sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Esses não passarão

O passado está em seu túmulo, embora seu fantasma nos assombre, dizia o poeta e dramaturgo inglês Robert Browning (1812-1889).                                                         

Mas chegamos aos estertores de 2023 com saldos positivos: fim da mamata tributária com isenção indecorosa de fundos exclusivos e offshore; controle das importações via ecommerce; alternativa convincente e vitoriosa ao "temeroso" teto de gastos como justificativa para o descaso com projetos sociais e incentivos à cultura; subida da Bolsa de Valores a níveis máximos; juros em queda e empregabilidade em alta; queda da inflação; aprovação da Reforma Tributária; retomada de programas de largo alcance para os mais pobres, como o Mais Médicos e Farmácia Popular; aumento real do salário mínimo; produção cultural voltando a níveis compatíveis com a vocação artística do país: incentivo à realização cinematográfica, teatral, literária e intelectual de cunho científico; reconquista do prestígio internacional e proteção institucional contra os inimigos da democracia, entre outras ações que nos devolvem o orgulho de ser brasileiros.

Tudo perfeito? Claro que não. Ainda estaremos por muitos anos entre os países com maior índice de desigualdade social, e a pobreza é algo que a um só tempo nos entristece e envergonha; nossas escolas e universidades carecem de maior atenção, mais recursos, mais tecnologia, mais bibliotecas e mais computadores disponibilizados full time a alunos, professores e funcionários; precisamos de mais casas para as famílias pobres e maiores cuidados (efetivos) com a preservação do meio ambiente; aparelhamento e medidas de inteligência contra a violência que campeia país afora; melhor assistência médica e hospitalar gratuita; maior representatividade de gênero, raça e cor em cargos de importância na estrutura de governo, e mais avanços no sentido de assegurar a todos mobilidade eficiente e confortável.

É claro, pois, que ainda há muito a fazer e conquistar, mas só aos olhos obnubilados do fanatismo político mais vil e mesquinho, do fundamentalismo religioso mais desprovido de racionalidade, dos interesses inconfessáveis de partidos políticos de direita e extrema direita, podem-se negar as evidências: o Brasil é outro desde janeiro do ano que termina.

E crescerá em 2024 para além das previsões desonestas de economistas liberais a serviço dos donos do dinheiro, essa gente perversa da Faria Lima, e de uma imprensa que manipula dados, forja situações improváveis e difunde por interesses escusos o pessimismo em escala criminosa.

Num cenário externo confuso, quer sob o ponto de vista econômico, quer sob o ponto de vista político, com nuvens pesadas desenhando imagens ameaçadoras nos céus de superpotências, como os Estados Unidos, ou países medíocres, a exemplo da Argentina, é mau brasileiro aquele que cerrar os olhos para o sucesso com que chega ao final do primeiro ano de mandato o petista Luiz Inácio Lula da Silva, e escancaradamente questionável o caráter dos que cospem no prato em que comem (que me desculpem a falta de imaginação do lugar comum).

Viúvas do arbítrio, amantes do atraso, comparsas da criminalidade subliminar, saudosistas do autoritarismo primitivo de antes --- e afeitos ao moralismo torto e rasteiro que nutre o sonho de voltar, esses não passarão. Não passarão.

Feliz Ano Novo!

 

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

O mais pobre, o mais simples

Eis que chega o Natal!

Como o simbolismo da data propõe, obra do talvez ou do quem sabe, como que por milagre ou passe de mágica, assim, de repente, nossos corações tornam-se mais delicados, sensíveis às boas coisas da vida --- e aos bons sentimentos para com o real sentido de nossa existência.

Os olhos, por tantas vezes incapazes de enxergar o outro, parecem desanuviados, e finalmente veem...

Veem que somos todos iguais, e de que nada valem, em dimensão verdadeira, as diferenças que nos separam. Dinheiro, Poder, Luxo... De nada valem, insisto, em dimensão verdadeira!

