Há dias pensava em escrever sobre Artur da Távola, cuja morte, na semana passada, deixou mais pobre a inteligência brasileira. Advogado, jornalista, especialista em televisão, político de rara competência e escritor notável, Távola era um desses homens extraordinários de que estamos cada vez mais carentes com o passar dos tempos. Por último, acompanhava-o diariamente através da tevê, no programa Quem Tem Medo da Música Clássica. Falava sobre os eruditos com uma originalidade impressionante, deslindando as composições clássicas com uma capacidade didática que beirava a genialidade.
Escreveu sobre tudo, ou quase tudo, sempre com um estilo enxuto, embora eivado de poesia e graça. Mas era o Amor o tema de sua predileção, o Amor em suas múltiplas faces. Dele, pela facilidade com que guardo de cor textos que me impressionam, vem-me à lembrança o que disse certa vez sobre a amizade, nesse viés amoroso que era a sua marca: “Amar, ao contrário do que se pensa, não perturba a visão que se tem do outro. Ao contrário, aguça-a, aprofunda-a, aprimora-a. Faz-nos ver melhor. Também assim é a amizade, forma especial de amor, capaz de ampliar a lucidez e os modos generosos e compreensivos de ver, sentir, perceber o outro e, sobretudo - se possível - potencializar os seus melhores ângulos e sentimentos.
Somos todos seres carentes de sermos vistos e considerados pelo melhor de nós. A trivialidade, a superficialidade, as disputas inconscientes, a inveja, a onipotência, a doença da auto-referência faz a maioria das pessoas transformar-se em vítimas do próprio olhar restritivo. E o olhar restritivo é sempre fruto da projeção que fazem (fazemos) nos demais, de problemas e partes que são nossas e não queremos ver. E quantas vezes isso acontece entre pessoas que se dizem amigas. Essas pessoas (que se dizem amigas) ignoram certas descobertas do velho Dr. Freud e, através de chistes, passam o tempo a gozar o “amigo”, alardeando intimidade (onde às vezes há inveja) como prova de amizade. O que não é. Mesmo quando é... Caso se queira medir o tamanho de uma amizade, meça-se a capacidade de perceber, sentir e potencializar o melhor do outro, porque somente essa atitude fará dele uma pessoa cada vez melhor e, por isso, merecedora da amizade que lhe é dedicada.”
Meu Deus! Que compreensão profunda das coisas tinha Artur da Távola. Que sensibilidade para o que é essencial nos valores humanos. Que mestria em dizer sobre cada um de nós aquilo que temos de mais verdadeiro, de mais incompreendido de tão claro que é. Só mesmo um homem diferenciado e especial como ele para destrinçar a alma humana com tanta simplicidade, tanta exatidão, tanto vigor e tanta poesia.
Numa de suas crônicas antológicas, cita um religioso português acerca da ‘graça’: “Graça é um dom sobrenatural que Deus nos concede gratuitamente e pelo merecimento de Jesus Cristo, para podermos santificar a nossa vida e obter a nossa salvação eterna. A Graça é um bem maior que todos os bens do Universo”. Acho que o fez movido por este valor divino que só as pessoas iluminadas possuem. Como estamos necessitados de gente assim, como Artur da Távola. De sua crônica, roubo outra citação, para reverenciá-lo há poucos dias de sua morte: “A Graça já é um princípio da vida celeste em nós; é Deus vindo até nós com o seu auxilio para nos elevarmos a Ele.” Não tenho dúvida, Artur da Távola elevou-se a Deus na semana que passou.
Escreveu sobre tudo, ou quase tudo, sempre com um estilo enxuto, embora eivado de poesia e graça. Mas era o Amor o tema de sua predileção, o Amor em suas múltiplas faces. Dele, pela facilidade com que guardo de cor textos que me impressionam, vem-me à lembrança o que disse certa vez sobre a amizade, nesse viés amoroso que era a sua marca: “Amar, ao contrário do que se pensa, não perturba a visão que se tem do outro. Ao contrário, aguça-a, aprofunda-a, aprimora-a. Faz-nos ver melhor. Também assim é a amizade, forma especial de amor, capaz de ampliar a lucidez e os modos generosos e compreensivos de ver, sentir, perceber o outro e, sobretudo - se possível - potencializar os seus melhores ângulos e sentimentos.
Somos todos seres carentes de sermos vistos e considerados pelo melhor de nós. A trivialidade, a superficialidade, as disputas inconscientes, a inveja, a onipotência, a doença da auto-referência faz a maioria das pessoas transformar-se em vítimas do próprio olhar restritivo. E o olhar restritivo é sempre fruto da projeção que fazem (fazemos) nos demais, de problemas e partes que são nossas e não queremos ver. E quantas vezes isso acontece entre pessoas que se dizem amigas. Essas pessoas (que se dizem amigas) ignoram certas descobertas do velho Dr. Freud e, através de chistes, passam o tempo a gozar o “amigo”, alardeando intimidade (onde às vezes há inveja) como prova de amizade. O que não é. Mesmo quando é... Caso se queira medir o tamanho de uma amizade, meça-se a capacidade de perceber, sentir e potencializar o melhor do outro, porque somente essa atitude fará dele uma pessoa cada vez melhor e, por isso, merecedora da amizade que lhe é dedicada.”
Meu Deus! Que compreensão profunda das coisas tinha Artur da Távola. Que sensibilidade para o que é essencial nos valores humanos. Que mestria em dizer sobre cada um de nós aquilo que temos de mais verdadeiro, de mais incompreendido de tão claro que é. Só mesmo um homem diferenciado e especial como ele para destrinçar a alma humana com tanta simplicidade, tanta exatidão, tanto vigor e tanta poesia.
Numa de suas crônicas antológicas, cita um religioso português acerca da ‘graça’: “Graça é um dom sobrenatural que Deus nos concede gratuitamente e pelo merecimento de Jesus Cristo, para podermos santificar a nossa vida e obter a nossa salvação eterna. A Graça é um bem maior que todos os bens do Universo”. Acho que o fez movido por este valor divino que só as pessoas iluminadas possuem. Como estamos necessitados de gente assim, como Artur da Távola. De sua crônica, roubo outra citação, para reverenciá-lo há poucos dias de sua morte: “A Graça já é um princípio da vida celeste em nós; é Deus vindo até nós com o seu auxilio para nos elevarmos a Ele.” Não tenho dúvida, Artur da Távola elevou-se a Deus na semana que passou.
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