"Quem ama tem ciúme". A frase é da psiquiatra italiana Donatella Marazziti, autora do livro ... E Viveram Ciumentos & Felizes para Sempre, publicado no Brasil pela Lumiara. Se não traz novidades muito significativas para a interpretação desse sentimento que atormenta a vida de tantos casais, a obra estabelece a existência de tipos de ciúme que podem ser 'trabalhados' a fim de que, mesmo nos casos ditos anormais, os amantes possam levar uma relação saudável. A exemplo do que teoriza Freud em um dos estudos mais respeitados sobre o tema, objeto de uma crônica publicada no meu livro Do Amor e Outras Crônicas, para Donatella existem diferentes tipos de ciúme: o depressivo, o obsessivo, o paranoide, o hipersensível e o ansioso.
O primeiro, segundo a psiquiatra italiana, é comum nos casos em que um dos parceiros sente-se inferior ao outro. O curioso é que neste caso o ciumento não manifesta seu sentimento e tende a sofrer em silêncio, na expectativa de que, cedo ou tarde, será traído. O segundo, a que chama de obsessivo, é recorrente e marcado por desentendimentos. O ciumento obsessivo é levado a procurar 'provas' em tudo, como a agenda do celular do parceiro e as mensagens realizadas ou recebidas. Normalmente tem a necessidade de se sentir amado e cobra do outro declarações do tipo "eu te amo!". No terceiro tipo, o ciúme paranoide, o ciumento tem a quase convicção de que é traído. Exige do parceiro comportamentos e renúncias iguais aos seus, como deixar de sair com amigos em favor da companhia um do outro. É um caso anormal, posto que o ciumento vê indícios muitas vezes extraídos da sua capacidade de fantasiar. No ciúme hipersensível, comum nas pessoas muito afirmativas e melindrosas, o ciumento sofre em silêncio, mas torna a relação pesada e sufocante. E, por último, o tipo ansioso, que leva a pessoa a viver em alerta, sob o efeito de uma ansiedade incontrolável.
Donatella levanta afirmações curiosas, inclusive, quando se refere aos casos em que o amor já faliu e a pessoa nutre pela outra um sentimento de posse. É o mais grave, doentio e a superação do problema requer tratamento, que nem sempre apresenta resultados totalmente positivos. O que é realmente significativo em ... E Viveram Ciumentos & Felizes para Sempre, por certo, é que a autora reconhece a existência do ciúme como algo inerente à vida de todo amante, um sentimento natural e importante, quando bem trabalhado, para a manutenção de relações amorosas bem sucedidas e duradouras. A estudiosa aponta alternativas de ação contra esse sentimento muitas vezes insuportável e destruidor. Donatella é autora, também, do clássico A Natureza do Amor, à venda no Brasil desde 2007. Recomendo.
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