Ali, entregue à própria sorte, pode-se ver um homem desvalido, uma mulher sem nada para dar de comer ao filho, uma criança que suplica por um resto de comida: o pedaço do sanduíche, um pouco do sorvete, um copo do refrigerante. Quem sabe um brinquedo... um chinelo, uma camisa, um calção...

Mas nossos olhos, disse o poeta, são pequenos para ver!

Eles estão por toda parte: nos sinais da esquina, nos bancos de praça, nas ruas, nas favelas... E não tivemos olhos para ver!

Mas eis que chega o Natal, e com ele uma nova chance de repensar nossas vidas, de abrir os braços para os que, sendo nossos irmãos, carecem tanto da nossa atenção. E lhes negamos, por comodidade ou perversa indiferença... lhes negamos!

E pensar que é tão pouco o que pedem, tão pequeno o pedaço de pão, o prato de comida com que se pode matar a fome alheia --- ou a manifestação de carinho para aliviar a dor de alguém. A ajuda para o remédio com que se pode tratar a doença... tão pouco... a roupa decente que cobrirá o corpo quase nu! É tão pouco!

Mas foi preciso que chegasse o Natal para fazer cair a ficha, e nos fazer voltar a ver para além dos muros de nossa casa e do nosso egoísmo!

E, no entanto, o Natal "é sempre!" Ontem e agora, assim como será no amanhã!

É Natal quando nos tornamos capazes de sentir o sofrimento alheio e não medir esforços para amenizá-lo. É Natal quando nos indignamos com a injustiça, a exploração, o domínio de um sobre o outro. É Natal quando estendemos a mão a quem precisa de nossa ajuda, quando pagamos o salário digno a quem nos serve, quando repartimos, quando "dividimos"... É Natal quando "diminuímos" a miséria alheia na proporção de nossas possibilidades... Quando nos "somamos" a quem está sozinho e já perdeu a esperança!

É Natal, enfim, quando "multiplicamos", não os bens materiais, mas os bons sentimentos dentro de nós, a semente da solidariedade, o amor ao próximo, a crença de que é possível um mundo menos desigual e mais humano, mais livre, mais fraterno, em sua dimensão maior e mais profunda!

É Natal quando aplacamos o ódio! Quando perdoamos!

Eis que chega o Natal! Aquele que é, em sua essência, menos festa e mais fraternidade; menos luzes de decoração e mais compreensão; menos enfeites na parede, menos avelãs e figos, frutas e doces cristalizados à mesa...

Pois que é Natal, verdadeiramente, quando nos alimentamos de amor no coração!

Que, neste Natal, possamos de uma vez por todas, com utopia ou sem ela, compreender o que realmente importa, muito para além das árvores enevoadas artificialmente, das luzes piscantes, das bolinhas coloridas a nos encher os olhos --- das crianças e dos homens... Muito mais que a roupa cara, o sapato novo, a joia rara...

É Natal!

Nasce um menino! O mais pobre, o mais simples! Nasce o Menino-Jesus!

E sua morada, um dia, que não sabemos quando, haverá de ser o coração do homem!

 

P.S. Aos leitores e leitoras, gratidão! E votos de boas-festas!

 

 

 

 

 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Natal no Coração

Em 2016, quando ganhou o Nobel de Literatura, não foram leves (muito menos embasadas) as vozes que se levantaram mundo afora contra a premiação. Afinal, Bob Dylan era um nome da música pop internacional contemporânea. Como não se tratasse do poeta de rara sensibilidade e dotado de pleno domínio da carpintaria poemática.

Sete anos depois, ao lado de sua produção musical invariavelmente fértil ao longo desse período, Dylan volta em livro magnífico sobre a música inglesa e americana, notadamente aquela que embalou corações do mundo inteiro nos trinta anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.

