sexta-feira, 17 de maio de 2019

Educação, impeachment e desmandos

Fazer educação é um ato necessariamente político. Só mesmo num País que tem como presidente um fascista e delinquente, como o nosso, pode-se pensar numa educação sem orientação política, o que é, em si, também, uma forma de se fazer política. A diferença é que, no segundo caso, faz-se a política da alienação, negando ao educando aquilo que é uma conquista do homem desde a Grécia Antiga: o pensamento crítico diante da realidade.

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Não é a toa que o governo de Jair Bolsonaro se volta perversamente contra a Universidade, chamando de contingenciamento o que é um corte programático-ideológico dos recursos que lhe são destinados. Ao querer separar a educação da política, o que se pretende é levar a efeito uma intervenção sobre a principal instância geradora do pensamento crítico, impondo à sociedade brasileira um regime de força típico das ditaduras. Tudo sob o manto da falsa legalidade, o que é mais preocupante.

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Nunca, em tempo algum, que me permitam a redundância, vimos o Brasil entregue ao que existe de pior em termos morais e políticos. O que se vê, para além do escancarado despreparo de Jair Bolsonaro, é a prática generalizada da desfaçatez na intimidade do Poder. A coisa é de tal modo grave, que uma aberração se sobrepõe a outra com o passar das horas, levando o País a um estado de desmoralização para o qual não se encontra par nos tempos de hoje.

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Enfiada na lama da corrupção e do conluio com as milícias do Rio de Janeiro, conforme as primeiras investigações indicam, a família Bolsonaro vai sendo aos poucos desmascarada. Agora abandonado pelo presidente, que lhe atribui responsabilidade pelo vazamento de informações que dão a ver o esquema criminoso, Fabrício Queiroz é identificado como suposto articulador dos negócios envolvendo o gabinete do filho de Jair Bolsonaro e o que existe de mais hediondo na criminalidade da capital fluminense.

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Fica mais que comprovado que Flávio Bolsonaro e o próprio presidente da República, no âmbito de seus gabinetes políticos, abrigaram anos a fio inúmeros assessores com ligações estreitas com uma das milícias mais violentas da cidade. Mais que isso: Flávio Bolsonaro lançou mão desses assessores na campanha que o levou ao Senado, o que, num País menos prostituído que o Brasil de hoje, implicaria no seu afastamento imediato das funções, pelo menos até que os ilícitos fossem devidamente apurados.

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Nem mesmo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, manteve-se à margem dos escândalos. É de domínio público que, entre as movimentações financeiras do "ex-motorista", Fabrício Queiroz, está um cheque de R$ 24 mil cuja razão de ser continua não esclarecida. Ela, sabe-se, não tem foro especial e será, presume-se, investigada pela Promotoria do Rio de Janeiro.

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A agravar o quadro desesperador para o atual governo, está na edição de hoje dos principais jornais, a economia do País vai de mal a pior, o que enseja o ressurgimento da palavra impeachment nos bastidores do Poder. Prestigiada coluna da Folha, por exemplo, sentencia sobre essa hipótese: "Não com ares de conspiração. O tom é de resignação pela incapacidade do governo de dar vazão a uma pauta efetiva."

 

Em tempo: Alguém pode dizer onde quedam, envergonhados, os manifestantes da Praça Portugal?    

   

 

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