domingo, 25 de fevereiro de 2024

Faroestes de minha adoração, a pedido

 Da Academia Cearense de Cinema:
                          
(O cinema não se mede. Não tem passado e nem futuro. VINICIUS DE MORAES)

  1. Era uma vez no Oeste (Sérgio Leone, 1968)
  2. Três homens em conflito (Sérgio Leone, 1966)
  3. Os imperdoáveis (Clint Eastwood, 1992)
  4. A face oculta (Marlon Brando, 1961)
  5. Os brutos também amam (George Stevens, 1953)
  6. Bravura indômita (Ethan e Joel Coen, 1969)
  7. Sete homens e um destino (John Sturges, 1960)
  8. Rio Vermelho (Haward Hawks, 1948)
  9. Paixão dos fortes (John Ford, 1946)
  10. El Dorado (Howard Hawks, 1966)

Meu prezado amigo Magno,
Que cruel é fixar 10 faroestes e escolhê-los como os melhores, dentre tantos que, ao longo do tempo, foram conquistando nossas preferências e despertando nosso fascínio por uma arte a um só tempo tão simples e tão complexa, pelo número de códigos estéticos de que lança mão para realizar beleza, e, sobretudo, pelo que possui de sedutor e envolvente em sentidos (visão, audição etc.). Assumo que, dentre os filmes que aponto em relação acima, alguns aí estão menos por suas reais qualidades cinematográficas e mais por empatia do menino que ressurge dentro de nós cada vez que nos sentamos diante da tevê para revê-los. Mesmo assim, devo dar realce ao fato de que sou, em termos estéticos, um "formalista", entendendo-se por isso a atenção que desde muito cedo dedico aos procedimentos processuais na construção do filme: montagem, composição da imagem, luz e som, movimentos e angulação de câmera (travelling, panorâmica, câmera subjetiva etc.) ritmo narrativo etc. Mise-en-scène. Em minha defesa, por certo, ocorre-me a afirmação não contrariada até hoje: Arte é forma, antes de qualquer outra coisa. É isso que me leva a considerar Sérgio Leone o maior esteta do gênero. A propósito, é o primeiro de minha relação, cuja sequência de abertura (algo em torno de sete minutos), incontáveis vezes utilizei em minhas aulas de Estética do Cinema, na Universidade. É lição sobre recursos da linguagem cinematográfica, concepção aguçada da força composicional do quadro, planos (ora abertos, ora fechados) a ditar a tensão dramática do enredo, maneirismo, enfim, na escolha das estratégias narrativas... Tudo ao lado de ser um filme despretensioso, um tipo de homenagem aos diretores que lhe exerceram (sobre ele, Leone) alguma influência. Não é muito dizer, a essa altura, que é um filme feito de "citações" de outros filmes, e, por isso mesmo, alusão aos monstros do western que o antecederam. Por último, sinto-me um tipo de cinéfilo injusto e traiçoeiro, afinal, como deixar de fora Raoul Walsh, Anthony Mann, Joseph Lewis (cuja sequência do duelo em "Reinado do Terror" ainda é capaz de me tirar o fôlego?). E Budd Boetticher, Jacques Tourneur ou mesmo Tarantino?  Desculpe ter "dito" duas palavras, quando você recomendava apenas a indicação dos "melhores" faroestes. Doses letais de subjetivação. 

Um comentário:

  1. "Assumo que, dentre os filmes que aponto em relação acima, alguns aí estão menos por suas reais qualidades cinematográficas e mais por empatia do menino que ressurge dentro de nós cada vez que nos sentamos diante da tevê para revê-los". Recorri as suas palavras porque é este o sentimento que me vem ao rever esses quw são considerados clássicos. Vi-os sem a menor preocupação estética, por ser menino e me ver naqueles herós das telas.

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