Trata-se do belíssimo "A Filosofia da Música Moderna", que chega aos brasileiros pela Companhia das Letras. Fartamente ilustrado com fotografias e vazado numa linguagem sob qualquer aspecto rebuscada, e talvez por isso mesmo envolvente e agradável de ler, o livro nasce clássico e se coloca entre os maiores lançamentos do ano.

Como nos versos de Walt Whitman, que o próprio Dylan cantou à perfeição, desenha-se diante do leitor o ser dialético que o bom conhecedor de poesia tanto ama: "Me contradigo?/Tudo bem, então me contradigo,/Sou vasto, contenho multidões".

O comentário, que faz parte de um projeto despretensioso de incentivo à leitura (e fomento à fruição artística), e que tem sempre merecido a melhor atenção do público, em sua totalidade interessado em ficar em dia com a produção cultural do país e do mundo, suscitou muitas mensagens de acolhida, por e-mail e WhatsApp, sobretudo. Para muita gente, além dos textos do blog (alderteixeira.blogspot.com.br) e do jornal Segunda Opinião, esse projeto vem se constituindo num estímulo à cultura: literatura, música e cinema à frente.

É esta a razão por que chega a minha vez de agradecer a todos. Ao fazê-lo, gostaria de frisar o interesse demonstrado sobre o artista americano, compreensivelmente pouco conhecido da maioria das pessoas que se manifestaram sobre o comentário em pauta. Natural, uma vez que, afora os verdadeiros entusiastas da música pop, Dylan não alcançou entre nós o prestígio, digamos, dos Beatles ou mesmo de Elvis Presley, para destacar os maiores. É claro que me refiro ao grande público, a quem o acesso à obra de Bob Dylan só mais recentemente se tornou possível. Muitas dessas mensagens, por exemplo, sugerem que volte a falar sobre o Dylan-poeta, como a revelar, inconscientemente, algum preconceito em face de sua premiação pela academia sueca.

Nada surpreendente. Ocorreu o mesmo, entre nós, a Gilberto Gil quando de sua indicação para a ABL. É que existe de fato certa dificuldade do público em compreender que os critérios de avaliação são diferentes para o que se convencionou chamar de "letra" na perspectiva da poesia "de papel"*: nesta, é fácil estabelecer como se estruturam os versos, como estão escandidos, que notação rítmica pretende o autor na composição do poema, enquanto naquela esses critérios obedecem à forma como os versos são cantados, como soam ao sabor de entoações que ressaltam os efeitos rítmicos, sonoros --- a musicalidade propriamente dita.

O que importa, contudo, a fim de que se evitem julgamentos apressados e desprovidos de embasamento teórico, é pontuar que numa e noutra, isto é, na poesia da letra e na poesia "de papel", a verdadeira força estética reside no sentido, na mensagem, ainda que literatura seja antes de tudo "forma". Mas esta, ressalte-se, nunca se desprende do conteúdo. Não existe forma sem conteúdo, mesmo na pintura abstrata, na música erudita, nas edificações arquitetônicas, na poesia concreta, no espetáculo de dança, nas instalações e nas performances corporais. Se é linguagem, é sentido, é expressão de ideia, de sentimento, de emoção, de percepções de mundo etc.

E é sob aspecto, por último, que, em relação a Bob Dylan, cometem-se as mais equivocadas avaliações, como se suas letras não estivessem carregadas de imagens poéticas desconcertantes, mesmo quando constituem narrativas, discursos sobre a realidade política, as subjetivações de toda ordem, o amor, a perda, a saudade e o sonho. Não sem razão, pois, é que algumas dessas letras --- ocorre-me lembrar de "Talking New York" (O Assunto é Nova York) --- parecem ser faladas e não cantadas, mesmo em disco.

Sobre a sua poesia, a sua literatura, no entanto, voltarei a falar depois, não sem antes aproveitar para desejar a todos os leitores um Feliz Natal. A propósito, é oportuno lembrar que fez um disco dedicado por inteiro à data, cuja venda foi totalmente doada a pessoas pobres: "Christmas in the Heart" (2009), é como se intitula.

