Não raro indagam-me sobre a minha paixão pela sétima arte. Presumo que a curiosidade tenha alguma relação com o fato de ter nascido numa cidade do interior, onde, hoje, afora Juazeiro do Norte, praticamente inexistem salas de cinema. Desconhecem o fato de que à época de minha adolescência, Iguatu, por exemplo, contava com dois cinemas e que ambos ficavam quase sempre superlotados durante as sessões. Era assim em Crato, em Sobral...
Falei sobre isso num livro de memórias, quando expus como surgiu para mim o interesse por filmes. Era a diversão predileta dos garotos de minha geração, além do futebol e dos amores, ditos platônicos, que muitas vezes alimentávamos na figura das grandes estrelas.
Um tio meu era proprietário de uma dessas salas, razão por que, de posse de um 'permanente' que me autorizava acesso gratuito em todas as sessões, assistia a tudo o que ali chegasse. Alguns desses filmes, aliás, parecem gravados na tela das minhas retinas, de modo que, para revê-los, é bastante fechar os olhos e me concentrar, como o faço no momento em que produzo a crônica da edição de hoje do jornal A Praça.
Lembro com emoção de sequências inteiras, desço a detalhes na constatação de que, garoto ainda, interessavam-me os procedimentos estéticos adotados pelos cineastas, muito embora não soubesse sequer defini-los com termos técnicos da cinematografia. Um enquadramento mais ousado, uma movimentação de câmera, um expediente de montagem, a textura da imagem, os sons, a música etc., tudo era registrado pela minha percepção de menino-cinéfilo com um tipo de envolvimento, permitam-me dizer, incomum.
Só muitos anos depois, dedicando-me por inteiro às coisas da Arte, pude entender como se processam as percepções da pessoa e como a sensibilidade pode ser trabalhada no sentido de depreender com maior abrangência os elementos constitutivos da imagem, no caso, a imagem do cinema, e, por consequência, o que definimos no campo da filosofia da arte como a 'emoção estética' diante do belo.
Desde sempre, curioso, podia eu sentir que por trás de tudo aquilo havia a presença de um homem, alguém dotado da capacidade sublime de criar e contar histórias, de escrevê-las com a câmera e, por esse meio, colocar-nos em relação com outros homens. Aliás, valendo-me do que nos ensinou Étienne Gilson em livro maravilhoso, a experiência artística está inevitavelmente ligada ao sentimento dessa presença, a presença do seu criador.
Parodiando as palavras do sábio francês, ocorre-me afirmar que, quem nunca interrompeu a atenção diante de uma cena do cinema para tomar fôlego, pela carga emocional advinda da mesma, ignora certamente uma das alegrias mais intensas da vida do espírito. Um bom filme, como uma boa música, uma tela genial, um livro, um espetáculo de teatro, a arte enfim, amplia a nossa percepção do mundo. E faz-nos melhores.
Falei sobre isso num livro de memórias, quando expus como surgiu para mim o interesse por filmes. Era a diversão predileta dos garotos de minha geração, além do futebol e dos amores, ditos platônicos, que muitas vezes alimentávamos na figura das grandes estrelas.
Um tio meu era proprietário de uma dessas salas, razão por que, de posse de um 'permanente' que me autorizava acesso gratuito em todas as sessões, assistia a tudo o que ali chegasse. Alguns desses filmes, aliás, parecem gravados na tela das minhas retinas, de modo que, para revê-los, é bastante fechar os olhos e me concentrar, como o faço no momento em que produzo a crônica da edição de hoje do jornal A Praça.
Lembro com emoção de sequências inteiras, desço a detalhes na constatação de que, garoto ainda, interessavam-me os procedimentos estéticos adotados pelos cineastas, muito embora não soubesse sequer defini-los com termos técnicos da cinematografia. Um enquadramento mais ousado, uma movimentação de câmera, um expediente de montagem, a textura da imagem, os sons, a música etc., tudo era registrado pela minha percepção de menino-cinéfilo com um tipo de envolvimento, permitam-me dizer, incomum.
Só muitos anos depois, dedicando-me por inteiro às coisas da Arte, pude entender como se processam as percepções da pessoa e como a sensibilidade pode ser trabalhada no sentido de depreender com maior abrangência os elementos constitutivos da imagem, no caso, a imagem do cinema, e, por consequência, o que definimos no campo da filosofia da arte como a 'emoção estética' diante do belo.
Desde sempre, curioso, podia eu sentir que por trás de tudo aquilo havia a presença de um homem, alguém dotado da capacidade sublime de criar e contar histórias, de escrevê-las com a câmera e, por esse meio, colocar-nos em relação com outros homens. Aliás, valendo-me do que nos ensinou Étienne Gilson em livro maravilhoso, a experiência artística está inevitavelmente ligada ao sentimento dessa presença, a presença do seu criador.
Parodiando as palavras do sábio francês, ocorre-me afirmar que, quem nunca interrompeu a atenção diante de uma cena do cinema para tomar fôlego, pela carga emocional advinda da mesma, ignora certamente uma das alegrias mais intensas da vida do espírito. Um bom filme, como uma boa música, uma tela genial, um livro, um espetáculo de teatro, a arte enfim, amplia a nossa percepção do mundo. E faz-nos melhores.
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