terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O milagre do amor e da paixão

Revista Isto é, em edição recente, publicou interessante matéria sobre o Amor. Tomando por base pesquisa levada a efeito pela Universidade de Northwestern's, de Weinberg, nos Estados Unidos, editores de comportamento mostram que algumas crenças consagradas sobre o relacionamento entre homens e mulheres são equivocadas ou sofreram mudanças significativas. A revista aponta nove mitos sobre um dos sentimentos mais estudados da humanidade. Um deles, particularmente, é o de que o homem tende a ser mais atraído pela beleza física enquanto a mulher valoriza em princípio o status social do homem. Segundo os resultados obtidos pela conceituada universidade americana, a beleza física ainda é "a caracteríscia mais desejada tanto para os homens quanto para as mulheres."

Coisas das pesquisas, posto que a matéria não leva em consideração que a beleza é em si um dos temas mais complexos de todos os tempos, objeto de exame num dos campos mais ricos da Filosofia, a Estética. Etimologicamente, sabe-se, a palavra vem do grego e significa "sensação", o que justifica o fato de ser essa uma parte da Filosofia que trata de uma teoria geral da sensibilidade. Em Crítica da Razão Pura, por exemplo, Kant toma como seu objetivo de estudo a sensilidade e as formas puras do sentimento. Assim, é ela a ciência do Belo. Mas, o que seria o Belo? A Verdade, como quis Platão? E o que seria a Verdade? O Belo é o que agrada, como em Santo Tomás de Aquino, para quem "belas são as coisas que vistas, agradam"? Ou, como está em Aristóteles, "o Belo consiste na ordem e na grandeza"? Ou, ainda, "a expressão sensível do infinito", segundo Kant?

Quem nunca ouviu a expressão?: - "Para quem ama, o feio bonito lhe parece!" Bingo. Acho que a sabedoria popular, como não tem sido raro, traz uma percepção mais satisfatória sobre o assunto. Relativiza o conceito do Belo, vai nas entranhas do que, no milagre de um encontro, faz correr pela espinha o friozinho inconfundível da atração. A química, para usar de uma palavra mais contemporânea. Um dia, na praia, ela abaixou os óculos de sol e ele deparou com o sortilégio do desejo, vindo dos olhos que jamais vira iguais. Ele era gordo, meio careca, mas tinha um jeito de falar, de usar as mãos... Ela, um nariz ligeiramente adunco, mas o sorriso era estonteante. E tinha um viço no olhar. Ele era baixinho, mas tinha um jeito terno que a enlouqueceu. Se magra, demasiado magra, que pernas torneadas, que textura de pele. Ele era manco, mas possuidor de uma sensibilidade... e suas palavras tinham poesia. E assim, você se sentiu dominada pela força da paixão, enamorou-se na rapidez de um instante. E a vida lhe pareceu impossível sem ele ou ela, a partir de 'agora'.

A beleza física, pois, é algo que se diferencia para um e outro, que se escalona em ordens variadas, o sublime, o belo, o bonito, o formoso. A inteligência, a capacidade de sedução, o charme, a correção do caráter, a elegância e outros tantos atributos, até onde posso ver, podem pesar muito mais desde o primeiro lance do olhar - e fazer desmoronar o coração. Eis que muitas vezes o inexplicável se explica, "ele é belo e ela tão feia", "ela é lindíssima, o cara um bagulho." Como pode?, você se pergunta. E o coração dele ou dela tem para o fato a mais convincente explicação. A relatividade da Beleza, o milagre do amor e da paixão.

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