Pouco menos de dois meses desde a posse, foi tempo bastante para o governo Jair Bolsonaro justificar os adjetivos que vem recebendo Brasil afora: "Despreparado, contraditório e corrupto". É verdade que ainda há gente procurando justificar o desastre, mas duvido que o faça à frente do espelho.
É tudo uma questão de consciência, e, agora, pelo que se vê com o projeto de reforma da Previdência, de bolso, pois, cedo ou tarde, a conta vai chegar para setores da classe média e, de forma desumana, para os muito pobres. Em meio a esses, claro, estão muitos dos babacas que foram à praça pública requebrar e fazer com o indicador e o polegar o desenho de um revólver. Tudo por amor ao Mito.
E por falar nisso, Mito, segundo Fernando Pessoa, o poeta português, "é o nada que é tudo". Pois é, a literatura sempre chega para mostrar ao homem que ele pode se tornar melhor. No caso, um pouco de leitura e vergonha na cara, quem sabe ajudem. Leitura para crescer intelectualmente, para ver com olhos críticos a realidade; vergonha na cara para não vender, como um Fausto extemporâneo, a alma ao diabo por ódio a quem tanto fez pelos menos favorecidos deste país.
Todos sabem de quem estou falando, claro, não vou dizer seu nome. Quer prova mais concreta?
O outro cabotino, que há pouco tempo dizia alto e bom tom que "caixa dois é a pior corrupção", agora, de olho numa cadeira do STF, sem a menor cerimônia, vem a publico dizer que "não, caixa dois não é crime, não é corrupção". Assim mesmo, com todas as letras. Vamos combinar: é muita desfaçatez, não? E ainda há "igrejinhas" de happy hour defendendo essa gente e se dizendo contente com o atual governo, crentes de que o melhor chegará em pouco tempo. O preocupante é que, na perspectiva do que essa gente considera bom para o país, é hora de dizer: "Quando melhor, pior!"
Falei em projeto da Previdência e não desci a detalhes. Precisa? É aumento de alíquota para servidor público "pra cá", muito mais tempo de contribuição "pra lá" e (pasme, cara pálida!) a quase impossibilidade de alguém encerrar a carreira percebendo o salário integral. Ou seja, quando o sujeito parar de trabalhar, lá pelos 70 anos, ainda assim, se não contar 40 anos de contribuição, passará a receber bem menos que o líquido do último contracheque. Ocorre-me lembrar o que dizia sempre um velho amigo: "Chapéu de otário é marreta!"
Enquanto isso, alguém pode me dizer quem mandou matar a Marielle Franco, a vereadora do Rio que combatia diuturnamente os crimes das milícias cariocas? Não, ne?! Pois é, as pistas são mais do que claras. Êta Brasil!
P.S. Enquanto escrevia esta coluna, vejo no jornal: "Mulher de miliciano assinava chegue de Flávio Bolsonaro". É como caixinha de guardanapo: você puxa um, vem outro!