Num tempo em que se fala tanto em Direitos Humanos (assim, com maiúsculas), mesmo quando se trata de bandidos perigosos, assaltantes, pessoas capazes de atos extremos -- como atear fogo a suas vítimas, sejam índios ou dentistas, a exemplo do que se tem visto com certa frequência no país --, é revoltante saber o que se tem feito contra o cearense José Genoino a mando do presidente do STF Joaquim Barbosa. Esclareço:
Genoino é, pela voz unânime dos que o conhecem, um homem íntegro, com uma folha de serviços prestados ao Brasil que vão da atuação legitimada como congressista (dos mais respeitados de todos os tempos) à luta armada no Araguaia contra a ditadura, num exercício de coerência política que o notabilizou entre uns poucos brasileiros aos quais devemos tanto das nossas maiores conquistas em termos democráticos. Preso e torturado, jamais se curvou às práticas repressivas, mesmo quando teve a sua integridade ameaçada. Agora, outra vez.
Aos 67 anos e com um número expressivo de mandatos, como deputado federal por São Paulo, Genoino, como afirma a jornalista de direita Eliane Cantanhede, na edição de hoje, 21 de novembro de 2013, da Folha, "... nunca quis ser -- e não é -- um homem rico". Pelo contrário, mora em um endereço simples da periferia da capital paulista e seu patrimônio declarado (e reconhecido!) ao TSE é de pouco mais de 500 mil reais, aí contabilizado o apartamento, adquirido por financiamento, onde mora com a família.
O que fez, então, para estar preso e ser humilhado como tem sido? Todos sabem: Genoino assinou, como presidente do PT, um contrato de empréstimo do partido junto ao Banco Rural. Empréstimo integralmente pago, diga-se em tempo. Genoíno foi também avalista do PT quando da renovação do referido empréstimo a cada três meses.
Onde o crime?, haverão de perguntar os menos informados sobre a matéria. Esclareço novamente: o dinheiro era repassado para campanhas eleitorais de alguns dos partidos da base no PT no Congresso Nacional, a fim de que assegurassem ao governo Lula a governabilidade necessária para implantar as reformas de que agora tanto nos orgulhamos, mesmo aqueles que, beneficiados com os avanços ocorridos em todos os setores, não toleram um governo popular à frente dos destinos do Brasil.
Errou, que não é correto comprar corruptos, mesmo quando estão em jogo, como é o caso, os interesses mais legítimos de um povo, entenda-se por povo aquilo que o substantivo é, a palavra que define os segmentos menos favorecidos de uma dada sociedade.
Um dos partidos beneficiados, o PP, destinava parte do dinheiro para pagar a conta dos advogados contratados para defender deputados envolvidos com ilícitos, como Ronivon Santiago, aquele que confessou ter recebido 200 mil reais para votar a favor da reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Homem íntegro, como afirmou o colunista Marcelo Coelho, do ferrenho inimigo do PT, o matutino Folha de São Paulo, "dói muito ver a prisão de uma pessoa com o passado de José Genoino".
Mais ainda, acrescento, vê-lo submetido às humilhações com que se deliciam setores reacionários do país: as algemas só aceitáveis em casos de resistência ou fuga, as viagens desnecessárias (sobremaneira para um doente grave, como ele), o espetáculo montado pela TV, o tratamento hostil dispensado aos familiares, a empáfia de um majestático Joaquim Barbosa, tomado de ira contra tudo o que possa ofuscar sua vaidade doentia. Dói muito.
Pelo caráter, pela coerência entre o pensar e o agir, pelo que sempre sonhou e fez pelo Brasil, pela coragem com que lutou pelos brasileiros sem liberdade, nomeadamente os mais pobres e desassistidos, José Genoino não merecia o que lhe está acontecendo.
Genoino é, pela voz unânime dos que o conhecem, um homem íntegro, com uma folha de serviços prestados ao Brasil que vão da atuação legitimada como congressista (dos mais respeitados de todos os tempos) à luta armada no Araguaia contra a ditadura, num exercício de coerência política que o notabilizou entre uns poucos brasileiros aos quais devemos tanto das nossas maiores conquistas em termos democráticos. Preso e torturado, jamais se curvou às práticas repressivas, mesmo quando teve a sua integridade ameaçada. Agora, outra vez.
