja morte, como a revelar ainda mais de sua irreverência e de sua profunda originalidade, ocorreu essa semana, na Suíça, no que se define legalmente por lá como suicídio assistido. Não estava doente, mas se sentia cansado, a ponto de a vida não ter para ele qualquer sentido, disseram seus familiares.

Pelo sim, pelo não, falemos de sua arte, não menos controversa, em verdade, que a sua própria vida, pontuada por excentricidades e contradições que só encontram paralelos, supostamente, na vida de outros artistas geniais, a exemplo de um João Gilberto, um Ludwig Beethoven, um Ingmar Bergman, um Leonardo Da Vinci, um Fiódor Dostoiévski, um Oscar Wilde, para citar alguns.

Na tela, num preto e branco de luz não raro estourada, pois Godard quase sempre descumpria regras da gramática cinematográfica, a de não usar o branco em planos abertos, para evitar distorções na imagem, por exemplo; falsos 'raccords' ou 'match cuts' (cortes na edição que fazem a transição entre dois planos) e saltos impactantes ("jump-cuts") para os olhos ingênuos do quase menino deslumbrado, Michel Poiccard, um gângster soberbamente interpretado por Jean-Paul Belmondo, roubava um carro e, numa sequência de perseguição que me tirava o fôlego, matava um policial. Em Paris, (as locações de preferência de Godard estão na capital francesa) reencontra Patrice Franchini, a antiga namorada, corporificada na película pela bela Jean Seberg, mas é traído por ela, que o denuncia. É finalmente assassinado com um tiro nas costas e cai no asfalto teatralmente. Na agonia, o close a mostrar, inexplicável, a fumaça que lhe sai da boca, detalhe a dar realce às experiências inusitadas do diretor do filme. Tessitura banal, portanto.

O que faz de Godard um artista invulgar, então? Por certo, não o roteiro, não raro atribuído incorretamente a François Truffaut (a verdade é que este apenas o inspirou), baseado em histórias recorrentes em filmes policiais de tipo B. Mas a forma, a concepção narrativa cujas estratégias nasciam da inquietação criativa de um cineasta rebelde, na maneira como articulava o desenrolar da intriga, na sensibilidade com que soube dar sentido ao acidental e, sobretudo, no fato de que o diretor, invariavelmente, convoca o espectador a preencher vazios e rupturas do que define o chamado estilo clássico hollywoodiano.

Não sem razão, pode-se ver, Godard, mais que Truffaut, que Éric Rohmer, que Chabrol, que Rivette, que Agnès Varda, foi responsável pela estética do que se convencionou chamar de Nouvelle-Vague francesa: a valorização do real, do cotidiano; a opção por filmar em locações; a direção "autoral"; a quebra da linearidade narrativa (Uma história deve ter começo, meio e fim, mas não necessariamente nessa ordem, dizia Godard); a maneira de usar a câmera, de enquadrar a cena, o gosto pelo "travelling" (a câmera se desloca por inteiro durante a filmagem da cena), que ele considerava "Uma questão de moral", num aforismo que entraria para o folclore do cinema.

Fez filmes e filmes, se não amados pelo grande público, obrigatórios para quem se dedicar a compreender melhor o que está por trás da realização de uma obra tão complexa e tão carregada de sutilezas, de desafios, de potencialidades, a que chamamos Cinema: "O Pequeno Soldado" (1960), "Uma Mulher É uma Mulher" (1961); "Viver a Vida" (1962), "Tempo de Guerra" (1963); "O Desprezo" (1963), "Alphaville" (1965), "A Chinesa" (1967), "O Vento do Leste" (1970), "Paixão" (1982); "Je Vous Salue Marie" (1985), "Para Sempre Mozart", para citar aqueles de que mais gosto, e que tenho a pretensão, talvez deselegante, de recomendar.

Pena não haver espaço para discorrer sobre Jean-Luc, pois que Godard, como disse com exatidão o cineasta Kleber Mendonça Filho, "este nunca morrerá".

 

 

 

 

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Sobre grafia e despudor

Apropriando-se indecorosamente das celebrações do bicentenário da Independência, transformando-as no mais desfigurado, vil e desavergonhado espetáculo oficial do país, sob o olhar cúmplice de representantes das Forças Armadas, assumidamente usados como figurantes de quinta no palco da encenação burlesca, o presidente Bolsonaro abusou da baixaria e ensejou --- com seu discurso entremeado de ameaças à democracia, afirmações de masculinidade e alusão descabida aos dotes físicos da primeira-dama ---, uma discussão de natureza gramatical no mínimo curiosa: "imbrochável", com CH, ou "imbroxável", com X?

