Leio com entusiasmo os contos de Everton Alencar, publicados neste semanário. Maior e mais brilhante expressão intelectual da terra, Everton tem brindado os leitores do A Praça com histórias curiosas e instigantes, num estilo incisivo que prende e cumplicia, lembrando as crônicas de Nelson Rodrigues em A vida como ela é. Com um domínio absoluto da linguagem, observa as marcas típicas do gênero - contenção, economia de meios, unidade dramática, de tempo e espaço, onde, embora eventual, o diálogo aparece de modo decisivo, o que confirma o escritor de talento que sempre foi, Everton explora à perfeição temas envolventes, como o desejo sexual, as paixões desenfreadas e a traição amorosa. Além da orgia, natural. Na veia, com a interferência de cunho subjetivo que é mesmo uma característica que põe a ver o boêmio assumido, seduz o leitor e torna-o participante do enredo, que, breve, é bastante para revelar as forças do inconsciente desperto.
Por certo, terá críticos e haverá quem o considere um libertino, que o mundo anda cheio de reprimidos confessos. É que se vê, pela primeira vez, nas fronteiras do nosso jornalismo, tratado em linguagem estética, esse riquíssimo material humano, tão comum nas conversas informais de homens e mulheres - às escondidas, claro -, mas enfaticamente proibido à luz do dia. Lembro, que repercussão parecida tiveram os meus “contos banais”, publicados na revista Em Foco. É que essa literatura incomoda, faz as vezes de espelho, expondo os demônios interiores de cada um. Algo muito próximo do que já vimos, em proporções devidas, acontecer com escritores canônicos, como Jorge Amado, Hilda Hilst e, o já citado, Nelson Rodrigues. “Ce qui est immoral, c`est la bêtise”, já disse Remy de Gourmont, ou seja, imoral é a tolice.
Não escrevo aqui para homenagear o homem de talento raro que é Everton Alencar, já tão reconhecido nos meios acadêmicos, pelo brilhantismo de sua inteligência e de sua vasta cultura. Faço-o por dever de ofício, para ressaltar a técnica originalíssima que desenvolve com seus mini-contos, de uma força sugestiva poderosa, em que pese a simplicidade do estilo por que traz à tona comportamentos humanos reais ou unicamente possíveis. Num gênero traiçoeiro, porque só aparentemente fácil, como é o conto, e condicionado às limitações de espaço, naturais em um veículo como este, Everton propicia-nos uma experiência para além de envolvente e agradável, diria mesmo, deliciosa, a cada quinzena. Ganha o A Praça, ganha o jornalismo literário (não me refiro àquele que se dedica a falar de literatura, mas que revela no ofício o gênio do artista que escreve para jornal), ganhamos os seus leitores, ganha o limitado universo dos ficcionistas iguatuenses, com as primeiras investidas de Everton Alencar no campo da narrativa. O poeta, já o sabíamos grande. Muito embora, diga-se de passagem, também na prosa seja exuberante o lirismo que sai de sua pena, bem à Manuel Bandeira, pungente, compungitivo, como o lirismo dos clowns de Shakespeare.
Por certo, terá críticos e haverá quem o considere um libertino, que o mundo anda cheio de reprimidos confessos. É que se vê, pela primeira vez, nas fronteiras do nosso jornalismo, tratado em linguagem estética, esse riquíssimo material humano, tão comum nas conversas informais de homens e mulheres - às escondidas, claro -, mas enfaticamente proibido à luz do dia. Lembro, que repercussão parecida tiveram os meus “contos banais”, publicados na revista Em Foco. É que essa literatura incomoda, faz as vezes de espelho, expondo os demônios interiores de cada um. Algo muito próximo do que já vimos, em proporções devidas, acontecer com escritores canônicos, como Jorge Amado, Hilda Hilst e, o já citado, Nelson Rodrigues. “Ce qui est immoral, c`est la bêtise”, já disse Remy de Gourmont, ou seja, imoral é a tolice.
Não escrevo aqui para homenagear o homem de talento raro que é Everton Alencar, já tão reconhecido nos meios acadêmicos, pelo brilhantismo de sua inteligência e de sua vasta cultura. Faço-o por dever de ofício, para ressaltar a técnica originalíssima que desenvolve com seus mini-contos, de uma força sugestiva poderosa, em que pese a simplicidade do estilo por que traz à tona comportamentos humanos reais ou unicamente possíveis. Num gênero traiçoeiro, porque só aparentemente fácil, como é o conto, e condicionado às limitações de espaço, naturais em um veículo como este, Everton propicia-nos uma experiência para além de envolvente e agradável, diria mesmo, deliciosa, a cada quinzena. Ganha o A Praça, ganha o jornalismo literário (não me refiro àquele que se dedica a falar de literatura, mas que revela no ofício o gênio do artista que escreve para jornal), ganhamos os seus leitores, ganha o limitado universo dos ficcionistas iguatuenses, com as primeiras investidas de Everton Alencar no campo da narrativa. O poeta, já o sabíamos grande. Muito embora, diga-se de passagem, também na prosa seja exuberante o lirismo que sai de sua pena, bem à Manuel Bandeira, pungente, compungitivo, como o lirismo dos clowns de Shakespeare.
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