Acho uma prova de correção intelectual não emitir opinião sobre aquilo que se desconhece. Por isso, antes de escrever a coluna de hoje, li O que sei de Lula, de José Nêumanne Pinto, mesmo enojado já nas primeiras páginas. Não falo da qualidade estilística do texto, que traz a marca de um escritor de muito talento. Refiro-me às razões que por certo moveram Nêumanne na produção da obra, visivelmente carregada de ressentimento, de ódio pelo ex-presidente, com quem teve ligações pessoais íntimas, a concluir pelo seu próprio relato. E de quem, contrariados alguns interesses que omite da sua obra, é, agora, inimigo figadal.
É um levantamento exuberante de informações distorcidas, manipuladas ao sabor dos interesses (inconfessáveis!) do autor. Aproveitando-se da convivência estreita com Lula, nos tempos do ABC, Nêumanne faz revelações que põem à mostra, antes de tudo, a fragilidade do seu caráter e a ausência de qualquer princípio ético, elementar que seja, naquilo que faz. Pelo menos se tomarmos como referência o livro em questão.
Mas O que sei de Lula não deve ser condenado unicamente pela avaliação mal intencionada que faz de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja história, reconhecida para muito além das fronteiras nacionais, por relação de contraste colocam o livro no seu devido lugar. Ele é criminoso por uma razão mais forte, que constitui, esta sim, uma falta prevista em lei: o racismo, o preconceito por que conduz a sua análise do perfil psicológico do seu biografado. Chega a afirmar, sem meias-palavras, que o ex-presidente "nasceu na hora, no lugar e na família certa", numa forma explícita de detratá-lo por ser, além de pobre, do Nordeste, onde, segundo sua visão facistóide (e com artifícios de linguagem que tentam disfarçar o que diz), é improvável que nasça alguém com as qualidades necessárias para presidir um País.
Cita, deformando o conteúdo das palavras, Euclides da Cunha e Antonio Conselheiro. De forma deselegante para quem escreve a biografia de um ex-presidente, diz que Lula nasceu de "um pai canalha e uma mãe santa". Numa metáfora sugestivamente malcheirosa, compara-o a uma cebola, de quem diz ter retirado "a casca ideológica e política para chegar ao homem". Tudo, para o leitor minimamente informado, sem conseguir esconder as motivações servis de um empregado da Folha de São Paulo, o mais reacionário e antipopular dos grandes jornais brasileiros. Não à toa, pois, exaltando o livro, O que sei de Lula traz como folha de rosto comentários de colunistas do matutino paulistano, entre os quais, infelizmente, o também nordestino e grande poeta Ferreira Gullar.
Com o seu livro, recém chegado às livrarias da cidade, nas entrelinhas ou nelas mesmas, José Nêumanne Pinto presta um definitivo desserviço à democracia -- e fere de morte a ética jornalística brasileira.
É um levantamento exuberante de informações distorcidas, manipuladas ao sabor dos interesses (inconfessáveis!) do autor. Aproveitando-se da convivência estreita com Lula, nos tempos do ABC, Nêumanne faz revelações que põem à mostra, antes de tudo, a fragilidade do seu caráter e a ausência de qualquer princípio ético, elementar que seja, naquilo que faz. Pelo menos se tomarmos como referência o livro em questão.
Mas O que sei de Lula não deve ser condenado unicamente pela avaliação mal intencionada que faz de Luiz Inácio Lula da Silva, cuja história, reconhecida para muito além das fronteiras nacionais, por relação de contraste colocam o livro no seu devido lugar. Ele é criminoso por uma razão mais forte, que constitui, esta sim, uma falta prevista em lei: o racismo, o preconceito por que conduz a sua análise do perfil psicológico do seu biografado. Chega a afirmar, sem meias-palavras, que o ex-presidente "nasceu na hora, no lugar e na família certa", numa forma explícita de detratá-lo por ser, além de pobre, do Nordeste, onde, segundo sua visão facistóide (e com artifícios de linguagem que tentam disfarçar o que diz), é improvável que nasça alguém com as qualidades necessárias para presidir um País.
Cita, deformando o conteúdo das palavras, Euclides da Cunha e Antonio Conselheiro. De forma deselegante para quem escreve a biografia de um ex-presidente, diz que Lula nasceu de "um pai canalha e uma mãe santa". Numa metáfora sugestivamente malcheirosa, compara-o a uma cebola, de quem diz ter retirado "a casca ideológica e política para chegar ao homem". Tudo, para o leitor minimamente informado, sem conseguir esconder as motivações servis de um empregado da Folha de São Paulo, o mais reacionário e antipopular dos grandes jornais brasileiros. Não à toa, pois, exaltando o livro, O que sei de Lula traz como folha de rosto comentários de colunistas do matutino paulistano, entre os quais, infelizmente, o também nordestino e grande poeta Ferreira Gullar.
Com o seu livro, recém chegado às livrarias da cidade, nas entrelinhas ou nelas mesmas, José Nêumanne Pinto presta um definitivo desserviço à democracia -- e fere de morte a ética jornalística brasileira.
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