Amo-te tanto, meu amor! Não cante
o humano coração com mais verdade.
Amo-te como amigo e como amante,
numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
e te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade,
dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
de um amor sem mistério e sem virtude.
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim... tanto e amiúde,
é que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Infalível na arte de conquistar corações, Vinicius de Moraes compôs o emblemático soneto acima, cuja força lírica e sinceridade na revelação deste sentimento tão complexo que é o amor, mostraram-se capazes de ajudar muitos corações desejosos da conquista ao longo desses muitos anos. Atire a primeira pedra aquele que, entre um carinho e outro, ou um detalhe aparentemente desimportante, como o abaixar de uns óculos de sol, não tenha sido, ainda que na eternidade de um instante, satisfeito com as reações de comportamento que tais versos foram capazes de suscitar, aqui ou além. Não raro, desses versos, brotaram amores que parecem nunca ter fim.
Nessa sexta-feira 19, Vininha, como era carinhosamente tratado pelos amigos íntimos, faria 99 anos. Dono de um estilo que se notabiliza pela sofisticação, muitas vezes embutida numa aparência de simplicidade e desleixo, Vinicius de Moraes transitou do misticismo da primeira hora, onde a inquietação em torno da existência de Deus explode como um tema incontornável, para o amor que não tem fronteiras, em que o erotismo aflora como uma marca inconfundível de sua sensibilidade poética e do seu fino senso de realidade.
Cronologicamente, desponta como um nome da geração de 1930, aquela em que se situam gigantes da poesia modernista, como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, para não falar da inclassificável Cecília Meireles. Mas seu nome, que a própria condição de sonetista dá a ver, como no poema em destaque, se insere numa certa vocação para o formalismo à Luis Vaz de Camões, de que viria a ser mesmo um exemplo vivo e digno de nota entre os vates brasileiros de todos os tempos.
Sem esquecer, claro, o bon vivant das noites varadas, do cigarro entre os dedos e do copo de uísque na mão; do poetinha, como era também tratado nas rodas dos notívagos; do letrista inconfundível, do cidadão galante e sedutor; do casamenteiro, do piadista ou do crítico de cinema polêmico e apaixonado. Esse era Vinicius de Moraes, diplomata, poeta, dramaturgo, compositor, uma das personagens mais exuberantes da inteligência e da vida cultural brasileira.
o humano coração com mais verdade.
Amo-te como amigo e como amante,
numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
e te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade,
dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
de um amor sem mistério e sem virtude.
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim... tanto e amiúde,
é que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Infalível na arte de conquistar corações, Vinicius de Moraes compôs o emblemático soneto acima, cuja força lírica e sinceridade na revelação deste sentimento tão complexo que é o amor, mostraram-se capazes de ajudar muitos corações desejosos da conquista ao longo desses muitos anos. Atire a primeira pedra aquele que, entre um carinho e outro, ou um detalhe aparentemente desimportante, como o abaixar de uns óculos de sol, não tenha sido, ainda que na eternidade de um instante, satisfeito com as reações de comportamento que tais versos foram capazes de suscitar, aqui ou além. Não raro, desses versos, brotaram amores que parecem nunca ter fim.
Nessa sexta-feira 19, Vininha, como era carinhosamente tratado pelos amigos íntimos, faria 99 anos. Dono de um estilo que se notabiliza pela sofisticação, muitas vezes embutida numa aparência de simplicidade e desleixo, Vinicius de Moraes transitou do misticismo da primeira hora, onde a inquietação em torno da existência de Deus explode como um tema incontornável, para o amor que não tem fronteiras, em que o erotismo aflora como uma marca inconfundível de sua sensibilidade poética e do seu fino senso de realidade.
Cronologicamente, desponta como um nome da geração de 1930, aquela em que se situam gigantes da poesia modernista, como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, para não falar da inclassificável Cecília Meireles. Mas seu nome, que a própria condição de sonetista dá a ver, como no poema em destaque, se insere numa certa vocação para o formalismo à Luis Vaz de Camões, de que viria a ser mesmo um exemplo vivo e digno de nota entre os vates brasileiros de todos os tempos.
Sem esquecer, claro, o bon vivant das noites varadas, do cigarro entre os dedos e do copo de uísque na mão; do poetinha, como era também tratado nas rodas dos notívagos; do letrista inconfundível, do cidadão galante e sedutor; do casamenteiro, do piadista ou do crítico de cinema polêmico e apaixonado. Esse era Vinicius de Moraes, diplomata, poeta, dramaturgo, compositor, uma das personagens mais exuberantes da inteligência e da vida cultural brasileira.
Olá, Álder!
ResponderExcluirVinicius, penso, foi tudo o quis ser. Se brilhante ou não, isso só ele diria melhor. Só lamento a ausência dele e de Mário Quintana no hall dos imortais da ABL.
Sucesso sempre!