sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Yellow Press

Parte da imprensa brasileira, leia-se revista Veja e TV Globo e suas afiliadas, permanece num silêncio sepulcral em relação aos escândalos envolvendo sucessivos governos do PSDB em São Paulo e a gigantesca francesa Alstom. Primeiro, a comprovada formação de cartel para manipular licitações do Metrô e da CPTM em que estiveram envolvidos Mário Covas (pasmem!), José Serra e Geraldo Alckmin, cujas cifras de ilícitos já levantadas atingem dimensões aterradoras.
 
O caso, que mereceu destaque nos principais jornais europeus, sabe-se, é objeto de processo na Justiça desde que a empresa alemã Siemens assumiu ter pago propinas expressivas aos contratantes. Enquanto isso, a revista Veja, por exemplo, dedica metade das páginas de sua última edição a falar dos benefícios do "suco verde". Para não falar do "Cara Pálida" do Jornal Nacional da principal emissora de tevê brasileira. Fosse o PT...
 
Agora, quando se pensava que a roubalheira dos tucanos tivesse limites, novo tentáculo da promiscuidade vem à tona. Não é só em torno das licitações de trens do Metrô que a bandalheira vinha se verificando: os negócios da Alstom com a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE), desde o primeiro mandato de Covas, em 1998, vem apresentando irregularidades gritantes.
 
Segundo pude ver em sites de diferentes jornais, pela Internet, a companhia francesa, em pelo menos dois contratos firmados à época, assume ter feito "doações" algo em torno de 15% dos valores fixados, pouco mais pouco menos que R$ 52 milhões. Deste dinheiro, uma metade era depositada, aqui, em contas dos envolvidos, e a outra metade em contas na Suíça. Tudo isso a fim de que não fosse instalado o processo licitatório previsto em Lei. Ou seja, burla às licitações legais com o fim de obter vantagens em cada negócio firmado.
 
Na contramão do que fazem a revista Veja e a TV Globo, em relação a esses casos e ao Mensalão do PSDB de Minas Gerais, que se arrasta a anos na 'Justiça', a Folha de S. Paulo, pelo menos, traz em sua edição de hoje um tímido e vacilante editorial sobre a matéria. Enquanto isso, segundo o importante jornal, "[...] a população do Estado [de São Paulo] ainda aguarda uma demonstração inequívoca de que ela e o governador se guiam mais pelo interesse do que por razões partidárias." Ok.
 
Em tempos que já vão longe, um caso envolvendo dois importantes jornais americanos, o New York World e o The New York, deu margem a uma curiosa expressão com que se passou a tratar as publicações inescrupulosas mundo afora. Entre nós, numa inversão cromática que se deve ao jornalista Calazans Fernandes, trocou-se o amarelo pelo marrom, ou seja, ficou "imprensa marrom". Menos ameno, como se vê. 
 
 
 

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