sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Métodos da mulher autoritária

                                      Apesar de você, amanhã há de ser um novo dia! 

As cenas de tortura em presídios de Goiás, divulgadas através da imprensa essa semana, reeditam uma prática comum durante o Regime Militar implantado no Brasil com o golpe de 1964.

Ademais, a concluir pelo que afirma o próprio deputado e potencial candidato a presidente da República, constitui um dos pontos subliminares do programa de governo que Jair Bolsonaro professa abertamente desde há muito tempo.

É muito simples: o candidato que a direita e parte significativa da elite brasileira abraça como alternativa para os problemas do país, é favorável a que se arranquem unhas, apertem bicos de seios com alicate, dependurem-se pessoas em paus de arara e que se apliquem choques elétricos nas partes íntimas de presidiários, a exemplo do que se descobriu ser prática de rotina no estado de Goiás, governado pelo tucano Marconi Perillo.

É importante frisar que não são fatos isolados, pelos quais se possa responsabilizar um ou outro agente penitenciário. Não, trata-se de um procedimento corriqueiro. É acessar diferentes sites na Internet e constatar: os vídeos, gravados em pelo menos três unidades prisionais do estado (São Luís de Montes Belos, Formosa e Jataí), mostram cenas chocantes, aterradoras, a um tempo perversas e covardes de inúmeros agentes usando a força bruta,  "taser" e até armas de fogo para supliciar presos.

Num dos vídeos, o enquadramento dá a ver um agente com uma lista de condenados à prática hedionda, só conhecida no Brasil nos anos de chumbo, desde a Ditadura Militar. A câmera desliza numa panorâmica sinistra e o espectador depara-se no quadro com um detento suplicando que o matem: --- "O que eu fiz com vocês?"

O estômago embrulha ao pensar que porção considerável dos brasileiros (entre os quais sobressaem jovens ente 20 e 35 anos, negando o que se espera daqueles de quem se diz o "futuro da Nação"), manifeste o mórbido desejo de ver o Brasil nas mãos dessa gente, alheia ou indiferente ao que a história já registra de abominável adotado entre nós durante o governo militar.

Ah, os versos da epígrafe são de Chico Buarque e fazem parte de Apesar de Você, composta durante os anos de chumbo. Ameaçado de tortura, o artista foi indagado por agentes prisionais sobre o "você" da canção, ao que respondeu sarcasticamente: "É uma mulher muito autoritária!"       

 

  

 

  

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