Não falta ao filme densidade dramática nem clareza narrativa, e as interpretações dos três atores, Jean-Louis Trintignant, Emamanuelle Riva e Isabelle Huppert, irrepreensíveis. Mas o roteiro é repetitivo e a história se torna muito monótona, o ritmo é demasiado lento e não há novidade do começo ao fim do filme, mesmo quando o autor cria uma forçada ambiguidade na última sequência, que, do ponto de vista estritamente estético, é bem sucedida. Mesmo assim, previsível.
Mas não se deve deixar de ver, embora esta 'cerimônia do adeus', na contramão do que tem afirmado a grande imprensa, não seja o ponto alto da carreira do cineasta austríaco Michael Haneke, que, para mim, continua sendo A Fita Branca (2009). O argumento é simples: Anne (Riva) e Georges (Trintignant), são músicos aposentados e vivem as limitações próprias da velhice, sobretudo do segundo terço do filme até o final, quando Anne percorre a dolorosa trajetória de uma portadora de doença degenerativa.
O filme se arrasta, é o termo, na mesma cadência do mal que acomete a pobre mulher, e o espectador é forçado a acompanhar reiteradas sequências de sofrimento do casal, que vão da perda momentânea da lucidez, quando Georges descobre o problema de saúde da mulher, até as cenas em que Anne, inteiramente dependente, é assistida pelo marido mesmo para realizar as ações mais banais, como recompor a roupa depois de ir ao banheiro. Numa delas, quando é banhada por uma enfermeira, a composição do quadro é realmente criativa e Haneke obtém da imagem, por si só, uma força expressiva e uma dignidade que a um tempo comove e fascina por sua plasticidade. Sobremaneira quando a câmera, insistente, corta para um close de Trintignant absolutamente lancinado pelo que vê.
O filme convence, todavia, pelo que é capaz de dizer, com um realismo duro e racional, acerca de um problema de saúde tão devastador e tão recorrente entre as pessoas da terceira idade, nomeadamente por colocar, frente a frente, diferentes visões sobre as alternativas de ação diante do sofrimento progressivo e inelutável que acaba por afligir todos os membros da família.
Enquanto George, o marido, submete-se a acompanhar a via sacra de Anne, Eva, a filha, tenta convencê-lo a internar a mãe num hospital. A cena em que pai e filha discutem o assunto é um dos momentos mais felizes do filme, quando Isabelle Huppert eleva a qualidade de sua atuação aos níveis absolutamente grandiosos dos atores principais. Mesmo em se tratando de um bom filme, com chances de Melhor Filme Estrangeiro, a meu ver, Amor dificilmente arrebatará mais de um Oscar, com justiça reservado a Emmanuelle Riva.
Mas não se deve deixar de ver, embora esta 'cerimônia do adeus', na contramão do que tem afirmado a grande imprensa, não seja o ponto alto da carreira do cineasta austríaco Michael Haneke, que, para mim, continua sendo A Fita Branca (2009). O argumento é simples: Anne (Riva) e Georges (Trintignant), são músicos aposentados e vivem as limitações próprias da velhice, sobretudo do segundo terço do filme até o final, quando Anne percorre a dolorosa trajetória de uma portadora de doença degenerativa.
O filme se arrasta, é o termo, na mesma cadência do mal que acomete a pobre mulher, e o espectador é forçado a acompanhar reiteradas sequências de sofrimento do casal, que vão da perda momentânea da lucidez, quando Georges descobre o problema de saúde da mulher, até as cenas em que Anne, inteiramente dependente, é assistida pelo marido mesmo para realizar as ações mais banais, como recompor a roupa depois de ir ao banheiro. Numa delas, quando é banhada por uma enfermeira, a composição do quadro é realmente criativa e Haneke obtém da imagem, por si só, uma força expressiva e uma dignidade que a um tempo comove e fascina por sua plasticidade. Sobremaneira quando a câmera, insistente, corta para um close de Trintignant absolutamente lancinado pelo que vê.
O filme convence, todavia, pelo que é capaz de dizer, com um realismo duro e racional, acerca de um problema de saúde tão devastador e tão recorrente entre as pessoas da terceira idade, nomeadamente por colocar, frente a frente, diferentes visões sobre as alternativas de ação diante do sofrimento progressivo e inelutável que acaba por afligir todos os membros da família.
Enquanto George, o marido, submete-se a acompanhar a via sacra de Anne, Eva, a filha, tenta convencê-lo a internar a mãe num hospital. A cena em que pai e filha discutem o assunto é um dos momentos mais felizes do filme, quando Isabelle Huppert eleva a qualidade de sua atuação aos níveis absolutamente grandiosos dos atores principais. Mesmo em se tratando de um bom filme, com chances de Melhor Filme Estrangeiro, a meu ver, Amor dificilmente arrebatará mais de um Oscar, com justiça reservado a Emmanuelle Riva.
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