Para Valéria
Menino, quem nunca ouviu dos mais velhos a assertiva: - “Pare com isso, homem não chora!” ou coisa semelhante, notadamente estando em público? Claro, por mais que doesse o machucado ou fosse imensa a ferida, havia sempre alguém para lembrar a norma implacável. Chorar não é coisa de homem. Ou não era, a concluir pelo que dizem pesquisas recentes.
Li isto numa matéria no Times On Line, uma curiosidade nada condizente com os valores educacionais de um passado não muito remoto. Homem chora, sim. E, o que constitui a grande novidade: para as mulheres, homem que chora, mesmo estando diante de pessoas estranhas, revela com suas lágrimas sensibilidade, franqueza e outros atributos positivos para a sua imagem. Na contramão disso, acreditem, a ‘mulherada’ considera que, para a mulher, via de regra, chorar em público é sinônimo de insegurança, fraqueza, incapacidade para reverter ou superar dificuldades. Isto quando não é ainda mais duro o julgamento: - “Bobinha, histérica, está querendo aparecer.” Cruel, mas é o que dizem as referidas pesquisas. Não penso assim.
Da minha parte, que tenho a sensibilidade à flor da pele, confesso, a pesquisa não importa tanto. Minto, importa pelo que traz sobre aquilo que já sabia: a emotividade não tem sexo, e tudo parece estar ligado mesmo à questão cultural. E aí, vem Freud de novo. Sim, não chorar em público, no que respeita ao homem, acho que está de alguma forma ligado ao superego, uma das três categorias freudianas da personalidade, lembram? Exato. Estou falando daqueles conceitos que causaram o maior furor na virada do século: id, ego e superego.
Aliás, por falar em estrutura da personalidade, a palavra vem de persona, que, todos sabem, é o nome que se dava à máscara que usavam os atores para representar. Isto, para representar. É verdade que, com o tempo, a palavra sofreu mudanças e hoje em dia serve para definir o que em nós é autenticidade. Mas isso são outros quinhentos. Voltemos a Freud. Superego é como o gênio de Viena conceituava aquilo que, na estrutura da nossa personalidade, atua como juiz ou censor, algo como o depósito moral que controla as nossas ações, que serve de modelo para as nossas condutas. Em aparente silêncio, o superego atua com a finalidade de restringir, julgar a atividade do ego. Então? É aqui que acredito estar o cerne da questão explorada pela pesquisa.
Cresci vendo o meu pai, que era um parâmetro reconhecido de integridade e firmeza de caráter, emocionar-se sempre que um filho adoecia ou viajava. Sobre isso, dizia sempre que lhe perguntavam de que filho gostava mais: - “Daquele que estiver doente ou ausente.” Que belo homem foi meu pai. Pois bem. Assim, entre as muitas razões que me deu para admirá-lo, meu velho pai ensinou com seu exemplo que homem chora, sim, e que isso só o faz maior em sua sensibilidade e franqueza. E há, acaso, lição mais inesquecível que o exemplo de um pai? Para não perder esta boa chance, no entanto, para os enrustidos que disfarçam as lágrimas ou vão ao banheiro, envergonhadamente, dar vazão ao pranto, fica da pesquisa a boa novidade. Agora, está provado: é bonito, para o homem, chorar.
Menino, quem nunca ouviu dos mais velhos a assertiva: - “Pare com isso, homem não chora!” ou coisa semelhante, notadamente estando em público? Claro, por mais que doesse o machucado ou fosse imensa a ferida, havia sempre alguém para lembrar a norma implacável. Chorar não é coisa de homem. Ou não era, a concluir pelo que dizem pesquisas recentes.
Li isto numa matéria no Times On Line, uma curiosidade nada condizente com os valores educacionais de um passado não muito remoto. Homem chora, sim. E, o que constitui a grande novidade: para as mulheres, homem que chora, mesmo estando diante de pessoas estranhas, revela com suas lágrimas sensibilidade, franqueza e outros atributos positivos para a sua imagem. Na contramão disso, acreditem, a ‘mulherada’ considera que, para a mulher, via de regra, chorar em público é sinônimo de insegurança, fraqueza, incapacidade para reverter ou superar dificuldades. Isto quando não é ainda mais duro o julgamento: - “Bobinha, histérica, está querendo aparecer.” Cruel, mas é o que dizem as referidas pesquisas. Não penso assim.
Da minha parte, que tenho a sensibilidade à flor da pele, confesso, a pesquisa não importa tanto. Minto, importa pelo que traz sobre aquilo que já sabia: a emotividade não tem sexo, e tudo parece estar ligado mesmo à questão cultural. E aí, vem Freud de novo. Sim, não chorar em público, no que respeita ao homem, acho que está de alguma forma ligado ao superego, uma das três categorias freudianas da personalidade, lembram? Exato. Estou falando daqueles conceitos que causaram o maior furor na virada do século: id, ego e superego.
Aliás, por falar em estrutura da personalidade, a palavra vem de persona, que, todos sabem, é o nome que se dava à máscara que usavam os atores para representar. Isto, para representar. É verdade que, com o tempo, a palavra sofreu mudanças e hoje em dia serve para definir o que em nós é autenticidade. Mas isso são outros quinhentos. Voltemos a Freud. Superego é como o gênio de Viena conceituava aquilo que, na estrutura da nossa personalidade, atua como juiz ou censor, algo como o depósito moral que controla as nossas ações, que serve de modelo para as nossas condutas. Em aparente silêncio, o superego atua com a finalidade de restringir, julgar a atividade do ego. Então? É aqui que acredito estar o cerne da questão explorada pela pesquisa.
Cresci vendo o meu pai, que era um parâmetro reconhecido de integridade e firmeza de caráter, emocionar-se sempre que um filho adoecia ou viajava. Sobre isso, dizia sempre que lhe perguntavam de que filho gostava mais: - “Daquele que estiver doente ou ausente.” Que belo homem foi meu pai. Pois bem. Assim, entre as muitas razões que me deu para admirá-lo, meu velho pai ensinou com seu exemplo que homem chora, sim, e que isso só o faz maior em sua sensibilidade e franqueza. E há, acaso, lição mais inesquecível que o exemplo de um pai? Para não perder esta boa chance, no entanto, para os enrustidos que disfarçam as lágrimas ou vão ao banheiro, envergonhadamente, dar vazão ao pranto, fica da pesquisa a boa novidade. Agora, está provado: é bonito, para o homem, chorar.
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