A propósito da crônica O amor platônico, publicada outro dia neste espaço, leitora levanta a intrigante questão: - "Já o conheci mais crente no amor. Gostei da crônica, mas..." (sic). Em tempo devo observar que, com rigor, não sei precisar se se trata de leitor ou leitora, uma vez que o comentário veio com o perfil anônimo. Irrelevante. Na dúvida, intuitivamente, faço a opção de me dirigir a uma mulher. A resposta vai aqui em tom de conversa.
Olha, amiga, não deixei de acreditar no amor. O texto a que você se refere constitui uma reflexão em torno do olhar do filósofo grego sobre o tema, que, como deixei evidenciado, considero um dos momentos mais altos de O Banquete. Daí a me ter assumido como um descrente vai um abismo de diferença. Continuo achando que é o amor, no sentido em que foi discutido, uma das forças que movem nossas vidas de forma mais dinâmica e envolvente. O que não significa dizer, claro, que estejamos de olhos fechados para as artimanhas que ele nos tem pregado aqui e além.
Nesse sentido, ocorre-me lembrar o caso curioso de um amigo: viveu um relacionamento mais que intenso, no qual havia projetado todo o entusiasmo de que é possuidor. Mas, como é comum na história dos amantes, algo deu errado e o rompimento foi inevitável, o que se deu há coisa de uns dois, três anos. Até aí, nenhuma novidade. A curiosidade está em que ele, na contramão de todas as evidências, crê convictamente que o destino haverá de recompor o romance a qualquer tempo. "Mesmo, diz ele, quando estivermos velhinhos, mas vamos nos reencontrar, sim!" Se o otimismo é infundado, não sei, mas nunca é demais lembrar que, filosficamente falando, a utopia é o que torna possível as grandes transformações na vida do homem.
Aliás, revi dia desses o filme O amor nos tempos do cólera, plasmado no livro homônimo de Gabriel García Márquez. Um tanto inferior à obra em que está embasada, a película é muito bonita e trata, dado algum desconto, exatamente do que estamos falando. Um homem perde a mulher amada e dedica seus dias, no espaço impensável de mais de 50 anos, a esperar o momento de reafirmar o seu amor. A cena em que isso acontece, e que é uma das mais belas do filme, se dá em circunstâncias não muito normais, quando o marido da ex falece e ele decide ir ao velório. Cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias depois, para ser preciso, Florentino Ariza, como se chama o personagem eternamente apaixonado, reitera à viúva a sua fidelidade. Não vou contar o final, mas recomendo.
Como dou a ver, leitora, não me tornei um descrente no amor. Por enquanto, contudo, fico 'meio que à distância', como dizem os mais jovens, torcendo pelo reencontro do meu amigo com a mulher amada. Quem sabe, no seu caso, a vida não venha a imitar a arte. É a minha forma de continuar acreditando, sem saber por quê.
Obrigado pelo comentário. Volte ao blog, sempre que puder.
Olha, amiga, não deixei de acreditar no amor. O texto a que você se refere constitui uma reflexão em torno do olhar do filósofo grego sobre o tema, que, como deixei evidenciado, considero um dos momentos mais altos de O Banquete. Daí a me ter assumido como um descrente vai um abismo de diferença. Continuo achando que é o amor, no sentido em que foi discutido, uma das forças que movem nossas vidas de forma mais dinâmica e envolvente. O que não significa dizer, claro, que estejamos de olhos fechados para as artimanhas que ele nos tem pregado aqui e além.
Nesse sentido, ocorre-me lembrar o caso curioso de um amigo: viveu um relacionamento mais que intenso, no qual havia projetado todo o entusiasmo de que é possuidor. Mas, como é comum na história dos amantes, algo deu errado e o rompimento foi inevitável, o que se deu há coisa de uns dois, três anos. Até aí, nenhuma novidade. A curiosidade está em que ele, na contramão de todas as evidências, crê convictamente que o destino haverá de recompor o romance a qualquer tempo. "Mesmo, diz ele, quando estivermos velhinhos, mas vamos nos reencontrar, sim!" Se o otimismo é infundado, não sei, mas nunca é demais lembrar que, filosficamente falando, a utopia é o que torna possível as grandes transformações na vida do homem.
Aliás, revi dia desses o filme O amor nos tempos do cólera, plasmado no livro homônimo de Gabriel García Márquez. Um tanto inferior à obra em que está embasada, a película é muito bonita e trata, dado algum desconto, exatamente do que estamos falando. Um homem perde a mulher amada e dedica seus dias, no espaço impensável de mais de 50 anos, a esperar o momento de reafirmar o seu amor. A cena em que isso acontece, e que é uma das mais belas do filme, se dá em circunstâncias não muito normais, quando o marido da ex falece e ele decide ir ao velório. Cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias depois, para ser preciso, Florentino Ariza, como se chama o personagem eternamente apaixonado, reitera à viúva a sua fidelidade. Não vou contar o final, mas recomendo.
Como dou a ver, leitora, não me tornei um descrente no amor. Por enquanto, contudo, fico 'meio que à distância', como dizem os mais jovens, torcendo pelo reencontro do meu amigo com a mulher amada. Quem sabe, no seu caso, a vida não venha a imitar a arte. É a minha forma de continuar acreditando, sem saber por quê.
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