A propósito da crônica Perdas e Danos, publicada há coisa de uns quinze dias neste espaço, leitora envia a seguinte mensagem: - "Dessa vez foi benigno com o amor, mais do que com a coisa amada. O sfumato se dá com o objeto amado, já com o amor..." (sic). O texto dela, como se vê, embora reticente e 'estiloso', é de uma pertinência que bem revela a delicadeza e a sensibilidade da leitora, seja ela quem for. Vejamos: em que pesem as reticências, a lógica do significante textual remete a uma afirmação absolutamente correta, "Esquece-se a pessoa amada, nunca o amor." Assino embaixo.
Mas, observando uma praxe da prática jornalística, que admite sempre que o leitor de agora pode desconhecer o texto anterior, resumo o que dizia a tal crônica sobre a cena final do filme Perdas e Danos, de Louis Malle. A imagem desfocada da mulher que foi amada um dia, aos olhos de quem superou a dor, é uma metáfora do esquecimento, que o tempo impõe, felizmente, aos que não foram felizes no amor. O comentário da leitora, assim, insisto, não nega o que está na crônica, mas enriquece o seu texto, quando afirma, embora de forma reticente: nunca se esquece o amor, se ele foi grande um dia. Bate.
Na coluna da semana passada, por coincidência, citávamos Quintana, o poeta: "Que importa se só restaram cinzas, se a chama foi alta e bela?" Parabéns, leitora, você foi no nevrálgico da questão. É que a pessoa, vemos com os olhos, o amor, com o coração. Um dia, no happy hour de um barzinho, no semáforo da esquina, na mesa de canto de um restaurante..., assim, sem que esperássemos, deparamos com a pessoa por quem fomos capazes de morrer um dia. E, no entanto, como na imagem do filme de Malle, já não a reconhecemos com as mesmas qualidades que possuia o objeto do nosso amor. Mas, do amor, nunca nos esquecemos. Ele vai ter, num escaninho da memória, um lugarzinho que é só dele, onde ficará para sempre.
Que bom que é assim e não de outra maneira. A cada nova relação, uma nova chance de ser feliz no amor. O que não é saudável, como num filme de Rohmer*, é que se fique escravo do que passou, por mais inesquecíveis que tenham sido as coisas que se viveu a dois. A vida muda, como as penas do pássaro, a roupagem da flor, ou, como dizia Déborah, um ex-amor, até mesmo a beleza dos corpos, em fino pó que não tem cor. Rima à parte, é isso, minha cara leitora. Sejamos benignos com o amor.
* Refiro-me ao cineasta francês Eric Rohmer, especialista em discutir a fé desesperada na possibilidade de reencontro com o amor perdido.
Mas, observando uma praxe da prática jornalística, que admite sempre que o leitor de agora pode desconhecer o texto anterior, resumo o que dizia a tal crônica sobre a cena final do filme Perdas e Danos, de Louis Malle. A imagem desfocada da mulher que foi amada um dia, aos olhos de quem superou a dor, é uma metáfora do esquecimento, que o tempo impõe, felizmente, aos que não foram felizes no amor. O comentário da leitora, assim, insisto, não nega o que está na crônica, mas enriquece o seu texto, quando afirma, embora de forma reticente: nunca se esquece o amor, se ele foi grande um dia. Bate.
Na coluna da semana passada, por coincidência, citávamos Quintana, o poeta: "Que importa se só restaram cinzas, se a chama foi alta e bela?" Parabéns, leitora, você foi no nevrálgico da questão. É que a pessoa, vemos com os olhos, o amor, com o coração. Um dia, no happy hour de um barzinho, no semáforo da esquina, na mesa de canto de um restaurante..., assim, sem que esperássemos, deparamos com a pessoa por quem fomos capazes de morrer um dia. E, no entanto, como na imagem do filme de Malle, já não a reconhecemos com as mesmas qualidades que possuia o objeto do nosso amor. Mas, do amor, nunca nos esquecemos. Ele vai ter, num escaninho da memória, um lugarzinho que é só dele, onde ficará para sempre.
Que bom que é assim e não de outra maneira. A cada nova relação, uma nova chance de ser feliz no amor. O que não é saudável, como num filme de Rohmer*, é que se fique escravo do que passou, por mais inesquecíveis que tenham sido as coisas que se viveu a dois. A vida muda, como as penas do pássaro, a roupagem da flor, ou, como dizia Déborah, um ex-amor, até mesmo a beleza dos corpos, em fino pó que não tem cor. Rima à parte, é isso, minha cara leitora. Sejamos benignos com o amor.
* Refiro-me ao cineasta francês Eric Rohmer, especialista em discutir a fé desesperada na possibilidade de reencontro com o amor perdido.
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