Aproveito o feriado para rever três filmes com a atriz sueca Greta Garbo: Mata Hari, A Dama das Camélias e Rainha Cristina. Este último é um dos meus filmes preferidos, que não titubearia em inserir entre os 20 de que mais gosto. Belíssimo do começo ao fim, é um dos precursores da cinematografia moderna, sobremaneira pelos movimentos de câmera, travellings e panorâmicas, incomuns à época, que lhe dão um dinâmica e um ritmo narrativo que nos envolve e seduz. Rouben Mamoulian é quem dirige.
A película tem dois momentos formalmente soberbos: o close-up de Garbo, na amurada do navio, o olhar perdido no horizonte, na cena final, sobre o qual escrevi neste espaço há algum tempo, e uma cena pela metade do filme absolutamente desconcertante: depois de fazer amor com o amante espanhol, numa estalagem, Garbo olha atentamente em redor e acaricia os móveis. Quando ele lhe pergunta o que está fazendo, ela responde que está se preparando para guardar o quarto na lembrança. De arrepiar. Uma das cenas de amor mais bonitas do cinema.
Todos nós, homens e mulheres, cedo ou tarde, guardamos na lembrança os detalhes do espaço que nos viu amantes e realizados, quando, por força do destino, é impossível levar o amor adiante. Como no poema de Drummond, fica sempre um pouco, o quadro da parede, o bom gosto do lustre, o cabide ao lado da cama, a ambientação do quarto, enfim... Mas sobretudo, fica a expressão do outro, o tom da voz, o dedilhar do carinho, o cheiro da pele... Fica sempre um pouco, quando o amor acaba.
O filme de Mamoulian, um armeno-americano que deixara a ópera pelo cinema, além de sua beleza enquanto obra de arte, pontua algumas curiosidades interessantes: a atriz sueca, à época, em termos contratuais, escolhia do diretor ao figurinista dos filmes de que participava. Para o papel do amante, por exemplo, preteriu ninguém menos que Laurence Olivier, em favor de John Gilbert, que se entregara ao álcool em função do seu fracasso no cinema falado. Durante uma cena de beijo, Garbo manda que cortem a filmagem, determinando menos envolvimento do ator. A atriz, como Marlene Dietrich, outra deusa do cinema, era lésbica, embora capaz de enlouquecer os homens com a sua sensualidade.
A película tem dois momentos formalmente soberbos: o close-up de Garbo, na amurada do navio, o olhar perdido no horizonte, na cena final, sobre o qual escrevi neste espaço há algum tempo, e uma cena pela metade do filme absolutamente desconcertante: depois de fazer amor com o amante espanhol, numa estalagem, Garbo olha atentamente em redor e acaricia os móveis. Quando ele lhe pergunta o que está fazendo, ela responde que está se preparando para guardar o quarto na lembrança. De arrepiar. Uma das cenas de amor mais bonitas do cinema.
Todos nós, homens e mulheres, cedo ou tarde, guardamos na lembrança os detalhes do espaço que nos viu amantes e realizados, quando, por força do destino, é impossível levar o amor adiante. Como no poema de Drummond, fica sempre um pouco, o quadro da parede, o bom gosto do lustre, o cabide ao lado da cama, a ambientação do quarto, enfim... Mas sobretudo, fica a expressão do outro, o tom da voz, o dedilhar do carinho, o cheiro da pele... Fica sempre um pouco, quando o amor acaba.
O filme de Mamoulian, um armeno-americano que deixara a ópera pelo cinema, além de sua beleza enquanto obra de arte, pontua algumas curiosidades interessantes: a atriz sueca, à época, em termos contratuais, escolhia do diretor ao figurinista dos filmes de que participava. Para o papel do amante, por exemplo, preteriu ninguém menos que Laurence Olivier, em favor de John Gilbert, que se entregara ao álcool em função do seu fracasso no cinema falado. Durante uma cena de beijo, Garbo manda que cortem a filmagem, determinando menos envolvimento do ator. A atriz, como Marlene Dietrich, outra deusa do cinema, era lésbica, embora capaz de enlouquecer os homens com a sua sensualidade.
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