quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lula, o ódio e a inveja

Recebo de um amigo texto sobre a estreia de Lula como articulista do mais importante jornal americano. Vem em desagravo do ex-presidente, objeto da pequenez de espírito, da inconsistência intelectual e da desfaçatez de um punhado de brasileiros que não se conformam com o fato de um nordestino, pobre e sem escolaridade, chegar à presidência da República, levar a efeito
um governo popular e conquistar o respeito do mundo inteiro, realidade que o coloca entre os grandes candidatos ao Nobel da Paz, fato impensável para um país de pouco prestígio internacional até a chegada deste gênio da raça ao cargo mais importante do país. Vejam-no na íntegra: 
 
A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva é conhecida. Ex-retirante, tornou-se operário, líder sindical, presidente e, depois disso, aprovado pela grande maioria de seu povo, passou a ser também reconhecido internacionalmente. À esquerda, pelo historiador Eric Hobsbawn, que afirmou que Lula "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas". No mercado financeiro, por Jim O'Neill, da Goldman Sachs, que criou a palavra Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e o definiu como o maior estadista do mundo nas últimas décadas.
Lula, portanto, é um ativo valioso, que interessa a qualquer publicação no mundo. Além disso, com sua agenda internacional focada, sobretudo, na África, ele é hoje seríssimo candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Por isso mesmo, recebeu um convite para publicar uma coluna mensal no The New York Times, maior jornal do mundo, onde poderá defender suas causas e bandeiras. A história de superação de Lula, desprezada por analistas rancorosos e invejosos no Brasil, mas reconhecida até por seus adversários políticos, hoje inspira líderes do mundo inteiro.
Isso não significa, no entanto, que Lula está obrigado a redigir de próprio punho seus artigos. Como colunista, Lula, naturalmente, delegará a tarefa de produzir textos a algum escriba. É assim, sempre foi e sempre será no mundo inteiro. Políticos são homens de ação. Quando transplantam suas ideias para o papel, em geral, contam com auxílio profissional. Afinal, é para isso que existem jornalistas e ghost-writers. Tancredo Neves, por exemplo, que pronunciou alguns dos mais memoráveis discursos da história brasileira, delegava a tarefa ao jornalista Mauro Santayana. Bill Clinton e Barack Obama também têm ghost-writers.
No entanto, de Lula, cobra-se o que jamais foi cobrado de qualquer outro político brasileiro. Em Veja.com, Augusto Nunes classifica o ex-presidente como uma espécie de analfabeto, incapaz de pronunciar um "tanquiú". Escriba de luxo de seus patrões, Nunes já se prestou a todo tipo de tarefa – entre elas, a de exaltar o "caçador de marajás" Fernando Collor, como está bem detalhado no livro Notícias do Planalto, de Mário Sérgio Conti, ex-diretor de Veja.
Estávamos, no 247, decididos a não comentar o texto de Nunes, uma das peças mais insignificantes já publicadas por algum de veículo de comunicação no Brasil. Mas não se trata, infelizmente, de um movimento isolado. No domingo, dia 28, em Época, Guilherme Fiúza, que se notabilizou por biografias de personagens como Bussunda e Reynaldo Giannechini, além do livro Meu nome não é Johnny, consegue descer ainda mais baixo do que seu concorrente em Veja.
Segundo ele, a coluna concedida a Lula é a prova de que "os norte-americanos estão levando a sério o projeto de decadência do império norte-americano". Diz ele ainda que Lula se tornou para o New York Times "um suvenir da pobreza, desses que a esquerda norte-americana ama". Fiúza sugere que Lula escreva Rose's story e diz que ele poderá "narrar as peripécias de Waldomiro, Valdebran, Gedimar, Vedoin, Bargas, Valério, Delúbio, Silvinho, Erenice, Rosemary e grande elenco". Por último, pede a Dilma que proíba a Polícia Federal de ler sua coluna.
O que dizer de personagens como Augusto Nunes e Guilherme Fiúza? Nada, a não ser "sorry, periferia".

2 comentários:

  1. Prezado Álder

    Concordo com você que o Lula sofre muitas criticas através de sofismas insidiosamente lançados por pessoas inescrupulosas, críticas essas as vezes até caluniosas, e que dão vazão à sentimentos inconfessáveis como a inveja e a frustração por, como você diz, um nordestino pobre e sem escolaridade ter chegado à Presidência da República. Isso, quando não são simplesmente manobras políticas.
    Também nada vejo de errado em que alguém escreva para ele. É claro que o que for escrito por algum assessor passará por seu crivo e será modificado para que fique perfeitamente em harmonia com suas ideias.
    Não posso, porém, considerar grande estadista, um presidente que no exercício da função vai à televisão pedir desculpas ao povo brasileiro dizendo-se traído, e tempos depois diz que o “mensalão” não aconteceu, que isso tudo é um mistério e que foi uma tentativa de golpe. Porque pediu desculpas então? Porque se sentiu traído?
    Não posso considerar grande estadista um político que faz declarações tão díspares e até mesmo antagônicas como as do clip que poderá ser visto através do link abaixo, no qual as declarações, separadas no tempo, ficam ao sabor de ser oposição ou ser governo.
    Apenas como comentário, lembro que seria inimaginável o Granma oferecer suas páginas para receber ideias e escritos de, por exemplo, Geraldo Alckmin ou Ives Gandra.
    Por favor, abra o link: http://www.youtube.com/watch?v=WVLXFFYxbaE
    Um forte abraço
    José Luiz

    ResponderExcluir
  2. Está registrada a crítica, pelo que lhe agradeço atenciosamente! Abraço, amigo!

    ResponderExcluir