Aos 67 anos e com um número expressivo de mandatos, como deputado federal por São Paulo, Genoino, como afirma a jornalista de direita Eliane Cantanhede, na edição de hoje, 21 de novembro de 2013, da Folha, "... nunca quis ser -- e não é -- um homem rico". Pelo contrário, mora em um endereço simples da periferia da capital paulista e seu patrimônio declarado (e reconhecido!) ao TSE é de pouco mais de 500 mil reais, aí contabilizado o apartamento, adquirido por financiamento, onde mora com a família.
O que fez, então, para estar preso e ser humilhado como tem sido? Todos sabem: Genoino assinou, como presidente do PT, um contrato de empréstimo do partido junto ao Banco Rural. Empréstimo integralmente pago, diga-se em tempo. Genoíno foi também avalista do PT quando da renovação do referido empréstimo a cada três meses.
Onde o crime?, haverão de perguntar os menos informados sobre a matéria. Esclareço novamente: o dinheiro era repassado para campanhas eleitorais de alguns dos partidos da base no PT no Congresso Nacional, a fim de que assegurassem ao governo Lula a governabilidade necessária para implantar as reformas de que agora tanto nos orgulhamos, mesmo aqueles que, beneficiados com os avanços ocorridos em todos os setores, não toleram um governo popular à frente dos destinos do Brasil.
Errou, que não é correto comprar corruptos, mesmo quando estão em jogo, como é o caso, os interesses mais legítimos de um povo, entenda-se por povo aquilo que o substantivo é, a palavra que define os segmentos menos favorecidos de uma dada sociedade.
Um dos partidos beneficiados, o PP, destinava parte do dinheiro para pagar a conta dos advogados contratados para defender deputados envolvidos com ilícitos, como Ronivon Santiago, aquele que confessou ter recebido 200 mil reais para votar a favor da reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Homem íntegro, como afirmou o colunista Marcelo Coelho, do ferrenho inimigo do PT, o matutino Folha de São Paulo, "dói muito ver a prisão de uma pessoa com o passado de José Genoino".
Mais ainda, acrescento, vê-lo submetido às humilhações com que se deliciam setores reacionários do país: as algemas só aceitáveis em casos de resistência ou fuga, as viagens desnecessárias (sobremaneira para um doente grave, como ele), o espetáculo montado pela TV, o tratamento hostil dispensado aos familiares, a empáfia de um majestático Joaquim Barbosa, tomado de ira contra tudo o que possa ofuscar sua vaidade doentia. Dói muito.
Pelo caráter, pela coerência entre o pensar e o agir, pelo que sempre sonhou e fez pelo Brasil, pela coragem com que lutou pelos brasileiros sem liberdade, nomeadamente os mais pobres e desassistidos, José Genoino não merecia o que lhe está acontecendo.
Prezado Álder
ResponderExcluirDói mesmo ver um homem público íntegro como o José Genoíno passar por essa situação. Jamais duvidei da honestidade de propósitos dele. Como você deve lembrar, ele fez parte do Ministério da Defesa, e até onde sei, era uma figura respeitada. Em termos humanos, estou realmente muito triste com a situação pessoal dele.
No entanto, em seu belo texto, você reconhece na primeira palavra do sexto parágrafo que ele errou. E erros estão sujeitos às penas da lei. Se Fleming, após ter descoberto a penicilina cometesse um homicídio, ele estaria sujeito às penas da lei, mesmo tendo proporcionado todo aquele benefício à humanidade.
Talvez até por uma pureza d´alma, ele não foi nos erros tão competente como aqueles que você cita como tendo cometido erros mais graves, não menos merecedores de punição do que o nosso José Genoíno. Imagino que o principal erro dele tenha sido o de, na ânsia de atingir seus ideais, compactuar com más companhias.
Quanto à atuação dele na luta armada, vamos lembrar que após ter "sentado a poeira" da contra-revolução de 64, o primeiro tiro foi disparado pela esquerda, no célebre atentado do Aeroporto dos Guararapes, quando foram assassinados um jornalista e um almirante, além de ferir gravemente outras pessoas. E vamos lembrar também que a guerrilha do Araguaia lutava pela ditadura do proletariado, e não pela democracia.
