Como atriz, conheço pouco o trabalho de Carolina Dieckmann. Como mulher, claro que sempre a achei uma das mais bonitas do país, como todo mundo. Por inevitável, acompanhei o desenrolar do espisódio de suas fotos nua, inclusive recebendo de meio mundo as 36 que estouraram na internet, não raro acompanhadas de encaminhamentos tolos, imaturos e, como pude concluir desde a sua entrevista ao Jornal Nacional, nessa segunda-feira, injustos, desnecessários, descabidos: - "Vagabunda!", "Vadia!" e outros substantivos do tipo "Gostosa!", "Tesão!" e babaquices mais. A atriz me surpreendeu pelo equilíbrio num momento assim, delicado; pelo domínio sobre sua imagem como uma celebridade da tevê brasileira; pela sensatez com que se conduziu na adversidade e pelo desfecho que soube dar ao fato. E como mulher, acima de tudo, agora no sentido mais completo da palavra. Passo a admirá-la muito mais a partir da entrevista concedida há pouco a Patrícia Poeta.
Ocorreu-me pensar: quem, em circunstâncias íntimas, nunca terá apimentado a sua sexualidade para o outro, notadamente quando numa relação em que existe amor? Quem nunca terá explorado a sua sensualidade, dando-se em gratuidade aos olhos da pessoa amada, como Carolina fez? Quem nunca terá dito palavras obscenas e picantes nas horas da entrega total? Quem nunca elevou a temperatura do encontro amoroso com uma pitada de lascívia e concupiscência? Quem nunca estetizou a linguagem dos corpos nessa arte (tão mágica!) de amar e de se fazer amado?
O crime cometido contra a atriz, no fundo, serviu para ampliar a beleza de Carolina Dieckmann, tornando-a mais gente, mais humana e mais exemplar em sua dignidade pessoal. Quantas propostas "irrecusáveis" não terá recusado para expor seu corpo encantador nas playboys da vida? A Patrícia Poeta, que a entrevistava em horário nobre da tevê, Carolina disse: - "Eu poderia até aparecer nua numa peça, num filme, numa novela. Não é uma questão meramente moral. É respeito por mim e pelo meu filho que tem 13 anos." Carolina Dickmmam 'caiu para o alto' nesse acontecimento episódico de sua vida -- e se fez muito maior como gente, razão por que saiu também muito mais bonita como mulher!
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A propósito, do psicólogo e livre-docente pela USP, Modesto Rolim Neto, leitor da coluna, vem-me de presente o livro Cartas de amor de Edith Piaf. Trata-se de um conjunto de 50 cartas da 'pequena-grande deusa' dirigidas a Louis Gérardin (1912 - 1982), o elegante e sedutor ex-designer da Renault e ídolo do ciclismo francês, que protagonizou um dos mais explosivos relacionamentos da inconfundível intérprete de La vie en rose. Se a missivista não está à altura da cantora que fascinou o mundo, suas cartas constituem uma incontornável prova da arrebatadora forma de amar da dama de ferro da música romântica francesa, pontuadas de erotismo, e paixão, e êxtase de uma mulher para além do seu tempo.
Saudações, Álder!
ResponderExcluirCada vez que leio seus textos me encho de um orgulho puro, simples e permanente de ter tido o privilégio e a honra de ter sido seu aluno. Eu poderia até falar mais, mas vamos ao texto: primeiro, também sou um admirador do trabalho e da própria figura da Carolina. O que fizeram com ela foi uma tremenda sacanagem (e me perdoe a expressão), coisa de aproveitadores, de quem já sabia ― por alto ― da existência de tais fotos; agora, ela precisa se policiar ― digamos assim ― um pouco mais. Finalizando, fiquei com inveja do presente (livro Cartas de amor de Edith Piaf) que recebeste. Já vi o Jô Soares se derramando de elogios a esta grande mulher...
Abraços!!