Hoje, 31 de outubro, Carlos Drummond de Andrade faria 110 anos. Sobre ele, ao longo desses tantos anos, escrevi muito, inclusive um livro em que exploro os componentes dramáticos de sua poética. A paixão pela obra desse filho de Itabira é de priscas eras, quando, quase menino, fui tomado de inopinada sedução pela força de José, em princípio na voz de Paulo Diniz, um cantor e compositor piauiense que musicara com rara felicidade o poema. Daí a mergulhar na obra completa de Drummond foi um piscar de olhos, quando me vi transitando pela vastidão de sua poesia a um tempo tão mineira e tão universal.
Nos meus tempos de teatro, atuando como ator, como que me especializei em interpretar seus poemas, com os quais compus monólogos que levaria a palcos de diferentes plagas, ajudando a fazer cair no gosto dos menos atentos a qualidade de uma literatura que não encontra par entre os escritores de língua portuguesa, desde Fernando Pessoa. A febre drummoniana era tanta, que, muito jovem ainda e tomado de entusiasmo, aonde quer que fosse os amigos pediam para dizer, dramaticamente, seus textos, exercitando um teatro popular para o qual qualquer centro de sala se transformava em palco. Já vão longe esses tempos.
O certo é que Carlos Drummond de Andrade é o nome mais alto da nossa literatura, em que pese ter pertencido a uma geração em que se notabilizariam, ainda, outros grandes, extraordinários poetas. Refiro-me à segunda fase da literatura modernista brasileira, a mesma a que pertenceram Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, para ficar nuns poucos nomes obrigatórios. Sem esquecer, claro, que a ela pertenceram prosadores da estatura de um José Lins do Rego, um Jorge Amado, uma Rachel de Queiroz, um Érico Veríssimo e um Gracialiano Ramos, o maior deles, cuja obra, a exemplo do que ocorre com a poesia de Drummond, salta do regional para o universal com igual grandeza e força.
A pouca distância de onde escrevo esta crônica, aqui na Pampulha, está o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, uma homenagem que não faz lá muita justiça ao homenageado, posto que se trata de um espaço acanhado e decadente, uma espécie de aeroclube destinado a receber e abrigar aviões particulares e acolher um ou outro voo de aviões de carreira de segunda classe. Enquanto me desloco até a UFMG, todas as manhãs, quase sempre sou condicionado a passar a sua frente, o que não raro me leva a balbuciar fragmentos de Drummond de que nunca esqueço, versos que me ajudaram a compreender melhor os homens, a vida, o mundo, consciente de que a rima, infelizmente, nem sempre é uma solução.
Nos meus tempos de teatro, atuando como ator, como que me especializei em interpretar seus poemas, com os quais compus monólogos que levaria a palcos de diferentes plagas, ajudando a fazer cair no gosto dos menos atentos a qualidade de uma literatura que não encontra par entre os escritores de língua portuguesa, desde Fernando Pessoa. A febre drummoniana era tanta, que, muito jovem ainda e tomado de entusiasmo, aonde quer que fosse os amigos pediam para dizer, dramaticamente, seus textos, exercitando um teatro popular para o qual qualquer centro de sala se transformava em palco. Já vão longe esses tempos.
O certo é que Carlos Drummond de Andrade é o nome mais alto da nossa literatura, em que pese ter pertencido a uma geração em que se notabilizariam, ainda, outros grandes, extraordinários poetas. Refiro-me à segunda fase da literatura modernista brasileira, a mesma a que pertenceram Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, para ficar nuns poucos nomes obrigatórios. Sem esquecer, claro, que a ela pertenceram prosadores da estatura de um José Lins do Rego, um Jorge Amado, uma Rachel de Queiroz, um Érico Veríssimo e um Gracialiano Ramos, o maior deles, cuja obra, a exemplo do que ocorre com a poesia de Drummond, salta do regional para o universal com igual grandeza e força.
A pouca distância de onde escrevo esta crônica, aqui na Pampulha, está o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, uma homenagem que não faz lá muita justiça ao homenageado, posto que se trata de um espaço acanhado e decadente, uma espécie de aeroclube destinado a receber e abrigar aviões particulares e acolher um ou outro voo de aviões de carreira de segunda classe. Enquanto me desloco até a UFMG, todas as manhãs, quase sempre sou condicionado a passar a sua frente, o que não raro me leva a balbuciar fragmentos de Drummond de que nunca esqueço, versos que me ajudaram a compreender melhor os homens, a vida, o mundo, consciente de que a rima, infelizmente, nem sempre é uma solução.