Do cantor e radialista Beu Paulino, por telefone, vem a informação: - "Foi boa a repercussão da sua crônica sobre Paula Fernandes. O texto expressa o sentimento que ficou entre nós sobre ela." Daqui, de Fortaleza, e de outras cidades, recebo e-mails que se reportam ao mau comportamento da jovem cantora a cada show que faz Brasil afora. De Piracicaba, por exemplo, leitora faz ecoar a afirmação de que se trata de uma pessoa arrogante e mal-educada: - "Aqui [em Piracicaba] foi extremamente antipática com o público."
Fico pensando o que faz uma pessoa famosa agir assim. Entre os nomes de peso, João Gilberto é um dos casos mais conhecidos: não raro exige palcos especiais para suas apresentações. E não estou falando de palcos com as condições ideais para um artista da sua importância se apresentar. Refiro-me aos palcos de acrílico que exige vez e outra. É comum parar o show para que se desligue um aparelho de ar condicionado ou seja retirado do auditório um espectador menos contido -- que o aplauda com mais entusiasmo, por exemplo. Mas aí são excentricidades de um gênio que o show business parece ter assimilado.
Engraçado mesmo eram as loucuras de Tim Maia. O livro de Nelson Mota traz o que se conhece de mais curioso sobre o cantor, leitura que recomendo para o fim de semana dos que apreciam coisas do gênero. De minha parte, não conheço nada mais inacreditável do que vi certa vez no Teatro José de Alencar. Era uma peça com o ator Dolabella, Eduardo Dolabella (o pai), que sentindo-se incomodado com o som de uma pregação religiosa nas imediações do teatro, desceu do palco, atravessou correndo o auditório e, em meio à multidão que ouvia o evangélico, atirou para o alto a caixa de som do coitado e lhe bateu na cabeça seguidas vezes com o microfone. Um horror.
Entre os políticos, mesmo os tupiniquins, há os boçais tipo Tasso Jereissati, que costuma levar em sua comitiva o cozinheiro que lhe prepara os pratos. Há os que conduzem na bagagem o uísque, temendo falsificações. Sem falar nos lencinhos desinfectantes com que "limpam" as mãos depois de cumprimentar os eleitores pobres, acreditem. Fala-se que um renomado político paulista, em viagens eleitoreiras pelo interior do Nordeste, foi visto bebendo Waiwera, uma água mineral da Nova Zelândia, de que trouxera algumas garrafas no avião. Folclore político, quero crer.
Acho, contudo, que o mal está menos na 'frescura' em si que na forma de praticá-la. Quem não sabe, que, neste sentido, Roberto Carlos é supostamente o mais excêntrico dos artistas brasileiros? Na última vez que esteve em Fortaleza, a ambientação do quarto do hotel foi toda refeita a fim de que o azul fosse a cor dominante. Mesmo da parte externa, como hall de entrada e corredores, tiveram que retirar o menor dos adereços em que se destacasse o marrom. Como um rei que se preza, no entanto, o faz com a discrição e a elegância que o preservam de qualquer exposição. Ao final do show, atira flores. Como abençoada do Rei, é possível que Paula Fernandes tenha buscado nele a inspiração. Quer dizer: tem a frescura, mas lhe falta a classe.
Fico pensando o que faz uma pessoa famosa agir assim. Entre os nomes de peso, João Gilberto é um dos casos mais conhecidos: não raro exige palcos especiais para suas apresentações. E não estou falando de palcos com as condições ideais para um artista da sua importância se apresentar. Refiro-me aos palcos de acrílico que exige vez e outra. É comum parar o show para que se desligue um aparelho de ar condicionado ou seja retirado do auditório um espectador menos contido -- que o aplauda com mais entusiasmo, por exemplo. Mas aí são excentricidades de um gênio que o show business parece ter assimilado.
Engraçado mesmo eram as loucuras de Tim Maia. O livro de Nelson Mota traz o que se conhece de mais curioso sobre o cantor, leitura que recomendo para o fim de semana dos que apreciam coisas do gênero. De minha parte, não conheço nada mais inacreditável do que vi certa vez no Teatro José de Alencar. Era uma peça com o ator Dolabella, Eduardo Dolabella (o pai), que sentindo-se incomodado com o som de uma pregação religiosa nas imediações do teatro, desceu do palco, atravessou correndo o auditório e, em meio à multidão que ouvia o evangélico, atirou para o alto a caixa de som do coitado e lhe bateu na cabeça seguidas vezes com o microfone. Um horror.
Entre os políticos, mesmo os tupiniquins, há os boçais tipo Tasso Jereissati, que costuma levar em sua comitiva o cozinheiro que lhe prepara os pratos. Há os que conduzem na bagagem o uísque, temendo falsificações. Sem falar nos lencinhos desinfectantes com que "limpam" as mãos depois de cumprimentar os eleitores pobres, acreditem. Fala-se que um renomado político paulista, em viagens eleitoreiras pelo interior do Nordeste, foi visto bebendo Waiwera, uma água mineral da Nova Zelândia, de que trouxera algumas garrafas no avião. Folclore político, quero crer.
Acho, contudo, que o mal está menos na 'frescura' em si que na forma de praticá-la. Quem não sabe, que, neste sentido, Roberto Carlos é supostamente o mais excêntrico dos artistas brasileiros? Na última vez que esteve em Fortaleza, a ambientação do quarto do hotel foi toda refeita a fim de que o azul fosse a cor dominante. Mesmo da parte externa, como hall de entrada e corredores, tiveram que retirar o menor dos adereços em que se destacasse o marrom. Como um rei que se preza, no entanto, o faz com a discrição e a elegância que o preservam de qualquer exposição. Ao final do show, atira flores. Como abençoada do Rei, é possível que Paula Fernandes tenha buscado nele a inspiração. Quer dizer: tem a frescura, mas lhe falta a classe.