Disse Fernando Pessoa que todas as cartas de amor são ridículas, mas verdadeiramente ridículas são as pessoas que não escrevem cartas de amor. Lembrei do poema quando vi esta semana, por provocação de minha filha de quinze anos, Cartas para Julieta, o doce filme de Gary Winick. Não se trata de um grande filme, mas, como diria uma amiga, é um filme "bonitinho".
A história lembra, en passant, o arrebatador O amor nos tempos do cólera, o épico romântico de Mike Newell, pelo menos num aspecto: o roteiro 'fala' de um amor que se recusa a morrer mesmo quando se passaram 50 anos. Sophie, numa bela interpretação de Amanda Seyfried, uma inglesa de férias em Verona, trabalha como 'checadora' da revista The New Yorker, mas sonha com a oportunidade de se tornar repórter. Conhece, então, as legendárias Secretárias de Julieta e escreve para uma senhora (Vanessa Redgrave) e a convence a ir à Itália em busca de um velho amor, Lorenzo. Até conseguir reencontrar o homem amado, no entanto, terá de percorrer um longo caminho.
E me vem, de chofre, a resposta. Porque a utopia do amor é imortal. Corações partidos, os apaixonados deixam no muro, em forma de cartas, a esperança de que um dia reconquistem os seres amados. Atire a primeira pedra aquele ou aquela que nunca trocou a dura realidade das perdas pela utopia do reencontro. Em meu tempo, acho que também deixei naquele muro uma carta de amor, "como as outras, ridículas!" É isso que agrada a tantos cinéfilos num filme tão simples e tão despretensioso como Cartas para Julieta.
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