Mal se confirmou a morte do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, nessa quarta-feira 19, em desastre aéreo, e uma onda de boatos passou a correr pela internet aventando a hipótese de um atentado com conotações políticas. No Brasil, a presunção de inocência é trocada sempre pela presunção de culpabilidade, até prova em contrário. É o que ocorre, outrossim, nos casos de acidentes, onde a suspeita sempre antecede a hipótese da fatalidade. Aviões caem, mas a probabilidade de que sejam derrubados é o que primeiro se passa pela cabeça das aves do mau agouro que tomam conta das redes sociais. Um país doente.
Não que as investigações não tenham de ser levadas a efeito com seriedade e o máximo de rigor, mas nada justifica as mensagens levianas que circulam desde o fatídico desastre que ceifou a vida de um dos poucos ministros respeitados no país, num momento de crise sem precedentes da nossa mais elevada corte de justiça. O pior é que essa onda de maldades encontra respaldo em parte do que afirmam personalidades importantes do atual cenário político brasileiro, bem como formadores de opinião da estatura de Joaquim Barbosa, cujos comentários divulgados em sua página na rede de comunicação constituem insinuação de que houve crime na queda do avião do proprietário do Hotel Emiliano, também vitimado no desastre.
Segundo Barbosa, "O que mais precisa acontecer para, definitivamente, nos conscientizarmos de que estamos sendo governados por criminosos?" Na esteira disso, o ex-presidente do STF alimenta a necessidade de medidas extremas para que o Brasil volte a uma situação de normalidade: "Em confirmado este crime, está mais do que na hora da Ministra Carmen Lúcia pedir intervenção".
O fato é que, se algum indício de atentado pode ser aventado antes das investigações, que mal foram iniciadas, tal hipótese tende a apontar para grandes quadros da dobradinha tucano-peemedebista, até aqui acintosamente poupadas pelo famigerado juiz Sérgio Moro, cujas decisões, é ver e constatar, expõem a inaceitável regra do atual Judiciário do Brasil, a de dois pesos e duas medidas. Não é sem razão que se deve lembrar o entrevero em que estiveram envolvidos o juiz paranaense e o agora morto ex-ministro Teori Zavascki, a quem Moro chama hoje de "o herói da operação Lava Jato". Zavascki fora indicado para o STF pela ex-presidente Dilma Rousseff e, mais de uma vez, repreendeu a forma como Moro vinha conduzindo as investigações.
Ao lado disso, na quarta-feira, sob quase absoluto silêncio da imprensa brasileira, foi divulgada nos Estados Unidos carta pública de 12 deputados do Partido Democrata em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que acusam o juiz Sérgio Moro por perseguição ao líder do PT. O texto, assinado, entre outros sindicatos americanos, pela central AFL-CIO, que conta 12 milhões de membros, denuncia a tendenciosa ação de Moro contra Lula e a manipulação das informações por uma imprensa em tudo comprometida com os interesses da elite do país.
A carta critica, ainda, a PEC do teto de gastos do governo Temer, que "vai reverter anos de avanços econômicos e sociais, bem como o golpe praticado contra Dilma Rousseff".
O povo está desconfiado de tantas mentiras. Tudo é possível na cabeça de quem sempre foi enganado.
ResponderExcluirInevitáveis as implicações dos fatos com as suposições, em se tratando de terreno movediço, ou melhor, águas turbulentas tudo é possível... Neste caso não cabe a resignação, o silêncio...
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