quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um drama inesquecível

Desde que assisti ao Cinema Paradiso, lá por fins dos anos 80, costumo presentear amigos queridos com cópias do filme. Faço-o como que encantado, uma vez que se trata de uma das mais belas realizações da sétime arte. Tenho sempre, em casa, duas ou três dessas cópias e devo ter visto o filme de Giuseppe Tornatore quando menos umas trinta vezes. Nada, como disse numa outra crônica, que se compare ao que fez o jornalista Lúcio Brasileiro com Casablanca, a que afirma ter assistido mais de mil vezes. Ainda chego lá.
 
Pois bem. Dia desses, zanzando pela livraria Cultura, hábito já internalizado nas horas de folga, deparo com uma pérola: a versão estendida do filme, com pelo menos 50 minutos de cenas inéditas. É que o filme, na versão que chegou aos cinemas, foi reduzido por pressão do seu produtor Franco Cristaldi, segundo diz nos extras do DVD o próprio Tornatore. Achava a narrativa da película demasiado lenta para ser mantida nas quase 3 horas da versão original. Eu sabia da história mas só agora pude ver o filme sem os cortes efetuados para o circuito comercial, até que chegasse às lojas. Deslumbrante!
 
O roteiro, todos sabem, conta em flashback   --  e numa evocação assumidamente autobiográfica do autor  --, a trajetória de um cineasta dos tempos áureos do cinema, antes do surgimento da televisão, até sua volta à cidadezinha do interior da Sicília quando morre Alfredo, o projecionista que marcara os tempos felizes da infância dele, o garoto Totó. A versão reduzida do filme suprimira o encontro do cineasta, Salvatore de Sica, o Totó adulto e artista consagrado, com Elena, o seu primeiro e insuperado amor. Agora, como é possível acompanhar na versão integral, ele reencontra o amor de sua vida, casada com Boccia, um amigo de infância. Os dois marcam um encontro e, numa cena perpassada de uma emoção que leva às lágrimas, descobre, finalmente, as razões por que Elena fora embora de Giancaldo no que supunha Salvatore fosse o indicativo de não querer continuar com a relação. Imperdível.
 
O filme, que já era uma obra-prima, e constitui uma comovente homenagem de Tornatore aos mestres da sétima arte, redimensiona-se, apaixona ainda mais, arrebata o espectador com a contundência do seu lirismo e de sua força poética inigualável. Dos mais premiados da história, Cinema Paradiso é incomparável nessa versão estendida, e você, leitor, cinéfilo ou simples admirador do que existe de mais belo em termos da grande arte, não pode deixar de ver. É fácil adquirir uma cópia nas livrarias da cidade ou mesmo através de um site de vendas da Internet. Um drama inesquecível!
 
 

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