Amigo envia-me por e-mail crônica de Ruy Castro sobre suposto desaparecimento de livros, CDs, DVDs, telefones fixos, controle remoto, câmeras digitais e mesmo computadores de mesa, os quais serão, no futuro, substituídos por "nuvens", que, a exemplo do genial colunista, também não sei do que se trata. O certo é que, amparado por matéria publicada no jornal "O Globo", Castro afirma que tudo se dará como num passe de mágica, através de smartphones, downloads etc. Ou seja, em breve você acariciará o display do celular, por exemplo, e o mundo estará em suas mãos. E não é do conteúdo da internet de que estou falando. Internet, como a conhecemos hoje, será fichinha diante das tais "nuvens". Que nem a personagem de Ariano Suassuna, "não sei, só sei que vai ser assim". Nefelibatas, é como se dizia daqueles que andavam nas nuvens.
Como o meu lado pré-histórico ainda fala em mim, pus-me a pensar como será a vida sem um livro nas mãos, a 'coisa' propriamente dita, palpável, sobretudo quando se tratar de um livro novo, com o seu cheirinho bom e inconfundível. Afinal, até já escrevi sobre isto aqui, a minha relação com o livro é, literalmente, uma relação de amor, que começa, via de regra, na vitrine da livraria. É assim. Fico, em princípio, flertando com a sua perigrafia, a 'roupagem' com que se apresenta, a sua elegância, o seu porte airoso etc., porque, até que o tenha nas mãos, às vezes, levamos um tempo, a 'coisa' e eu, numa troca de olhares sem fim.
Não raro, ocorre-me de deixar a abordagem para o próximo encontro, receoso de que não seja aquele o melhor momento. Mais ou menos como acontece com a mulher 'sonhada': você manda flores, torpedos, e-mails, até que um dia a tem nas mãos, sente a textura da pele, a acaricia, consegue beijá-la, levar à cama -- e sente-se o mais feliz dos homens.
Livros, como as mulheres, são surpreendentes, por vezes complicados, mas indispensáveis. No mais das vezes, são maravilhosos. Todavia, há os difíceis, os ofertados, os insinceros, os ardilosos, os transparentes, os mal intencionados, os tímidos, os atirados, os que vêm para ficar, os que partem (sem deixar saudade!), os honestíssimos!, os que traem. Há livros, como as mulheres, de que nunca se esquece; há aqueles que, de tão sem graça, você jamais será capaz de lembrar, a menos que alguém, bem ou mal, venha a lhe falar deles. Ah, os livros... Parodiando Vinicius, alguém haverá de dizer: 'Livros, livros, melhor não lê-los, mas se não os lemos, como sabê-lo!'
De um outro leitor e amigo, vem-me um pps sobre o Hermitage, o suntuosíssimo museu russo. Que coisa linda! Como todos, um dia, receberão todos os pps que cruzam o mundo pela rede, este haverá lhe chegar às mãos, ou melhor, ao seu endereço eletrônico. Não deixe de vê-lo, que vale a pena. A propósito, no Hermitage se fez o belíssimo filme A arca russa, que recomendo. Todo ele 'rodado' no interior do museu, num único plano-sequência com duração de quase duas horas. Em tempo, devo lembrar: chama-se assim o plano longo sem corte, no caso, só possível com as filmadoras digitais, uma vez que as bobinas dos filmes tradicionais têm a duração aproximada de apenas dez minutos. Por hoje, é só. Tenho dito.
Como o meu lado pré-histórico ainda fala em mim, pus-me a pensar como será a vida sem um livro nas mãos, a 'coisa' propriamente dita, palpável, sobretudo quando se tratar de um livro novo, com o seu cheirinho bom e inconfundível. Afinal, até já escrevi sobre isto aqui, a minha relação com o livro é, literalmente, uma relação de amor, que começa, via de regra, na vitrine da livraria. É assim. Fico, em princípio, flertando com a sua perigrafia, a 'roupagem' com que se apresenta, a sua elegância, o seu porte airoso etc., porque, até que o tenha nas mãos, às vezes, levamos um tempo, a 'coisa' e eu, numa troca de olhares sem fim.
Não raro, ocorre-me de deixar a abordagem para o próximo encontro, receoso de que não seja aquele o melhor momento. Mais ou menos como acontece com a mulher 'sonhada': você manda flores, torpedos, e-mails, até que um dia a tem nas mãos, sente a textura da pele, a acaricia, consegue beijá-la, levar à cama -- e sente-se o mais feliz dos homens.
Livros, como as mulheres, são surpreendentes, por vezes complicados, mas indispensáveis. No mais das vezes, são maravilhosos. Todavia, há os difíceis, os ofertados, os insinceros, os ardilosos, os transparentes, os mal intencionados, os tímidos, os atirados, os que vêm para ficar, os que partem (sem deixar saudade!), os honestíssimos!, os que traem. Há livros, como as mulheres, de que nunca se esquece; há aqueles que, de tão sem graça, você jamais será capaz de lembrar, a menos que alguém, bem ou mal, venha a lhe falar deles. Ah, os livros... Parodiando Vinicius, alguém haverá de dizer: 'Livros, livros, melhor não lê-los, mas se não os lemos, como sabê-lo!'
De um outro leitor e amigo, vem-me um pps sobre o Hermitage, o suntuosíssimo museu russo. Que coisa linda! Como todos, um dia, receberão todos os pps que cruzam o mundo pela rede, este haverá lhe chegar às mãos, ou melhor, ao seu endereço eletrônico. Não deixe de vê-lo, que vale a pena. A propósito, no Hermitage se fez o belíssimo filme A arca russa, que recomendo. Todo ele 'rodado' no interior do museu, num único plano-sequência com duração de quase duas horas. Em tempo, devo lembrar: chama-se assim o plano longo sem corte, no caso, só possível com as filmadoras digitais, uma vez que as bobinas dos filmes tradicionais têm a duração aproximada de apenas dez minutos. Por hoje, é só. Tenho dito.