Vira e mexe, leitores do jornal A Praça agradecem comentários deste colunista sobre filmes disponíveis em DVD, o que possibilita que vejam os mesmos a partir de cópias alugadas ou mesmo adquiridas em sites de venda da Internet. Esta semana, por exemplo, um deles me pediu sugestão de algum lançamento "menos americano" e mais "cabeça", expressões que achei bastante curiosas mas perfeitamente adequadas para o que me queria dizer.
Claro, faço-o, agora, com redobrado prazer. Explico-me: tudo o que mais quis sempre com a criação deste blog e sua divulgação através do jornal impresso, foi criar um espaço de animação cultural, de interesse pelas diferentes linguagens artísticas. Os textos "políticos", portanto, são incidentais, embora encarados com a responsabilidade que é mesmo um referencial de que não abrimos mão.
Pois bem. Aqui, leitor, vai a sugestão: Festa de família, uma obra-prima de Thomas Vinterberg, acaba de chegar às lojas em DVD da Versátil em parceria com a Livraria Cultura. O filme, sabem os cinéfilos mais atentos, é marco inaugural do polêmico movimento Dogma 95, lançado em março de 1995, na Dinamarca, por ele, Vinterberg, e Lars von Trier, cujas propostas estéticas devem ser conhecidas pelo espectador, sob pena de vir a considerar o filme insuportável por seus grosseiros erros técnicos.
Como a ideia central do movimento era se contrapor ao cinema industrial americano, seus idealizadores estabeleceram regras a serem observadas a fim de que qualquer filme pudesse receber o selo do "Dogma": câmera na mão, tomadas em locações, fotografia granulada, cortes bruscos, iluminação natural, som direto ou simultâneo ao tempo real de filmagem, entre outras, são características dos filmes ditos "dogmáticos", como se vê emblematicamente observadas em Festa de família.
Veja-o, leitor, pois, procurando aceitar as marcas estéticas de uma cinematografia essencialmente artesanal, sem perder de vista que se trata de um procedimento de linguagem que, na contramão do que poderia parecer óbvio, resulta bonito e poético, extremamente poético. Eis, portanto, uma das muitas qualidades do filme de Thomas Vinterberg, sem esquecer a densidade de sua história, um soco no estômago da burguesia, bem na linha do que fez à perfeição Buñuel em parte considerável de sua filmografia. Quem não se lembra do imperdível O discreto charme da burguesia?
O entrecho é simples, mas devastador: uma família de elite reúne-se num hotel grã-fino para comemorar o aniversário de 60 anos do seu patriarca. À medida que a festa 'rola', no entanto, antigos ressentimentos e questões mal resolvidas afloram, gerando, é natural, uma atmosfera irrespirável, em que o destempero e o opróbrio passam a imperar. Mas, atente, os atores estão soberbos em suas atuações, a direção é segura e a ausência de tempos mortos fazem do filme de Thomas Vinterberg algo notável. É isso o que mais me encanta em Festa de família.
Claro, faço-o, agora, com redobrado prazer. Explico-me: tudo o que mais quis sempre com a criação deste blog e sua divulgação através do jornal impresso, foi criar um espaço de animação cultural, de interesse pelas diferentes linguagens artísticas. Os textos "políticos", portanto, são incidentais, embora encarados com a responsabilidade que é mesmo um referencial de que não abrimos mão.
Pois bem. Aqui, leitor, vai a sugestão: Festa de família, uma obra-prima de Thomas Vinterberg, acaba de chegar às lojas em DVD da Versátil em parceria com a Livraria Cultura. O filme, sabem os cinéfilos mais atentos, é marco inaugural do polêmico movimento Dogma 95, lançado em março de 1995, na Dinamarca, por ele, Vinterberg, e Lars von Trier, cujas propostas estéticas devem ser conhecidas pelo espectador, sob pena de vir a considerar o filme insuportável por seus grosseiros erros técnicos.
Como a ideia central do movimento era se contrapor ao cinema industrial americano, seus idealizadores estabeleceram regras a serem observadas a fim de que qualquer filme pudesse receber o selo do "Dogma": câmera na mão, tomadas em locações, fotografia granulada, cortes bruscos, iluminação natural, som direto ou simultâneo ao tempo real de filmagem, entre outras, são características dos filmes ditos "dogmáticos", como se vê emblematicamente observadas em Festa de família.
Veja-o, leitor, pois, procurando aceitar as marcas estéticas de uma cinematografia essencialmente artesanal, sem perder de vista que se trata de um procedimento de linguagem que, na contramão do que poderia parecer óbvio, resulta bonito e poético, extremamente poético. Eis, portanto, uma das muitas qualidades do filme de Thomas Vinterberg, sem esquecer a densidade de sua história, um soco no estômago da burguesia, bem na linha do que fez à perfeição Buñuel em parte considerável de sua filmografia. Quem não se lembra do imperdível O discreto charme da burguesia?
O entrecho é simples, mas devastador: uma família de elite reúne-se num hotel grã-fino para comemorar o aniversário de 60 anos do seu patriarca. À medida que a festa 'rola', no entanto, antigos ressentimentos e questões mal resolvidas afloram, gerando, é natural, uma atmosfera irrespirável, em que o destempero e o opróbrio passam a imperar. Mas, atente, os atores estão soberbos em suas atuações, a direção é segura e a ausência de tempos mortos fazem do filme de Thomas Vinterberg algo notável. É isso o que mais me encanta em Festa de família.
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