sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Incoerência coerente


Vamos combinar. Em termos de incoerência, o presidente ilegítimo Michel Temer tem se mostrado extremamente coerente. Primeiro, afirmou que sabia lidar com bandidos  --  e quem tem dúvida de que está cercado deles? Depois, sob as mais esfarrapadas alegações, extinguiu o Ministério da Cultura, para recuar em seguida. Montou uma equipe que mais parecia um clube do Bolinha, mas, debaixo da gritaria que seu ato ocasionou, voltou atrás e indicou mulheres para cargos importantes por "considerar a presença de mulheres no atual governo uma questão fundamental" (sic). Diz-se atento às questões raciais, mas entrega ao PSDB, o partido político mais racista do país, a Secretaria de Igualdade Racial. Na esteira de avanços e recuos, produziu um projeto de mudança da previdência que mais parece um ato institucional contra os trabalhadores, mas afirma que "seus direitos e conquistas jamais serão objeto de qualquer revisão" (sic). Mandou que o seu fiel escudeiro Gidel Dantas tentasse emplacar, junto a deputados de sua base, na calada da noite, um projeto de lei que pouparia apaniguados da lei da Ficha Limpa. Como o tiro saiu pela culatra, declarou nos Estados Unidos que a atitude de seu mais importante assessor era "personalíssima!"(sic). Há dias, determinou ao Ministro da Cultura a constituição de uma equipe "especializada e imparcial" para indicar o filme brasileiro a concorrer ao Oscar, priorizando, acima de qualquer outra coisa, a qualidade estética dos concorrentes, contanto que "Aquarius", o melhor filme produzido no Brasil em anos, ficasse de fora. Por último, a propósito das Olimpíadas de 2016, exaltou o esporte como "algo de uma importância insofismável para qualquer país". Ato contínuo, enviará para o congresso Medida Provisória que tornam não obrigatórias no currículo de ensino médio, entre outras, as disciplinas de artes e educação física. É ou não um presidente coerente com sua incoerência?

 

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