Dylan tem bom coração.

 

*O termo foi criado pelo pesquisador e poeta Álvaro Faleiro, da USP.  

 

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Aqui se faz, aqui se paga

Mudam de céu, não de alma, os que correm para além do mar, Horácio, 65-8 a.C.

Foram necessários poucos anos para dar-se a ver a face implacável dos deuses. O herói de ontem, justiceiro aos olhos de turbas endiabradas do nacionalismo mais reles, cai por terra, enlameado pelas falcatruas que protagonizou; o "ex-presidiário", objeto de suas desenfreadas perseguições movidas a ódio e infâmia, é presidente do Brasil; e, ironia do destino, o ex-presidente que ajudou a eleger-se, caminha a passos largos para se tornar "presidiário", finalmente condenado, por viés indireto, pelos mais de duzentos mil mortos por falta de vacina (aos quais, perverso, imitava morrendo sem ar nos pulmões). Agora enreda-se em correntes de joias subtraídas ao patrimônio público.

Desmoralizado aos olhos de um país inteiro, à parte os três ou quatro gatos pingados que o aplaudem ainda, indiferentes às evidências de sua desfaçatez, Sergio Moro é alvo do próprio canibalismo de que se alimentou com a carne dos injustiçados, marcados a ferro e fogo por sua ira pautada em "convicções" sem provas.

Como cachorro caído de carroça de mudanças, tropeça perdido em busca da salvação para seu mandato, calcado a custo elevado de corrupção e apoios inconfessáveis.

Tal qual o canino infeliz do parágrafo acima, não sabe onde está a casa antiga, tampouco imagina onde fica a nova. Um passo mais, é-lhe o precipício.

Enquadrado em close up durante sabatina no Senado, quase a beijar Flávio Dino, e agarrando-se a ele como um náufrago à tábua de salvação, vota às escondidas, sem coragem para revelar o que decide, mesmo para o irmão-siamês, ex-procurador e ex-deputado Deltan Dalanhol, "desesperado" em face do resultado da votação que levaria o indicado do presidente Lula ao STF.

A exemplo das trocas de mensagens carregadas de sordidez, com que tramava com procuradores a condenação de Lula, expõe mais uma vez, desavisado e tolo, o que teclava com os poucos amigos que lhe restam hoje.

Em resposta a uma dessas mensagens, pode-se ver na imprensa, lê com apreensão o que o aguarda: "Amigo, pela estratégia relatada, aparentemente, não há o que ser dito. Eu disse ao Deltan que você sabe o que faz e estarei ao seu lado sempre...". Esperemos o próximo capítulo do dramalhão.

Acorrentado à sujeira de suas asquerosas pretensões, vê-se alvo do fundamentalismo odiento dos bolsonaristas nas redes sociais, inconformados com seu desempenho à luz plena dos holofotes da tevê, e com o desfecho trágico que se anuncia para o mito e seus apaniguados, os destruidores da coisa pública e o ideário neo-fascista de que se nutriram nesses muitos anos.

Incomodado já no transcorrer da sabatina com o que define como "uma celeuma nas redes sociais", Moro tenta, em vão, esquecer seu próprio entusiasmo quando as mesmas redes sociais que o espezinham hoje, erigiam-no, boneco inflado, como o novo herói da Nação.

Quando se juntou à boiada, faz pouco tempo, Sergio Moro não mediu esforços nem expediente para fazê-lo, jogou a toga negra para dedicar-se ao projeto fascinoroso, ajudando, como ficou dito, a eleger o mito que agora o canibaliza --- e jactando-se justiceiro da gentalha.

Cuspindo à direita e à esquerda, à sombra do abandono, como um lagarto sedento, queda politicamente morto. E é indefensável como homem.   

 

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

La Divina

É provável que muitos dos leitores desta coluna não gostem de ópera, mesmo quando faço esta referência, não ao espetáculo propriamente dito, mas à música, ao canto operístico a que se pode ter acesso com facilidade, independentemente da região em que se vive, em diferentes mídias. Poucos, no entanto, haverão de ignorar o nome da soprano nova-iorquina Maria Callas.

