"Se o cinema continuar como está, só mesmo o legado de nossas lembranças alimentará qualquer futura história do cinema". A frase está numa crônica de Vinicius de Moraes publicada em 1942. Imagine o leitor que, por essa época, chegava ao Brasil nada mais nada menos que Cidadão Kane, de Orson Welles, o mais importante filme já realizado. Para quem não sabe -- e conhece Vinicius de Moraes apenas como o grande poeta e compositor que foi --, devo dizer que assinou textos antológicos sobre cinema, a que era aficionado. Não foi um crítico no rigor do termo, embora conhecesse cinema como poucos, mas um cronista, alguém que discorria sobre a sétima arte com uma leveza e uma poesia que encantam.
A propósito, li nesse final de semana a coletânea O Cinema de Meus Olhos, seleta de textos de Vinicius organizada por Carlos Augusto Calil para a Companhia Das Letras. Pois bem, mas por que falei sobre isto? Ah, lembro!, para dizer da baixíssima qualidade dos filmes que tomam conta das nossas salas de projeção Brasil afora. Em BH, de onde escrevo esta coluna, de dez ou doze filmes que estão em cartaz, um ou dois se aproveitam, se o cinéfilo não estiver numa fase muito exigente. O cinema virou uma sucursal da violência, como diria Arnaldo Jabor, como eu, um saudosista de quatro costados em termos de cinefilia. Aliás, não faz muito, um leitor indagara-me por que 'só escrevo sobre filmes antigos', assim, meio que querendo me chamar de ultrapassado esteticamente falando (risos).
Compro a briga!, meu prezadíssimo leitor, a quem quero paroveitar para agradecer a visita que diz fazer semanalmente ao blog; se, jovem, tivesse deparado com este lixo que enche os nossos cinemas hoje em dia, confesso: jamais teria me tornado o cinéfilo que sou. O cinema contemporâneo, este que atrai os jovens de agora e algum outro público menos exigente, geração coca com pipoca, é medíocre a tal ponto que não merece com rigor ser chamado de Cinema, com maiúscula, que você me perdoe. Isto que você diz ser o "cinema moderno", está mais para poluição visual, ou, já que me referi a Jabor linhas acima, um dos novos cineastas que admiro muito, o que se vê nas telas dos multiplex "é uma horda infernal de imagens uivando por um lugar ao sol".
Já que você, como não nos foi dado fazer tempos atrás, conta com a facilidade de ver em DVD os 'filmes antigos' a que se refere, em alusão às minhas crônicas de cinema, que tal pegar um Billy Wilder ou um Fritz Lang ou um Bergman ou mesmo um Hichtcock para ver e rever, até descobrir porque este escriba insiste em afirmar que já não se fazem grandes filmes como antigamente? Faça isto e não se haverá de arrepender, asseguro-lhe!
Mas, para não deixar de recomendar um ou dois dos filmes em cartaz, vi À Beira do Caminho, de Breno Silveira (Dois Filhos de Francisco), que agrada pela simplicidade do roteiro e pela direção sensível de um talentoso cineasta brasileiro da novíssima geração. O filme, que traz Dira Paes e João Miguel (aquele ator que fez, aí em Iguatu, O Céu de Suely, lembra?) nos papeis centrais, conta a história de João, um caminhoneiro que teve uma desilusão amorosa e luta para se reencontrar depois de dar carona a um garoto pobre que procura localizar o pai. Um road movie perpassado de canções do melhor Roberto Carlos capaz de tocar qualquer coração, acredite. E Intocáveis, o belíssimo filme de François Cluzet que lembra muito Perfume de Mulher, que, por falta de espaço, deixo para comentar depois. Até lá.
A propósito, li nesse final de semana a coletânea O Cinema de Meus Olhos, seleta de textos de Vinicius organizada por Carlos Augusto Calil para a Companhia Das Letras. Pois bem, mas por que falei sobre isto? Ah, lembro!, para dizer da baixíssima qualidade dos filmes que tomam conta das nossas salas de projeção Brasil afora. Em BH, de onde escrevo esta coluna, de dez ou doze filmes que estão em cartaz, um ou dois se aproveitam, se o cinéfilo não estiver numa fase muito exigente. O cinema virou uma sucursal da violência, como diria Arnaldo Jabor, como eu, um saudosista de quatro costados em termos de cinefilia. Aliás, não faz muito, um leitor indagara-me por que 'só escrevo sobre filmes antigos', assim, meio que querendo me chamar de ultrapassado esteticamente falando (risos).
Compro a briga!, meu prezadíssimo leitor, a quem quero paroveitar para agradecer a visita que diz fazer semanalmente ao blog; se, jovem, tivesse deparado com este lixo que enche os nossos cinemas hoje em dia, confesso: jamais teria me tornado o cinéfilo que sou. O cinema contemporâneo, este que atrai os jovens de agora e algum outro público menos exigente, geração coca com pipoca, é medíocre a tal ponto que não merece com rigor ser chamado de Cinema, com maiúscula, que você me perdoe. Isto que você diz ser o "cinema moderno", está mais para poluição visual, ou, já que me referi a Jabor linhas acima, um dos novos cineastas que admiro muito, o que se vê nas telas dos multiplex "é uma horda infernal de imagens uivando por um lugar ao sol".
Já que você, como não nos foi dado fazer tempos atrás, conta com a facilidade de ver em DVD os 'filmes antigos' a que se refere, em alusão às minhas crônicas de cinema, que tal pegar um Billy Wilder ou um Fritz Lang ou um Bergman ou mesmo um Hichtcock para ver e rever, até descobrir porque este escriba insiste em afirmar que já não se fazem grandes filmes como antigamente? Faça isto e não se haverá de arrepender, asseguro-lhe!
Mas, para não deixar de recomendar um ou dois dos filmes em cartaz, vi À Beira do Caminho, de Breno Silveira (Dois Filhos de Francisco), que agrada pela simplicidade do roteiro e pela direção sensível de um talentoso cineasta brasileiro da novíssima geração. O filme, que traz Dira Paes e João Miguel (aquele ator que fez, aí em Iguatu, O Céu de Suely, lembra?) nos papeis centrais, conta a história de João, um caminhoneiro que teve uma desilusão amorosa e luta para se reencontrar depois de dar carona a um garoto pobre que procura localizar o pai. Um road movie perpassado de canções do melhor Roberto Carlos capaz de tocar qualquer coração, acredite. E Intocáveis, o belíssimo filme de François Cluzet que lembra muito Perfume de Mulher, que, por falta de espaço, deixo para comentar depois. Até lá.
Olá, Álder!
ResponderExcluirQue grandes nomes estão figurando nesta crônica, hein!
Às vezes acho que o nosso cinema só não ainda ganhou aquele destaque internacional porque vive procurando uma identidade, uma escola própria, sabe. Algo que não remeta - ou se faça lembrar - a nenhuma outra forma de fazer cinema. Algo parecido com a seleção espanhola de futebol, que só agora fundou uma escola.
Acho que é isso.
Espero ter sido compreendido. Belíssima
crônica.