Vi na imprensa uma pesquisa bastante curiosa sobre sexo e casamento. O estudo, por sinal, foi publicado em livro com o título Sex at Dawn (Sexo ao Alvorecer), escrito a quatro mãos por Christopher Ryan, 48, e sua mulher, Cacilda Jethá, 50, ambos americanos. Os dois estão casados há 11 anos e Ryan, supostamente preocupado com a instabilidade dos relacionamentos, inclusive o seu, claro, e com o auxílio da mulher, debruçou-se sobre o tema na convicção de que deveria existir uma forma para manter 'acesa a chama', o que, segundo ele, acabou encontrando. Sobre isto falaremos adiante.
A pesquisa de Ryan, no entanto, a concluir pelo que chega, até aqui, aos brasileiros, através da mídia, não traz muitas novidades. Ryan afirma, basicamente, o que outros estudiosos já defenderam ao longo do tempo, ou seja, que o homem (entenda-se homem e mulher) não é um ser monogâmico. Aliás, nas entrevistas concedidas sobre o seu trabalho, Ryan e Cacilda têm sido bastante enfáticos: "As mulheres sempre quiseram ter o maior número de parceiros possíveis."
Pois bem. Assim, programados para viver experiências sexuais múltiplas, homens e mulheres sentem-se, no casamento, absolutamente sufocados e desejosos de romper, legal ou ilegalmente, com as amarras que os prendem a uma vida morna, entediante e, cedo ou tarde, diz ele, insuportável. Aí Ryan aponta para o que todos, há muito, já sabem: - "[...] metade dos casamentos está colapsando sob uma frustração sexual irrefreável, um tédio matador de libido, traições compulsivas, confusão, vergonha." (Sexo no Alvorecer)
Em entrevista à Época, que li no site da revista, Ryan põe por terra o mito da guerra dos sexos, ainda defendido por um expressivo contingente de pesquisadores, segundo o qual os rompimentos se dão em função de homens e mulheres, sexualmente falando, terem interesses diferentes. Diz Ryan: - "Há uma guerra entre a natureza humana e a sociedade contemporânea. Nós acreditamos que, antes da agricultura, as mulheres tinham vários parceiros." E retoma o lenga-lenga da questão da propriedade privada, da herança etc., coisas já muito debatidas.
Sexo e Alvorecer (que espero chegue logo às livrarias brasileiras), até onde sei, contudo, não 'vende' levianamente a ideia de que a infidelidade deva ser encarada como algo positivo e mais significativo que as reais razões que levam homem e mulher a decidirem pela vida a dois. Pelo contrário, Ryan e Cacilda, que se tomam como um exemplo a ser seguido, 'batem' numa tecla já muito desgastada mas que continua sendo a única alternativa para que se possa ser feliz numa relação monogâmica: - "É preciso procurar mais do que a química sexual, algo como paixão entre almas e não paixão entre corpos." Se soa demasiadamente 'ingênua' a conclusão dos dois, não sei, mas, de minha parte, acho que este é o melhor caminho. Aguardemos o livro.
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