Preconceito inconsciente (ou não!), leva as pessoas a afirmar que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher. Ocorre-me pensar nisso mal me chega a triste notícia da morte de Teonila Araújo, quando, o coração em prantos, passo em revista a convivência de muitos anos que tive o prazer de travar com essa família admirável que construiu ao lado do marido, Raimundo Felipe. Ao lado, rigorosamente ao lado!
Aliás, é tarefa difícil trazer à memória, agora que nos deixa, a figura de um sem o outro.
Teonila e Raimundo Felipe eram, se diz tanto isso, como carne e osso, indissociáveis em sua beleza enquanto casal. Beleza e dignidade; beleza e elegância no sentido mais essencial da palavra. Beleza e generosidade em forma de gente, e simplicidade, e bondade humana, e todos os bons substantivos que se possa dizer sobre pessoas como foram, juntos, numa vida longa e saudável que souberam, exemplarmente bem, dividir como um casal. E ser exemplo.
Tive, como disse, o privilégio de conviver estreitamente com a família de Teonila e Raimundo Felipe. De ter, por isso, como amigos e como irmãos, pelo sem-fim dos tempos, gente da qualidade humana de Ana, Tadeu, Miguel, Tereza, Rejane, Dione e Júnior.
E quando me refiro à qualidade humana desses irmãos, que é mesmo a opinião unânime daqueles que os conhecem de perto, faço-o para evidenciar que está nisso o resultado do trabalho de pais-educadores que foram à perfeição. Teonila, então... Que firmeza de caráter possuía essa mulher, que retidão de princípios, que serenidade era capaz de demonstrar nas horas mais difíceis, que leveza de espírito sabia expressar, que doçura vinha do seu coração para festejar a alegria da paz e do amor entre familiares e amigos ao final de cada ano.
Fui, permitam-me ser redundante, de dentro da casa de Teonila. Guardo dessa convivência lembranças tão boas e tão marcantes, que não encontro, profissional da palavra, força de linguagem que possa dizer com exatidão o que quero, o que gostaria, o que tinha por obrigação dizer... Que Teonila me perdoe por isso.
Fico, insisto, muitíssimo triste por saber que nunca mais os verei de novo, ali naquela calçada, em suas cadeiras de balanço, esperando, como rei e rainha, a noite chegar. A paz dos bons e dos justos.
Que Deus dê a Raimundo Felipe, na dignidade dos seus mais de noventa anos, a força de que vai precisar para suportar a saudade, a ausência de Teonila, essa mulher "imensa" que acabou de partir.
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