Dona de uma voz inconfundível, com uma extensão aguda que a notabiliza como intérprete de grandes clássicos do gênero, Maria Sophia Cecília Anna Kalogeropoulos, seu verdadeiro nome, nasceu em Nova Yorque, Estados Unidos, há exatos cem anos.

Dotada de uma beleza um tanto exótica, lábios carnudos, queixo fino e cabelos pretos que lhe conferiam uma identidade marcante, Maria Callas é nome que extrapola os limites meramente artísticos, no que se sabe foi inigualável, muito pelos traços de sua personalidade transgressora e mais ainda pelos casos passionais em que esteve envolvida, a exemplo de sua conturbada relação extraconjugal com o magnata Aristóteles Onassis.

No caso, é conhecida a história: no verão de 1959, ao lado do marido, Callas embarcaria no iate do bilionário grego, também ele acompanhado da mulher, Athina Livanos. Na viagem, a soprano revelaria ao marido sua incontrolada paixão por Onassis, com quem passaria a viver uma tórrida relação amorosa, até o dia em que este a trocaria por ninguém menos que Jacqueline Kennedy, a ex-primeira dama dos Estados Unidos, com quem se casou. Para não falar do amor não-correspondido pelo cineasta homossexual Luchino Visconti.

Foi na vida artística, no entanto, que Maria Callas conquistou o prestígio que a imortalizaria, protagonizando uma das maiores revoluções estéticas nos palcos da grande ópera. Isto porque, desde os primórdios, a ópera era venerada enquanto gênero predominantemente musical, pouco destacando-se como espetáculo dramático.

Comenta-se, sob este aspecto, que o público habitualmente mantinha os olhos fechados durante as apresentações, como a tentar concentrar os sentidos na audição do canto. Callas associa à interpretação vocal, no que foi absolutamente genial, sua forte presença física no palco, elevando a ópera à condição de tragédia, de espetáculo teatral, para o que terá sido decisivo o paroxismo de sua própria vida, também ela sob muitos aspectos marcada pela hybris (arrogância ou orgulho funesto) recorrentes na linguagem operística da Antiguidade.

Pelo sim, pelo não, o melhor é sopesar esse registro como mera especulação, leve-se em conta o fato de que a ópera é uma arte para a qual convergem as mais diferentes estéticas, com destaque para a música, a dança e o teatro.

Seja como for, esta é a arte em que a soprano Maria Callas sempre sobressaiu, mas é de sua voz que vem o brilho de uma verdadeira deusa. Não à toa, tornar-se-ia conhecida como "La Divina".

À sua vocação dramática, contudo, de contornos quase místicos, deve-se atribuir muito do seu enorme talento e do reconhecimento de sua arte sublime, a que se prendem, por certo,  alguns "toques" da cantora-atriz instantes antes de adentrar o espaço cênico, como o costume de ajoelhar-se e esmurrar o chão para invocar a ajuda dos deuses.

Além desses atributos, força vocal, extensão, resistência, virtuosismo e vocação trágica, sobressaem na figura de Maria Callas um nítido sentimento de realidade dramática e uma coerência estilística poucas vezes vistos num só intérprete.

É emblemático, sob este aspecto, sua atuação como Norma, a esférica personagem da ópera homônima de Bellini, felizmente acessível ao grande público em DVD e nos canais de streaming.

Sem esquecer o único filme em que atuou, emblematicamente bem, diga-se em tempo, no papel de "Medéia", na releitura do clássico de Eurípedes para o cinema, por Pier Paolo Pasolini.

Aos curiosos sobre a arte de Maria Callas --- ou verdadeiros amantes ---, além do Youtube, pode-se escutar no Spotify o recém disponibilizado "100 Best Maria Callas – Her Hundred Greatest Classics", 2023.

Imperdível.