Quando a imprensa divulgou a mascote da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, como todo torcedor metido, fiquei muito frustrado. Primeiro porque não vejo graça nesse tatu-bola escolhido para simbolicamente nos representar, além, claro, do fato de sua espécie carregar no nome a palavra com que se designa o instrumento indispensável para a prática do esporte bretão. E a sugestiva forma, vá lá, que o animal assume sempre que se sente acossado. Muitas outras modalidades também não podem prescindir do mesmo instrumento. O argumento de que a escolha remete às campanhas em favor da preservação do meio-ambiente, que anima os entusiastas da mascote, também não me convence. Pelo menos a mim, que esperava uma outra figura, muito mais 'brasileira' em sua malemolência, simpatia e leveza, literalmente. Além disso, também o bom papagaio sofre ameaça de extinção.
Não bastassem tantos bons atributos, o meu indicado faz este ano 70 anos, no momento em que foi escolhido o tatu como o nosso exótico representante. Para não falar que não é todo dia que um brasileiro de quatro costados alcança tamanha longevidade, pelo menos quando se trata, como ele, de um brasileiro pobre, duro mesmo, folgado e desempregado, mas que não perde a alegria de viver e viver bem em meio a tamanhas adversidades. Ou seja, o legítimo brasileiro, tão macunaímico quanto a adorável personagem de Mário de Andrade, o maior e mais simbólico dos intelectuais brasileiros em sua inarredável disposição de imortalizar o verdadeiro Brasil e suas tradições. Pois o leitor, que deve estar se coçando de curiosidade, fique sabendo: o meu escolhido seria o Zé Carioca!
Explicada a minha intromissão em assunto que não me diz respeito, ou sim, para contrariar Caetano, que por sinal tem a mesma idade do Zé, repasso ao leitor um pouco da biografia do meu "herói", que, embora sem nome, junta forças para zombar dos outros, como outro Zé que também adoro, o de Carlos Drummond de Andrade. Mas deixemos de delongas e vamos aos fatos.
Zé Carioca foi gerado em 1941, num salão do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, como o sobrenome deixa ver. Mas o seu registro de nascimento é de 1942, quando o pai, ninguém menos que um certo Walt Disney, revelou ao mundo a chegada do herói brasileiro, que já veio assim, estiloso que só, com seu fraque, sua gravata-borboleta, seu chapéu de palhinha, seu charuto e seu chapiliniano guarda-chuva, inspirado num tal Dr. Jacarandá, personagem folclórica dos bares cariocas dos velhos tempos.
Minha simpática mascote, como se vê, já chegou abençoada, pelos deuses e pelos orixás, para fazer companhia ao rabugento Pato Donald e, com sua graça e malandragem, anunciar aos quatro ventos que, na contramão das evidências, é possível ser alegre e feliz sempre, mesmo sendo brasileiro. O diabo é que tem um nome que lembra, nestes tempos de trevas, um outro Zé, o qual, diga-se de passagem, não anda com essa bola toda.
Não bastassem tantos bons atributos, o meu indicado faz este ano 70 anos, no momento em que foi escolhido o tatu como o nosso exótico representante. Para não falar que não é todo dia que um brasileiro de quatro costados alcança tamanha longevidade, pelo menos quando se trata, como ele, de um brasileiro pobre, duro mesmo, folgado e desempregado, mas que não perde a alegria de viver e viver bem em meio a tamanhas adversidades. Ou seja, o legítimo brasileiro, tão macunaímico quanto a adorável personagem de Mário de Andrade, o maior e mais simbólico dos intelectuais brasileiros em sua inarredável disposição de imortalizar o verdadeiro Brasil e suas tradições. Pois o leitor, que deve estar se coçando de curiosidade, fique sabendo: o meu escolhido seria o Zé Carioca!
Explicada a minha intromissão em assunto que não me diz respeito, ou sim, para contrariar Caetano, que por sinal tem a mesma idade do Zé, repasso ao leitor um pouco da biografia do meu "herói", que, embora sem nome, junta forças para zombar dos outros, como outro Zé que também adoro, o de Carlos Drummond de Andrade. Mas deixemos de delongas e vamos aos fatos.
Zé Carioca foi gerado em 1941, num salão do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, como o sobrenome deixa ver. Mas o seu registro de nascimento é de 1942, quando o pai, ninguém menos que um certo Walt Disney, revelou ao mundo a chegada do herói brasileiro, que já veio assim, estiloso que só, com seu fraque, sua gravata-borboleta, seu chapéu de palhinha, seu charuto e seu chapiliniano guarda-chuva, inspirado num tal Dr. Jacarandá, personagem folclórica dos bares cariocas dos velhos tempos.
Minha simpática mascote, como se vê, já chegou abençoada, pelos deuses e pelos orixás, para fazer companhia ao rabugento Pato Donald e, com sua graça e malandragem, anunciar aos quatro ventos que, na contramão das evidências, é possível ser alegre e feliz sempre, mesmo sendo brasileiro. O diabo é que tem um nome que lembra, nestes tempos de trevas, um outro Zé, o qual, diga-se de passagem, não anda com essa bola toda.