Iguatu perdeu, nessa quinta-feira 15, mais um de seus filhos ilustres. Perdemos nós, os que o conhecíamos de perto, um grande amigo --- e um exemplo de pessoa humana. Estou falando de Frank Wagner Alves de Carvalho, professor e intelectual de cepa, estudioso metódico, intérprete convincente do texto bíblico e militante irredutível, ao lado dos pais, Nildo Alves e Marlene Carvalho, dos projetos da Igreja Católica, que Wagner, com a sensibilidade de um cristão consciente, levava a impensáveis rincões, espalhando com os outros muito da sua fé inabalável e da sua capacidade enorme de separar o joio do trigo.
Wagner, digo isso porque o conheci a fundo, era uma desses homens, cada vez mais raros, que ainda acreditam na força do amor e da generosidade como esperança de um mundo melhor. De um mundo em que o amor, insisto, seja o combustível a mover os homens e a aproximá-los, com a pureza e a vontade desinteressada dos meninos.
Ontem, por erro de informação, cheguei ao Ternura muito antes que o seu próprio corpo. E fiquei ali, sentado a uma poltrona, repassando na tela da memória cenas dos muitos filmes em que atuamos juntos. Em tudo, em cada uma dessas cenas, havia sempre a personagem sorridente, brincalhona, dotada de um refinado senso de humanidade --- disso que é essencial no que costumamos definir por humanidade.
Acho que me caiu, por espontânea, a palavra certa para desenhar o perfil desse amigo e companheiro de tantas e tantas lutas. Algumas, é verdade, inglórias na sua aparência, a exemplo de quando foi derrotado na consulta eleitoral para diretor-geral da então Escola Agrotécnica Federal de Iguatu.
Até nessas horas, quando costumam faltar aos homens a serenidade, o equilíbrio, a sensatez e, sobretudo, a humildade para aceitar os insucessos, Wagner dava-nos, a todos, lição de maturidade e sabedoria. Talvez por isso tenha sido muitas vezes mal compreendido. Dou um exemplo: passados poucos dias desde o pleito, quando os ânimos das adversidades ainda animavam as conversas nos corredores da Escola, e o clima não havia retomado a temperatura da rotina num espaço acadêmico, demos com Wagner lidando sem rancor com seus desafetos, alguns dos quais lhe haviam devotado palavras tão duras e tão inapropriadas. Ficamos, à época, sem entender isso. Não dávamos com o que é fundamental na vida, e que, quem haverá de saber, seja mesmo este o segredo (e o caminho) que nos levará um dia à verdadeira experiência da irmandade entre os homens: não guardar sentimentos ruins para com os outros, e entender, como nas palavras do profeta Isaías, que "o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora."
Pois bem, sentado ali a uma poltrona, vinha eu lhes dizendo, passa ao lado da "minha solidão" naquele instante, conduzido pela força de dois homens, um caixão fúnebre, e, dentro dele, o corpo sem vida de Frank Wagner. Fiquei, claro, muito abalado com essa que seria a última cena em que atuávamos juntos. Como dói a experiência de perder um amigo!
Mas foi a ele, confesso, pelo que é imortal nos homens de fé, que recorri, pedindo-lhe a compreensão devida para o que existe de indecifrável nos mistérios da vida. Wagner tinha 49 anos, era um "menino" bom, e tinha tanto para construir ainda em favor de um mundo mais justo e mais humano...
O silêncio tomou conta do espaço, enquanto pude ver, através da vidraça, duas folhas a cair, serenamente, do alto de uma árvore.
Faço-as minhas suas sábias e pertinentes menções ao nosso nobre e saudoso irmão FRANK WÁGNER, que nos deixou um enorme legado e que jamais será esquecido. Parabéns professor Álder!
ResponderExcluirMuito triste! Meu professor! Que Deus o acolha na sua luz e Misericórdia!
ResponderExcluirGuardarei na memória a imagem de um grande ser humano e intelectual!
Gratidão professor, por expressar também meus sentimentos. Eu fui covarde, não consegui forças para ir ao velório. Foi um choque muito grande para mim. Envio minhas melhores energias e boas vibrações para a família, especialmente aos pais, que minha imaginação não consegue medir tamanha dor. Fica a certeza de que Tudo é do Pai e Ele precisa dos bons ao lado Dele.
ResponderExcluirFrank Wagner, seu sorriso, sua disponibilidade e carisma ficará para sempre na memória dos que lhe conheceram. E que seja
exemplo de Sabedoria e Respeito ao próximo.
Q Deus o tenha!
ResponderExcluirUm irmão inesquecível...
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