Vira e mexe leitores do blog implicam com o fato de escrever tanto sobre filmes antigos, e não "novos", como gostariam. Decido, hoje, justificar o que esperava fosse desnecessário: Não se fazem filmes como os de antigamente. Ou muito pouco. Refiro-me, para ser mais claro, à produção dos anos 30, 40, 50 e, vá lá, 60, até onde termina a fase áurea do cinema francês, a Nouvelle Vague, sobretudo, com a presença incontornável de François Truffaut. Sem esquecer, óbvio, um certo Godard, Eric Rohmer e Claude Chabrol. Depois desses, é Claude Lelouch quem me encanta, nomeadamente o cineasta de primeira hora. Gente da estirpe de Bergman, Rossellini, Kurosawa...
Por oportuno, vindo das mãos de L. G. de Miranda Leão, meu mestre e amigo querido, li outra dia um belo comentário de André Barcinski sobre o assunto. O conhecido crítico chama a atenção para o que pode explicar a pobreza do cinema de hoje, esses que lotam as salas mundo afora: "Filmes eram feitos para cinema. Ninguém achava que o filme seria visto e depois revisto em VHS, laser-disc, DVD, Blu-Ray, TV a cabo, internet etc." Está certo.
Nada contra o acesso fácil e barato aos filmes, diga-se em tempo. Ninguém mais que eu haverá de rever com tanto entusiasmo os clássicos de todo gênero do velho cinema. Mas a ampliação do mercado, claro, com os meios de reprodutibilidade técnica a que se referiu Walter Benjamin em ensaio obrigatório, se por um lado socializou o acesso às grandes obras, por outro, como advertiu Adorno, ensejou o fortalecimento da Indústria Cultural.
Dos anos 70 à atualidade, passou-se a fazer cinema com os olhos na bilheteria, como informalmente já ocorria com parte da produção cinematográfica do passado, Hollywood à frente. A partir daí, tornou-se comum a realização de pesquisas a fim de saber o que o público gostaria de ver, do que resultou a produção de filmes de categoria inferior do ponto de vista estético. Como lembra Barcinski, "o cinema virou um grande saguão de aeroporto, igual em toda parte."
Em atenção ao protesto dos leitores, todavia, devo evidenciar que vejo e revejo os bons filmes do que se pode considerar o cinema "moderno". Nesse sentido, embarco com o que afirmou certa vez um importante crítico americano morto ano passado: "O que há é filme bom e filme ruim." Bate. O resto passa a ser secundário.
Essa semana, a propósito, revi Blade Runner (O caçador de androides), o filmaço dirigido por Ridley Scott, com Harrison Ford no papel principal. Trata-se de uma parábola de ficção científica levada a efeito com um rigor estético e um poder de imaginação dignos de nota: a história de seres sobre-humanos criados pela engenharia genética que se voltam contra seus criadores e ameaçam a população de uma grande cidade americana. Algo muito próximo do que se pode ver como uma metáfora maravilhosa sobre o destino dos homens na era pós-moderna, um mundo fragmentado e descontínuo que não sabemos aonde chegará. Como se vê, mesmo em se tratando do dito cinema comercial, é possível fazer coisas boas. Em termos cinematográficos, aqui está um exemplo.
Por oportuno, vindo das mãos de L. G. de Miranda Leão, meu mestre e amigo querido, li outra dia um belo comentário de André Barcinski sobre o assunto. O conhecido crítico chama a atenção para o que pode explicar a pobreza do cinema de hoje, esses que lotam as salas mundo afora: "Filmes eram feitos para cinema. Ninguém achava que o filme seria visto e depois revisto em VHS, laser-disc, DVD, Blu-Ray, TV a cabo, internet etc." Está certo.
Nada contra o acesso fácil e barato aos filmes, diga-se em tempo. Ninguém mais que eu haverá de rever com tanto entusiasmo os clássicos de todo gênero do velho cinema. Mas a ampliação do mercado, claro, com os meios de reprodutibilidade técnica a que se referiu Walter Benjamin em ensaio obrigatório, se por um lado socializou o acesso às grandes obras, por outro, como advertiu Adorno, ensejou o fortalecimento da Indústria Cultural.
Dos anos 70 à atualidade, passou-se a fazer cinema com os olhos na bilheteria, como informalmente já ocorria com parte da produção cinematográfica do passado, Hollywood à frente. A partir daí, tornou-se comum a realização de pesquisas a fim de saber o que o público gostaria de ver, do que resultou a produção de filmes de categoria inferior do ponto de vista estético. Como lembra Barcinski, "o cinema virou um grande saguão de aeroporto, igual em toda parte."
Em atenção ao protesto dos leitores, todavia, devo evidenciar que vejo e revejo os bons filmes do que se pode considerar o cinema "moderno". Nesse sentido, embarco com o que afirmou certa vez um importante crítico americano morto ano passado: "O que há é filme bom e filme ruim." Bate. O resto passa a ser secundário.
Essa semana, a propósito, revi Blade Runner (O caçador de androides), o filmaço dirigido por Ridley Scott, com Harrison Ford no papel principal. Trata-se de uma parábola de ficção científica levada a efeito com um rigor estético e um poder de imaginação dignos de nota: a história de seres sobre-humanos criados pela engenharia genética que se voltam contra seus criadores e ameaçam a população de uma grande cidade americana. Algo muito próximo do que se pode ver como uma metáfora maravilhosa sobre o destino dos homens na era pós-moderna, um mundo fragmentado e descontínuo que não sabemos aonde chegará. Como se vê, mesmo em se tratando do dito cinema comercial, é possível fazer coisas boas. Em termos cinematográficos, aqui está um exemplo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário