Por força de um curioso artigo da jornalista Ruth de Aquino, na Época desta semana, soube de uma vendedora da Siciliano que tem sido considerável a procura pelo livro Les hommes, l'amour, la fidélité, da francesa Maryse Vaillant, ainda não traduzido para o português. O certo é que Os homens, o amor e a fidelidade, como deverá se intitular o livro, a concluir pelo que diz Aquino, haverá de suscitar inquietação junto ao público feminino mais emancipado. É que a autora, segundo a articulista da Época, professa ser a infidelidade masculina algo absolutamente natural, inerente mesmo à condição de 'macho' em qualquer país. Sem meias palavras, chega a afirmar: - "Eu gostaria sobretudo que as mulheres parassem de pensar que a culpa é delas quando seu homem as trai."
Para a psicóloga francesa, homem fiel é, cada vez mais, avis rara, razão por que "a mulher nem deveria se preocupar." Como se vê, Os homens, o amor, a fidelidade não deverá mesmo ser bem recebido pelo público feminino, embora exista uma demanda curiosa pela sua tradução, que deverá acontecer ainda este ano.
Num tempo em que a mulher, mais independente e dona do seu nariz, parece não tolerar as escorregadas masculinas, pelo menos no que tange à fidelidade, o livro de Maryse Vaillant soa sentencioso e inoportuno. Contudo, como se pode concluir do comentário de Ruth Aquino, parece interessar pela própria metodologia empregada no ensaio, uma vez que resulta de um sem-número de entrevistas realizadas pela autora, e não por levantamentos estatísticos, como comumente ocorre em livros do gênero.
O fato é que Les hommes, l'amour, la fidélité, por suas excentricidades e ousadia, deverá obter níveis de venda muito altos, em que pese constituir uma visada politicamente incorreta para os dias de hoje.
O curioso, até onde sei, é que Maryse Vaillant traça alguns perfis do infiel. Há, por exemplo, aquele que é "monogâmico e mentiroso, que só ama sua mulher oficial." É o caso de Ben, um dos entrevistados, que adora a mulher, os filhos e a casa, mas não abre mão das escapulidas que o fazem sentir-se "atraente e vivo." Outro tipo, hilário, é o que está sempre ansioso e querendo ir à cama com todas. Para esse, casamento nem pensar. Como observa Ruth Aquino, é comum durante a juventude, mas, com "a ajuda dos medicamentos e a ingenuidade da velhice" [sic], tende a se tornar reincidente mais tarde.
Finalmente, segundo a colunista da Época, o livro é mais provocador quando defende a tese de que a infidelidade ocasional (e não repetitiva) pode constituir um bom tempero para a revitalização dos relacionamentos desgastados. Se é, ou não, uma ideia já muito conhecida, que tem funcionado como um lenitivo, sobretudo para a traição masculina, supostamente por isso o livro de Maryse Vaillant é esperado com o status de best-seller nas livrarias da cidade. Aguardemos.
Sua crônica, como sempre, está interessante, mas eu teria uma pergunta a fazer: a tal psicóloga francesa fala sobre a infidelidade feminina no seu livro? Será que hoje não acontece a mesma coisa com as mulheres? Sou mulher e acho que sim.
ResponderExcluirBeijo e parabéns!
Olha, leitora, não tenho dúvida de que a infidelidade é uma questão que envolve também a mulher - e como! -, mas não se pode negar que, culturalmente, está o homem mais propenso a cometê-la, o que, entenda, não se justifica na perspectiva da correção e do respeito que devem (deveriam?) nortear uma relação equilibrada e feliz. Não li o livro, ainda, mas acho que a autora contempla também a infidelidade feminina. Obrigado pelo comentário.
ResponderExcluircuore che ama
ResponderExcluirAs curtas horas de Romeu
Autor: Orácio Felipe
Sinopse:
- Mas que dor as horas retarda de Romeu? - Não ter aquilo que, se o tivesse, as deixaria curtas.
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