Muito embora adotado por redatores dos principais jornais do país, a exemplo do que se pode observar na edição de hoje da Folha de S. Paulo, onde aparece em chamadas da capa e artigos vários, a primeira grafia me parece desaconselhável. Tomo por base o que registra o "Novo Dicionário da Língua Portuguesa", de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira: "broxar. v.t.d. 1. Pincelar, pintar com broxa. Int. 2. Bras. Chulo. Perder, ocasional ou definitivamente, a potência sexual: tornar-se broxa. (2). [Pres. subj. Broxe etc. Cf. broche, sub. masc., e o verbo brochar".

No "Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa", comentado, crítico e enciclopédico trabalho encabeçado pelo professor Luiz Antonio Sacconi, depara-se com o seguinte verbete sobre o verbo 'broxar': "broxar v.t.d. 1. Pintar ou pincelar com broxa: broxar a parede. 2. Chulo. Fazer perder a potência sexual: um pensamento ruim, de repente, broxou-o. // v.i. 3. Chulo. Perder a potência sexual, não conseguindo manter o coito: de repente, broxou e não houve mais jeito. 4. Pop. Desanimar; perder o interesse: desta vez ele broxou de vez: não quer saber de mais nada.

O notável "Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa", assinado pelo filólogo de estirpe Antônio Geraldo da Cunha, a exemplo de inúmeros outros dicionários de estudiosos de extração clássica, não registra o verbo em qualquer das grafias. Muitos o fazem, como é o caso de Geraldo da Cunha, em relação ao substantivo de que, provavelmente, deriva o adjetivo utilizado à farta nas principais publicações de hoje: "brocha. sf. 'ant. fecho de metal' XIV; 'prego curto de cabeça larga e chata., etc. Para ele, "brochar" significa, como aparece no verbete, pregar com brocha, pequeno prego, ou, ainda, pintar com brocha, tipo de pincel, sem nenhuma referência ao termo chulo de que se originaria o adjetivo alardeado pelo presidente em plena festa cívica levianamente transformada em comício de campanha.

Já entre dicionários mais 'modernos' (não vai aqui qualquer juízo de valoração), a grafia com CH é defendida. É como aparece, por exemplo, no "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", renomada publicação do Instituto Antônio Houaiss. Nele, entre os muitos significados, depara-se no verbete "brochar" com a seguinte definição: [...] 14. int. B tab. perder temporária ou definitivamente a capacidade de ter uma ereção".

Dentre esses, no entanto, como no caso do "Michaelis – Moderno Dicionário da Língua Portuguesa", na bem cuidada edição da editora Melhoramentos, depara-se com o verbete "broxar": v.t.d. broxar. 1. Pintar ou untar com broxa. v.t.d. 2. Pincelar. vint. 3. ch. Mostrar-se incapaz de realizar o ato sexual.

Para o bem ou para o mal (é inacreditável, mesmo vindo de quem vem), a chula, despropositada e machista fala do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, autoelogiando-se como "imbroxável", em plena solenidade cujo objetivo era festejar o bicentenário da Independência, o neologismo constitui uma derivação regressiva do verbo "broxar", e sua grafia não sugere qualquer relação com "brochar", com CH.

Nada relevante, contudo, o uso de uma ou outra grafia em face do que entrou para a História do Brasil como um vergonhoso ato de desrespeito à Constituição e de provocação aos filhos do bem desta Pátria Amada a que se destina, imprecisa e vacilante, a afirmação de 200 anos de Independência. Oportuno lembras, por último, as palavras implacáveis de Simone de Beauvoir sobre o assunto: "Ninguém é mais arrogante, violento, agressivo e desdenhoso contra as mulheres, que um homem inseguro de sua própria virilidade".

Viremos a página. Eis que se aproxima o dia da verdadeira libertação.

 

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Sequestro da Independência

A poucos dias do 7 de setembro que assinala o Bicentenário da Independência, e mais uma vez descoberto em práticas em nada republicanas (transações imobiliárias que envolvem a compra de 107 imóveis, 51 dos quais pagos em dinheiro vivo) o presidente Jair Bolsonaro dá andamento a uma programação festiva cujo maior objetivo é mesmo vincular a sua imagem a de um líder heroico e destemido que defenderá o país da ameaça comunista que somente a sua mente estreita e vazia é capaz de enxergar. E, claro, o contingente de fanáticos, a exemplo de certos empresários, que sonham com a possibilidade de um golpe e a volta dos militares ao poder.

