Menino -- e sem entender por que lhe atribuíam tanta importância --, vi e revi, pela tevê, a famosa cena: Bellini, capitão da Seleção Brasileira, apanha a bola no fundo da rede e a entrega ao meio-campo Didi, que, com passos de garça, a conduz sob o braço até o grande círculo, serenamente, para que Vavá pudesse dar a saída ("Vamos golear esses gringos!", convicto, teria murmurado para o nosso centroavante).
Eram quatro minutos do jogo de decisão entre Suécia e Brasil, e os donos da casa faziam 1 x 0 sobre o time brasileiro. Só algum tempo depois, mais sensível ao imponderável do futebol, pude compreender o que aquilo significava.
O Brasil, que não começara perdendo nenhum dos jogos anteriores, na Copa de 1958, podia, ali, perder o equilíbrio, desandar emocionalmente, favorecendo com o seu nervosismo o time sueco, dando sequência aos fracassos de 1938, 1950 e 1954. O espírito de liderança e o controle emocional de Didi, pois, transmitira aos demais jogadores, sobremaneira aos mais imaturos (Pelé, para se ter ideia, tinha 17 anos), a confiança de que seriam capazes de reverter o resultado e ganhar o jogo, sagrando-se campeões do mundo. Deu Brasil, 5 x 2.
O fato, lembrado à exaustão pela crônica esportiva, durante a semana, ganha novos contornos no momento em que pesa sobre os jogadores brasileiros, nesta Copa do Mundo que já se afirma memorável, a preconceituosa pecha de "meninos chorões".
A Tiago Silva, a quem caberia a missão de fortalecer seus companheiros, bem do jeito que fizera Didi na final de 1958, posto que carrega no braço a insígnia de capitão, estaria faltando o senso de comando ou atributo de poder indispensável nas circunstâncias difíceis, como ocorreu à Seleção em Belo Horizonte, nas oitavas de final. Não só se recusou a bater um dos pênaltis, como se curvou em direção ao gramado para não ver quem o fizesse em seu nome.
Consciente de que a discussão comporta simbologias as mais diversas, e considerando que escrevo a coluna de hoje às vésperas de Brasil e Colômbia, cujo resultado, efetivamente, guardará relação com o fato em pauta, ouso tecer aqui a minha opinião, a qual, em certa medida, adiantei em coluna recente: falta ao time brasileiro, entre outras qualidades, maturidade, e não me refiro à faixa etária do elenco, algo em torno dos 27 anos. Refiro-me ao equilíbrio no "antes" da partida, quando da execução do Hino, para ser mais claro, quando os nossos craques externam nos olhos rútilos e nos lábios trêmulos a falta de firmeza para o combate que se avizinha.
Atentem para o que diz a letra do hino de cada país e verão: são convocações para a luta, algo que, até onde sei, só se pôde constatar em dois ou três dos nossos jogadores, David Luiz à frente.
Digo isso e me ocorre lembrar de João Saldanha. Nos preparativos para a Copa de 70, no México, aqui incluídos os jogos das eliminatórias -- o técnico, à época --, advertido de que faltava aos nossos jogadores a fibra indispensável para o grande desafio, instigou-os ao enfrentamento, ao espírito de luta que deve permear competições como uma Copa do Mundo. Quem não se lembra das feras do Saldanha?
Não reclamo violência, deslealdade, por favor me entendam. Falo do espírito de luta que se pode ver, no campo e fora dele, nos argentinos, para ficar num exemplo. É atentar para a forma como debocham dos brasileiros país afora; na força do grito que parece sufocar o nosso, mesmo quando o time, como no jogo contra a Suíça, parecia tropeçar. Receber bem, ser tolerante, não quer dizer capitular.
Há momentos em que só mesmo o entusiasmo é capaz de superar outras deficiências. Está nos faltando isso, quem sabe, fazer valer o que apregoa o verso do Hino Nacional (assim, com maiúsculas): "Verás que um filho teu não foge à luta!" Quem sabe, também, esteja nos faltando alguém que reedite a afirmação de Didi para o centroavante Vavá: "Vamos golear esses gringos!" Que o resultado do jogo de sexta-feira possa ser a confirmação disso!
