quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Natal

Enquanto sento diante do computador para escrever a coluna de hoje, ouço, vinda da tevê, a notícia hedionda: padrasto assume ter introduzido mais de quarenta agulhas em enteado de quatro anos. Queria escrever sobre o tema do Natal, uma vez que esta é a última edição do jornal antes da festa de nascimento do Menino-Jesus. Não saberia fazê-lo mais, é o que me passa pela cabeça neste instante. Numa data que mais alegra o coração das crianças, como será o Natal desse menino a quem se destinou tanto ódio, por que se fez dele o objeto de ação tão diabólica?

A cada Natal, vem com a lembrança da noite abençoada um pouco de crença na possibilidade de um mundo melhor, em que pese ter-se 'industrializado' tanto o que deveria ser a festa do amor desprendido, do amor desinteressado e gratuito. E como nos deixa desesperançado o gesto diabólico desse homem. Que o fez assim tão monstruoso, que força do destino moveu a mão criminosa com tamanha fúria? São perguntas que não querem calar no momento em que pensava poder produzir uma crônica sobre os bons sentimentos de que deveriam estar eivados todos os corações. E a realidade ceifa com um golpe certeiro toda a poesia, todo o encanto, toda a ternura com que viera escrever esta crônica.

Tenho a consciência de que o fato ocorrido com essa criança é apenas um dos muitos casos que parecem negar o significado do Natal. Peço desculpa se manifesto assim tão indignadamente a minha revolta contra tudo isto. A data deixa com efeito o coração da gente mais sensível. A cada ano, por força das transformações que a vida nos impõe, ficamos tristes e nostálgicos, cada vez mais voltados para o tempo que passou, e que nos pareceu melhor. Acontece de acharmos um ou outro Natal o mais sem cor desde muitos anos. Mas não podemos, quando isto acontece, deixar de crer na certeza de novas alegrias, coisas passageiras que chamamos felicidade. Vamos em frente, tirando dos escaninhos da alma as boas recordações.

Sobre o Natal, no que há de silencioso e solitário na vida de algumas pessoas, resolvi escrever o conto que segue:

Um comentário:

  1. Juscélio de Holanda Cavalcanti21 de dezembro de 2009 às 16:23

    Professor, realmente, um fato como esse ocorrido a uma semana do Natalnos deixa indignados, na comemoração do nascimento de Cristo, umacriança passar por tamanho sofrido é de cortar o coração. Mesmo assim,Feliz Natal.

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