"Há duas tragédias na vida: uma não alcançar o que o nosso coração deseja; outra, alcançá-lo."
(G. B. Shaw, teatrólogo)
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(G. B. Shaw, teatrólogo)
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Amigo meu me telefona em pânico. Deu uma “saidinha” e a mulher grudou, não o deixa em paz. Inferniza a sua vida, diz ele. Faz ameaças, deixa mensagens diabólicas no celular e promete colocar o mundo por terra, se ele a abandonar. O homem está desesperado e não consegue mais - diz enfaticamente - sequer trabalhar. Não consigo conter o riso com a sua aflição, o que o deixa ainda mais transtornado. Desconverso, e tento administrar a situação, como é missão de todo amigo. Por que não faz isso? Já fez. E se... Não me deixa terminar, “não tem jeito, a mulher é maluca, meu irmão!” Tento conter o riso, outra vez. Vejo que a situação é mesmo complicada e me vem à mente aquele “clássico” do gênero assinado por Adrian Lyne: Atração Fatal.
Aliás, o filme teve uma repercussão danada, lembram? Muito marmanjo pensou duas vezes antes de, como meu amigo aflito, dar uma “saidinha” e pôr em risco a estabilidade do casamento e coisas que tais. Recordo que a obra foi muito criticada pelas mulheres, haja vista que coloca a personagem feminina (não me ocorre o nome) como vilã, embora o adúltero fosse o homem, interpretado pelo galã Michael Douglas. Ela, brilhantemente interpretada pela Gleen Close. A verdade é que esse tema tem sido recorrente na vida dos casais e atentamente explorado no cinema. O próprio Adrian Lyne, realizou um outro filme, Infidelidade, que tem Richard Gere no papel principal e me parece ter reeditado o sucesso de Atração Fatal.
A história é basicamente a mesma, apenas invertendo o papel do traidor. Agora é a mulher que dá uma saidinha e depara com um jovem (vendedor de livros, se não me engano) que passa a infernizá-la a partir daí. Chegou-se a afirmar que Lyne revelara-se um profundo conservador, uma vez que os dois filmes tratavam o tema da infidelidade como algo absolutamente desastroso para os envolvidos. Com efeito, num e noutro, Lyne apresenta desfechos profundamente trágicos. Sem querer entrar no mérito da questão, lembro que uma escritora gaúcha chegou a escrever sobre a matéria, chamando a atenção para o fato de que a infidelidade não pode ser discutida como um problema de amor, dizia, mas como algo que deve ser discutido na perspectiva dos desejos humanos, de homens e mulheres indistintamente.
Tudo bem. O tema é mesmo polêmico e ainda delicado para os padrões atuais. Mas acho que a cronista gaúcha tem mesmo razão. Certo ou errado, compreensível ou indefensável, o fato é que os filmes de Lyne exploram com superficialidade o problema. Homens e mulheres sentimos, indiferentemente, a necessidade de exercer o poder de sedução e, não raro, cedo ou tarde alguém vai aparecer como a terceira personagem desse teatro a dois, conduzindo no objetivo de suas ações, a um tempo, as forças contraditórias do delírio e da razão. Li há muito tempo o que professava a cronista sobre o assunto, mas guardei o conteúdo que, em síntese, era mais ou menos o seguinte: se o cineasta abordasse com maior profundidade o tema, mostraria a rebeldia de todo coração, falaria que todos estamos sujeitos, um dia, a dizer sim ao desconhecido - e que as conseqüências disso nem sempre serão trágicas como se viu nos filmes. Sei, não. A única coisa que me preocupa, agora, é saber como o amigo do telefonema vai se sair dessa. Oxalá, tudo termine bem.
Aliás, o filme teve uma repercussão danada, lembram? Muito marmanjo pensou duas vezes antes de, como meu amigo aflito, dar uma “saidinha” e pôr em risco a estabilidade do casamento e coisas que tais. Recordo que a obra foi muito criticada pelas mulheres, haja vista que coloca a personagem feminina (não me ocorre o nome) como vilã, embora o adúltero fosse o homem, interpretado pelo galã Michael Douglas. Ela, brilhantemente interpretada pela Gleen Close. A verdade é que esse tema tem sido recorrente na vida dos casais e atentamente explorado no cinema. O próprio Adrian Lyne, realizou um outro filme, Infidelidade, que tem Richard Gere no papel principal e me parece ter reeditado o sucesso de Atração Fatal.
A história é basicamente a mesma, apenas invertendo o papel do traidor. Agora é a mulher que dá uma saidinha e depara com um jovem (vendedor de livros, se não me engano) que passa a infernizá-la a partir daí. Chegou-se a afirmar que Lyne revelara-se um profundo conservador, uma vez que os dois filmes tratavam o tema da infidelidade como algo absolutamente desastroso para os envolvidos. Com efeito, num e noutro, Lyne apresenta desfechos profundamente trágicos. Sem querer entrar no mérito da questão, lembro que uma escritora gaúcha chegou a escrever sobre a matéria, chamando a atenção para o fato de que a infidelidade não pode ser discutida como um problema de amor, dizia, mas como algo que deve ser discutido na perspectiva dos desejos humanos, de homens e mulheres indistintamente.
Tudo bem. O tema é mesmo polêmico e ainda delicado para os padrões atuais. Mas acho que a cronista gaúcha tem mesmo razão. Certo ou errado, compreensível ou indefensável, o fato é que os filmes de Lyne exploram com superficialidade o problema. Homens e mulheres sentimos, indiferentemente, a necessidade de exercer o poder de sedução e, não raro, cedo ou tarde alguém vai aparecer como a terceira personagem desse teatro a dois, conduzindo no objetivo de suas ações, a um tempo, as forças contraditórias do delírio e da razão. Li há muito tempo o que professava a cronista sobre o assunto, mas guardei o conteúdo que, em síntese, era mais ou menos o seguinte: se o cineasta abordasse com maior profundidade o tema, mostraria a rebeldia de todo coração, falaria que todos estamos sujeitos, um dia, a dizer sim ao desconhecido - e que as conseqüências disso nem sempre serão trágicas como se viu nos filmes. Sei, não. A única coisa que me preocupa, agora, é saber como o amigo do telefonema vai se sair dessa. Oxalá, tudo termine bem.
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