Eram quatro minutos do jogo de decisão entre Suécia e Brasil, e os donos da casa faziam 1 x 0 sobre o time brasileiro. Só algum tempo depois, mais sensível ao imponderável do futebol, pude compreender o que aquilo significava.
O Brasil, que não começara perdendo nenhum dos jogos anteriores, na Copa de 1958, podia, ali, perder o equilíbrio, desandar emocionalmente, favorecendo com o seu nervosismo o time sueco, dando sequência aos fracassos de 1938, 1950 e 1954. O espírito de liderança e o controle emocional de Didi, pois, transmitira aos demais jogadores, sobremaneira aos mais imaturos (Pelé, para se ter ideia, tinha 17 anos), a confiança de que seriam capazes de reverter o resultado e ganhar o jogo, sagrando-se campeões do mundo. Deu Brasil, 5 x 2.
O fato, lembrado à exaustão pela crônica esportiva, durante a semana, ganha novos contornos no momento em que pesa sobre os jogadores brasileiros, nesta Copa do Mundo que já se afirma memorável, a preconceituosa pecha de "meninos chorões".
A Tiago Silva, a quem caberia a missão de fortalecer seus companheiros, bem do jeito que fizera Didi na final de 1958, posto que carrega no braço a insígnia de capitão, estaria faltando o senso de comando ou atributo de poder indispensável nas circunstâncias difíceis, como ocorreu à Seleção em Belo Horizonte, nas oitavas de final. Não só se recusou a bater um dos pênaltis, como se curvou em direção ao gramado para não ver quem o fizesse em seu nome.
Consciente de que a discussão comporta simbologias as mais diversas, e considerando que escrevo a coluna de hoje às vésperas de Brasil e Colômbia, cujo resultado, efetivamente, guardará relação com o fato em pauta, ouso tecer aqui a minha opinião, a qual, em certa medida, adiantei em coluna recente: falta ao time brasileiro, entre outras qualidades, maturidade, e não me refiro à faixa etária do elenco, algo em torno dos 27 anos. Refiro-me ao equilíbrio no "antes" da partida, quando da execução do Hino, para ser mais claro, quando os nossos craques externam nos olhos rútilos e nos lábios trêmulos a falta de firmeza para o combate que se avizinha.
Atentem para o que diz a letra do hino de cada país e verão: são convocações para a luta, algo que, até onde sei, só se pôde constatar em dois ou três dos nossos jogadores, David Luiz à frente.
Digo isso e me ocorre lembrar de João Saldanha. Nos preparativos para a Copa de 70, no México, aqui incluídos os jogos das eliminatórias -- o técnico, à época --, advertido de que faltava aos nossos jogadores a fibra indispensável para o grande desafio, instigou-os ao enfrentamento, ao espírito de luta que deve permear competições como uma Copa do Mundo. Quem não se lembra das feras do Saldanha?
Não reclamo violência, deslealdade, por favor me entendam. Falo do espírito de luta que se pode ver, no campo e fora dele, nos argentinos, para ficar num exemplo. É atentar para a forma como debocham dos brasileiros país afora; na força do grito que parece sufocar o nosso, mesmo quando o time, como no jogo contra a Suíça, parecia tropeçar. Receber bem, ser tolerante, não quer dizer capitular.
Há momentos em que só mesmo o entusiasmo é capaz de superar outras deficiências. Está nos faltando isso, quem sabe, fazer valer o que apregoa o verso do Hino Nacional (assim, com maiúsculas): "Verás que um filho teu não foge à luta!" Quem sabe, também, esteja nos faltando alguém que reedite a afirmação de Didi para o centroavante Vavá: "Vamos golear esses gringos!" Que o resultado do jogo de sexta-feira possa ser a confirmação disso!
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