Esta semana a presidente Dilma Rousseff citou em pronunciamento um livro que acabo de ler com entusiasmo. Intitula-se Sapiens, uma breve história da humanidade, do israelita Yuval Noah Harari. É desses textos deliciosos (permitam-me a adjetivação) que tragam o leitor já na primeira página e só o deixam vir à tona ao final, saciado de informações e questionamentos a respeito do universo. Informações e questionamentos, diga-se em tempo, que se contrapõem, em grande parte, ao que professam alguns livros clássicos de nossa formação escolar, o que, em princípio, causa ao leitor um certo estranhamento.
Mas o eixo condutor do livro de Noah Harari constitui respostas a indagações por demais curiosas: "O que possibilitou ao Homo sapiens subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras?"
Harari faz a partir dessas indagações algumas reflexões desconcertantes, sem nunca se afastar por completo das bases científicas e históricas que evidenciam a seriedade intelectual com que procura explicar situações, contingências, fenômenos por trás de cujas ocorrências o homem foi (ou vai?) se tornando matador de si mesmo. Afirma que o Capitalismo é a maior e mais bem-sucedida religião; compreende a formação dos impérios como consequência dos sistemas políticos os mais diversos, à direita e à esquerda, aventando a hipótese de que "o império global que está sendo forjado diante de nossos olhos não é governado por nenhum Estado ou grupo étnico em particular".
Sapiens, uma breve história da humanidade, publicado este ano no Brasil, foi lançado em Israel em 2011, desde quando vem se transformando num verdadeiro fenômeno de vendagem, traduzido hoje para meia centena de países. Consistente, original, inquietante, o livro põe por terra muito do que pensávamos saber acerca da 'evolução das espécies', a exemplo da afirmação de que essas espécies teriam obedecido a uma linha reta de descendência -- esgaster, erectus, neandertal, sapiens.
Segundo Harari, essa evolução, assim explicada pelos mais respeitados livros sobre os quais nos debruçamos um dia, enseja o equívoco de que "apenas um tipo humano habitou a Terra e de que as espécies anteriores foram meros modelos mais antigos de nós mesmos". Afirma ele que entre 2 milhões de anos e 10 mil anos atrás o mundo foi habitado por diferentes espécies humanas ao mesmo tempo. É aí que levanta a ideia mais premente: "... nós, sapiens, temos boas razões para reprimir a lembrança de nossos irmãos".
O livro aponta, já nas primeiras páginas, para a ocorrência de três revoluções mais importantes no curso da História: A Revolução Cognitiva, por volta de 70 mil anos; a Revolução Agrícola, algo em torno dos 12 mil anos atrás e a Revolução Científica, que começou há pouco mais pouco menos de 500 anos, o que admite ser em tese o fim da História e o começo de algo diferente.
O mais significativo nesse extraordinário Sapiens, uma breve história da humanidade, todavia, é que seu autor tem a coragem de se contrapor a 'conhecimentos' sacralizados nos meios acadêmicos, discursos carregados de preconceitos, ideias preconcebidas sobre o nosso passado remoto, ao qual, por certo, ainda estamos de tal modo presos que, ignorá-lo, com especulações acadêmicas de toda ordem, é ignorar a nossa própria existência nos tempos modernos. Por trás de tudo, evidencia, é o imaginário que orienta o homem através do tortuoso caminho pelo qual "pensa" estar indo ao encontro da "realidade". Um grande livro.
Mas o eixo condutor do livro de Noah Harari constitui respostas a indagações por demais curiosas: "O que possibilitou ao Homo sapiens subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras?"
Harari faz a partir dessas indagações algumas reflexões desconcertantes, sem nunca se afastar por completo das bases científicas e históricas que evidenciam a seriedade intelectual com que procura explicar situações, contingências, fenômenos por trás de cujas ocorrências o homem foi (ou vai?) se tornando matador de si mesmo. Afirma que o Capitalismo é a maior e mais bem-sucedida religião; compreende a formação dos impérios como consequência dos sistemas políticos os mais diversos, à direita e à esquerda, aventando a hipótese de que "o império global que está sendo forjado diante de nossos olhos não é governado por nenhum Estado ou grupo étnico em particular".
Sapiens, uma breve história da humanidade, publicado este ano no Brasil, foi lançado em Israel em 2011, desde quando vem se transformando num verdadeiro fenômeno de vendagem, traduzido hoje para meia centena de países. Consistente, original, inquietante, o livro põe por terra muito do que pensávamos saber acerca da 'evolução das espécies', a exemplo da afirmação de que essas espécies teriam obedecido a uma linha reta de descendência -- esgaster, erectus, neandertal, sapiens.
Segundo Harari, essa evolução, assim explicada pelos mais respeitados livros sobre os quais nos debruçamos um dia, enseja o equívoco de que "apenas um tipo humano habitou a Terra e de que as espécies anteriores foram meros modelos mais antigos de nós mesmos". Afirma ele que entre 2 milhões de anos e 10 mil anos atrás o mundo foi habitado por diferentes espécies humanas ao mesmo tempo. É aí que levanta a ideia mais premente: "... nós, sapiens, temos boas razões para reprimir a lembrança de nossos irmãos".
O livro aponta, já nas primeiras páginas, para a ocorrência de três revoluções mais importantes no curso da História: A Revolução Cognitiva, por volta de 70 mil anos; a Revolução Agrícola, algo em torno dos 12 mil anos atrás e a Revolução Científica, que começou há pouco mais pouco menos de 500 anos, o que admite ser em tese o fim da História e o começo de algo diferente.
O mais significativo nesse extraordinário Sapiens, uma breve história da humanidade, todavia, é que seu autor tem a coragem de se contrapor a 'conhecimentos' sacralizados nos meios acadêmicos, discursos carregados de preconceitos, ideias preconcebidas sobre o nosso passado remoto, ao qual, por certo, ainda estamos de tal modo presos que, ignorá-lo, com especulações acadêmicas de toda ordem, é ignorar a nossa própria existência nos tempos modernos. Por trás de tudo, evidencia, é o imaginário que orienta o homem através do tortuoso caminho pelo qual "pensa" estar indo ao encontro da "realidade". Um grande livro.