Um forte abraço
José Luiz
Caro Álder, sem dúvida o nosso país repete situações históricas anteriores, quando os mesmos setores sempre associados à mídia, levaram Getúlio ao suicídio, venderam a imagem de um Juscelino ladrão, e agora voltam-se contra o governo atual. Na falta de propostas, essa "oposição" aposta em um discuso moralista que só revela a própria hipocrisia, e torce para a população acreditar com com o intuito de tomar o poder. A maior prova do que digo, é o fato de não causar revolta à mídia, a corrupção que é praticada por gente da "oposição". O sentimento que deveriam ter os brasileiros conscientes em relação a humilhação pela qual passaram Genuíno, Dirceu e Delúbio, está expressa sim, no título que você escolheu para o seu artigo. A propósito, me veio a mente, as cenas de rua que assisti, em 64, da humilhação pública pela qual passou Gregório Bezerra. O ódio que irrefletidamente muitos dedicam hoje a Lula e ao PT, nasce de um tipo de oposição que sem bandeiras, fomenta o ódio que resulta na injustiça e em fatos revoltantes como estes. Parabéns pelo seu artigo, em um momento no qual a doutrinação parece ter dado resultado, com tanta gente arrogante repetindo o que diz a mídia, sem antes pensar. Um forte abraço, José Jucá Júnior.
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ResponderExcluirPrezado Álder
Ao comentar seu artigo não me detive na força da expressão com a qual você lhe dá o título, “Dói e revolta”. As cenas mostradas espetacularmente na mídia eram totalmente desnecessárias; sinto sinceramente o constrangimento que o nosso José Genoíno e familiares estão passando.
Não assisti pessoalmente as humilhantes cenas de rua em Recife citadas no comentário anterior, quando Gregório Bezerra foi arrastado pelas ruas de Casa Forte com uma corda amarrada no pescoço. Li bastante sobre o assunto, dos quais vi muitas fotos. Revoltante, de um primitivismo exacerbado!!!
Em março deste ano, por exemplo, “doeu e revoltou” ver nos jornais uma foto em que um Oficial Reformado do Exército, já um ancião, foi cuspido no Rio de Janeiro por um jovem baderneiro, pelo fato de estar se dirigindo para uma palestra sobre a contra-revolução de 64 no Clube Militar. O tal ancião nunca participou de movimentos políticos e quando jovem foi herói da Força Expedicionária Brasileira que lutou na Itália contra o nazismo e o fascismo.
Não sei dizer se isso tudo realmente faz parte de uma conspiração compactuada com a mídia para assumir o poder, mas reconheço que a mídia instiga, joga muita lenha desnecessária na fogueira. Temos realmente que ser muito críticos em relação à mídia e não podemos chegar a conclusões como tanta gente, levados por emoção, modismo, e preconceito.
Na semana passada, em que a política fervilhou, por exemplo, a capa da Carta Capital foi uma perereca, chamando a atenção para a ecologia !!!! Ou o “Aguenta firme” na capa seria um grito de alento aos políticos que receberam ordem de prisão? Se sim, porque não faze-lo diretamente, porque subliminarmente para os poucos observadores?
E como não se revoltar com as cenas que não vemos mas que sabemos que acontecem? Quantos brasileiros e brasileiras sofrem humilhações nas filas do SUS e não conseguem escola de qualidade para seus filhos, pela falta do dinheiro desviado pelos políticos? Ontem, por exemplo, assisti o noticiário da Globo e da Bandeirantes, em que foi exaustivamente comentado o envolvimento de políticos do PSDB em corrupção. Recentemente, vi uma reportagem sobre dois adolescentes que foram bárbara e demoradamente torturados por uma facção criminosa do Rio de Janeiro, porque os marginais suspeitaram que eles fossem informantes da polícia. O apresentador, que invariavelmente critica as torturas ocorridas durante os governos militares, ao final da reportagem não fez nenhum comentário, nenhuma crítica.
É isso aí, Álder, você foi muito feliz na escolha do título do seu artigo.
Um forte abraço
José Luiz