"É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja."
(Balzac – 1789-1850)
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(Balzac – 1789-1850)
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Esta semana revi em DVD, numa versão aumentada em meia hora em relação ao filme de 1984, Amadeus, de Milos Forman. Considero-o um dos melhores da história do cinema. E confesso: a película me impressiona menos pelo que narra da vida de um dos gênios da música clássica - no que já é perfeito enquanto arte-, e mais pelo que traz como crítica a um dos mais graves defeitos do homem, a inveja. É dela que se originam os maiores males da sociedade em todos os tempos. Hoje, então. A propósito do que quero colocar em evidência, lembro a cena da morte de Mozart, quando Salieri copia o Réquiem a partir do que lhe dita o grande compositor.
Comenta-se, por sinal, que é pura ficção, uma vez que Salieri jamais esteve presente no momento da morte de Mozart. Não importa. É esta a razão por que o filme me parece muito maior do que a verdade histórica que supostamente deveria narrar. Ali, vê-se o homem tomado desse sentimento nefasto, devastado pelo desejo frustrado de ser o outro, de possuir o seu talento, as suas habilidades artísticas e o seu status de músico genial. Sabe-se que Antonio Salieri, interpretado à perfeição por Murray Abraham, não era um artista desprezível e que gozava de considerável prestígio à época, muito maior do que o próprio Mozart, cuja genialidade apenas ele, Salieri, reconhecia com exatidão. Compôs grandes peças, entre as quais sobressaem cantatas, árias, obras orquestrais e de câmara. Foi professor de ninguém menos que Beethoven, Schubert e Liszt. Então, o que justifica que se deixasse guiar por esse sentimento tão negativo? É que o invejoso “esquece” o seu status, o seu prestígio, as suas conquistas, as suas bênçãos pessoais e não se conforma com o fato de não poder ser o outro.
Atribui-se a Gore Vidal uma frase contundente sobre o tema: “O sucesso não me basta. Preciso que os outros fracassem”. Se procede ou não a autoria do que está dito, parece-me desimportante. A frase vale pelo que diz da monstruosidade do invejoso. Mais uma vez ressalto: também o filme de Forman é extraordinário não pelo que tem de verdadeiro sobre Wolfgang Amadeus Mozart, posto que há um descompasso entre a realidade e a ficção. O que sobressai, ao meu olhar, é a forma como aborda um dos desvios de personalidade mais cruéis. Isso, tomando por base uma sociedade muito menos competitiva que a nossa, uma vez que o filme se passa no século XVIII. Que dirá nos tempos de hoje, em que o homem anda cego de cobiça, respira desejos de riqueza e poder mais que o próprio ar?
A inveja está, como se sabe, entre os sete pecados capitais, relação de ensinamentos com que a Igreja Católica tenta proteger o homem das tentações que o infernizam. É valor de idéia, portanto ressente-se de um significado sagrado. Aparece ao lado da Arrogância, da Ira, da Preguiça, da Avareza, da Gula e da Luxúria. Ideologia à parte, com uma ou outra restrição, esses pecados são mesmo imperdoáveis e vêm tornando a vida humana não raro insuportável. Mas é a Inveja o pior de todos.
Comenta-se, por sinal, que é pura ficção, uma vez que Salieri jamais esteve presente no momento da morte de Mozart. Não importa. É esta a razão por que o filme me parece muito maior do que a verdade histórica que supostamente deveria narrar. Ali, vê-se o homem tomado desse sentimento nefasto, devastado pelo desejo frustrado de ser o outro, de possuir o seu talento, as suas habilidades artísticas e o seu status de músico genial. Sabe-se que Antonio Salieri, interpretado à perfeição por Murray Abraham, não era um artista desprezível e que gozava de considerável prestígio à época, muito maior do que o próprio Mozart, cuja genialidade apenas ele, Salieri, reconhecia com exatidão. Compôs grandes peças, entre as quais sobressaem cantatas, árias, obras orquestrais e de câmara. Foi professor de ninguém menos que Beethoven, Schubert e Liszt. Então, o que justifica que se deixasse guiar por esse sentimento tão negativo? É que o invejoso “esquece” o seu status, o seu prestígio, as suas conquistas, as suas bênçãos pessoais e não se conforma com o fato de não poder ser o outro.
Atribui-se a Gore Vidal uma frase contundente sobre o tema: “O sucesso não me basta. Preciso que os outros fracassem”. Se procede ou não a autoria do que está dito, parece-me desimportante. A frase vale pelo que diz da monstruosidade do invejoso. Mais uma vez ressalto: também o filme de Forman é extraordinário não pelo que tem de verdadeiro sobre Wolfgang Amadeus Mozart, posto que há um descompasso entre a realidade e a ficção. O que sobressai, ao meu olhar, é a forma como aborda um dos desvios de personalidade mais cruéis. Isso, tomando por base uma sociedade muito menos competitiva que a nossa, uma vez que o filme se passa no século XVIII. Que dirá nos tempos de hoje, em que o homem anda cego de cobiça, respira desejos de riqueza e poder mais que o próprio ar?
A inveja está, como se sabe, entre os sete pecados capitais, relação de ensinamentos com que a Igreja Católica tenta proteger o homem das tentações que o infernizam. É valor de idéia, portanto ressente-se de um significado sagrado. Aparece ao lado da Arrogância, da Ira, da Preguiça, da Avareza, da Gula e da Luxúria. Ideologia à parte, com uma ou outra restrição, esses pecados são mesmo imperdoáveis e vêm tornando a vida humana não raro insuportável. Mas é a Inveja o pior de todos.
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