O mais preocupante, no entanto, é que o país assiste impotente ao sequestro dos símbolos nacionais e à propagação de um discurso ufanista e patriótico que se contrapõe aos verdadeiros anseios populares. Na lógica fascistóide do presidente e de setores das Forças Armadas, com destaque para o golpismo irrequieto do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, busca-se a todo custo à consolidação do projeto imaginário em que a semiótica das cores, do brasão, da bandeira e do hino, no oportunismo da data festiva, parece criar uma irrealidade na qual um contingente significativo de pessoas acredita como algo palpável   --- e, a concluir pelo que se vê e ouve nas redes sociais, pela qual está disposta a matar ou morrer, como numa reverberação inconsciente do grito que a história oficial registra como marco da Independência do Brasil.

Feitos esses comentários, dedico-me ao objetivo desta coluna.

Chega às livrarias da cidade (não sem significativo atraso), o oportuno e valiosíssimo "O Sequestro da Independência - Uma história da construção do mito do Sete de Setembro", assinado por Carlos Lima Jr., Lilia M. Schwarcz e Lúcia K. Stumpf, em edição extremamente bem cuidada da Companhia Das Letras. Li-o em poucas sentadas, pois que se trata de uma leitura prazerosa, levíssima, em que pese a natureza do tema abordado. É que o livro se propõe, exitosamente, sem incorrer nos procedimentos tradicionais da narrativa historiográfica, enfocar os meios sub-reptícios com os quais se ergueu entre nós a ilusória imagem de um país guiado por homens viris e idealistas, fortemente movidos por um sentimento de amor à pátria e leais aos interesses do povo. Explico.

Transitando levemente pelo território da semiologia, numa perspectiva menos teórica e mais voltada para o grande público, sem jamais descer a uma abordagem elementar do ponto de vista acadêmico, o livro traz um farto material visual que não lhe serve apenas de ilustração, a exemplo do que é comum em publicações do gênero. Aqui as imagens, em sua maioria obras de arte destinadas a compor o acervo iconográfico que serve de amparo às narrativas históricas (ou exploradas com essa intenção), são examinadas enquanto textos produtores de sentidos ideológicos previamente pensados (ou não) e que contribuem para uma interpretação positiva de acontecimentos reais ou forjados com a intenção de construir o imaginário popular em termos de pertencimento, nacionalidade e sentimento pátrio.

Nessa perspectiva teórica, pois, é que os autores do livro elegem como ponto de partida e objeto central das análises, a famigerada tela de Pedro Américo sobre "O Grito do Ipiranga", a partir da qual conduzem a reflexão crítica que serve de esteio a seu belíssimo trabalho. Não é precipitado dizer, assim, que o livro dialoga com o que se define como 'tradução intersemiótica', na linha do que é possível examinar a partir das contribuições de estudiosos importantes, como Walter Benjamin, Ezra Pound, Roman Jakobson, Umberto Eco e Haroldo de Campos.

No caso, a direção escolhida é outra, isto é, a interpretação do texto se dá do signo visual para o verbal, da linguagem estética para a linguagem referencial. Há nisso, em alguma medida, um pouco de Charles Sanders Peirce, de Roland Barthes e, mesmo, de George Didi-Huberman, Emmanuel Alloa e Jacques Rancière. Para o leitor, no entanto, desconhecer essa fundamentação teórica em nada reduz a perfeita compreensão do que é essencial ao livro: a interpretação da imagem a partir do interdito, do que, fugindo ao olhar desatento, constitui a força de sentido, a mensagem muitas vezes desvelada e carregada de motivações de cunho político-ideológico.

Benjamin já nos advertia de que a obra de arte deve ser compreendida em três momentos de sua evolução: a elaboração técnica, a elaboração das formas de tradição e a elaboração das formas de recepção. Mas é Marx, no 18 de Brumário de Luís Bonaparte, quem melhor se presta ao que quero dizer aqui: "Os homens fazem a própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".

Por último, desculpando-me pela extensão do fragmento destacado, dou voz aos autores deste impagável "O Sequestro da Independência" a fim de ressaltar sua importância a poucos dias do Bicentenário: "... o que Bolsonaro faz de melhor é usar efemérides para travar guerras ideológicas. Isso porque até meados de 2022, além de não anunciar nada de efetivo --- apenas surfou na onda de edifícios já iniciados e fez muito discurso na base do ódio e da polarização da população. Como o tom da celebração é dado apenas pela exaltação do patriotismo vazio, também tem se buscado repetir a celebração de 1972, quando, em tempos de ditadura militar, entrou no Brasil o corpo de Pedro I. Passados cinquenta anos, pretende-se agora "emprestar" o coração do primeiro imperador do Brasil, o qual, em testamento, demandou que esse órgão de seu corpo ficasse depositado na cidade do Porto".