O jornalismo é um meio de comunicação de que sociedade alguma pode prescindir para que se façam valer os princípios democráticos que a sustentam. Mas o jornalismo, como professam as teorias pós-estruturalistas, de que a obra de Michel Foucault constitui uma de suas bases mais importantes, se expressa pelo "discurso" e, como tanto, não está isento de distorcer fatos ou de inventá-los pela manipulação das informações de acordo com os interesses daqueles que, proprietários das empresas jornalísticas, tornam possível a veiculação de sua realidade discursiva.
Dito assim, claro, fica complicado entender o que estou querendo dizer para os leitores desta coluna. Faço-o, numa tentativa de simplificação, exemplificando o que afirmo tomando por base uma das manchetes do jornal Folha de S. Paulo, em sua edição de quinta-feira, 23, acerca do que criminosamente intenciona dar como informação para o leitor. Vejamos: "Lula procura FHC para discutir crise e conter impeachment". O corpo do texto, no entanto, para qualquer leitor mais atento, desfia uma série de artifícios para esconder o único fato comprovável de toda a "notícia": uma nota do Instituto Lula materializando a indignação do ex-presidente com a informação maldosa.
O resto da matéria, como veremos, reedita conversa de canalha quando se determina a obter resultados em dadas circunstâncias: "O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou amigos em comum a procurar seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, e propor uma conversa entre os dois sobre a crise política. O objetivo imediato do movimento é conter as pressões pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff".
Levianamente, a "notícia", assinada a quatro mãos por Daniela Lima, de São Paulo, e Marina Dias, de Brasília, e amparada no prestígio de Ricardo Balthazar, editor do caderno Poder do jornal Folha de S. Paulo, não cita sequer uma das pessoas envolvidas com o que se propõe narrar como fato. Algo como "não sei quem disse que não sei onde não sei quem falou" com que o senso comum faz galhofa das invenções populares.
A tornar ainda mais visível o cabotinismo da matéria, no próprio texto seus autores reproduzem uma fala do ex-presidente FHC sobre a hipótese de um encontro: "O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários. Se desejar discutir objetivamente temas como a reforma política, sabe que estou disposto a contribuir democraticamente. Basta haver uma agenda clara e de conhecimento público". Sem comentários.
Perversamente, para não falar do que isso quer dizer do ponto de vista ético, a matéria afirma: "Não foi o primeiro aceno de Lula à oposição. Em maio, ele encontrou o senador José Serra (PSDB-SP) na festa de um amigo comum e disse que gostaria de marcar uma conversa reservada. Lula derrotou Serra na eleição de 2002." Mas só alguns parágrafos depois esclarece: " Serra não quis confirmar o conteúdo da conversa que teve com Lula em maio, e disse apenas que não tem nenhum encontro marcado com ele."
Pelo discurso, tal qual o entendemos no campo da tese de Michel Foucault, a grande imprensa (jornais, televisões e revistas de maior circulação no país) vai dando representação ao governo popular da presidente Dilma Rousseff e da maior liderança brasileira que lhe dá suporte, Lula, bem como ao "resto" dos brasileiros a quem o atual projeto proporcionou condições reais de inclusão social. O ponto de vista do dominador se sobrepondo à voz do dominado, à espera de uma oportunidade para se fazer ouvir.
Dito assim, claro, fica complicado entender o que estou querendo dizer para os leitores desta coluna. Faço-o, numa tentativa de simplificação, exemplificando o que afirmo tomando por base uma das manchetes do jornal Folha de S. Paulo, em sua edição de quinta-feira, 23, acerca do que criminosamente intenciona dar como informação para o leitor. Vejamos: "Lula procura FHC para discutir crise e conter impeachment". O corpo do texto, no entanto, para qualquer leitor mais atento, desfia uma série de artifícios para esconder o único fato comprovável de toda a "notícia": uma nota do Instituto Lula materializando a indignação do ex-presidente com a informação maldosa.
O resto da matéria, como veremos, reedita conversa de canalha quando se determina a obter resultados em dadas circunstâncias: "O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou amigos em comum a procurar seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, e propor uma conversa entre os dois sobre a crise política. O objetivo imediato do movimento é conter as pressões pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff".
Levianamente, a "notícia", assinada a quatro mãos por Daniela Lima, de São Paulo, e Marina Dias, de Brasília, e amparada no prestígio de Ricardo Balthazar, editor do caderno Poder do jornal Folha de S. Paulo, não cita sequer uma das pessoas envolvidas com o que se propõe narrar como fato. Algo como "não sei quem disse que não sei onde não sei quem falou" com que o senso comum faz galhofa das invenções populares.
A tornar ainda mais visível o cabotinismo da matéria, no próprio texto seus autores reproduzem uma fala do ex-presidente FHC sobre a hipótese de um encontro: "O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários. Se desejar discutir objetivamente temas como a reforma política, sabe que estou disposto a contribuir democraticamente. Basta haver uma agenda clara e de conhecimento público". Sem comentários.
Perversamente, para não falar do que isso quer dizer do ponto de vista ético, a matéria afirma: "Não foi o primeiro aceno de Lula à oposição. Em maio, ele encontrou o senador José Serra (PSDB-SP) na festa de um amigo comum e disse que gostaria de marcar uma conversa reservada. Lula derrotou Serra na eleição de 2002." Mas só alguns parágrafos depois esclarece: " Serra não quis confirmar o conteúdo da conversa que teve com Lula em maio, e disse apenas que não tem nenhum encontro marcado com ele."
Pelo discurso, tal qual o entendemos no campo da tese de Michel Foucault, a grande imprensa (jornais, televisões e revistas de maior circulação no país) vai dando representação ao governo popular da presidente Dilma Rousseff e da maior liderança brasileira que lhe dá suporte, Lula, bem como ao "resto" dos brasileiros a quem o atual projeto proporcionou condições reais de inclusão social. O ponto de vista do dominador se sobrepondo à voz do dominado, à espera de uma oportunidade para se fazer ouvir.
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